Dirceu Ayres
O apagão aéreo voltou. Durante toda a história da aviação brasileira nunca aconteceu o que está ocorrendo nos últimos meses e até ano. Não há qualquer informação sobre as razões pelas quais computadores entraram em pane com tanta freqüência. Tudo muito misterioso. E o mistério cresce mais depois que a turma desses políticos que estão no poder decidiu desmilitarizar o setor. Não sei se existe Sindicato ou A CUT articulando os controladores civis. Há uma movimentação no sentido de retirar o controle dos vôos das mãos da Aeronáutica, como aconteceu agora na Argentina com a entrada em vigor do decreto de desmilitarização daquele setor por lá. Neste domingo o jornal Clarin divulgou pesquisa mostrando que os argentinos agora estão com medo de viajar de avião. Também lá, como aqui existe uma incrível coincidência, não? Estão ocorrendo os apagões aéreos na Argentina também. Embora eu não entenda muito do assunto a razão me leva a crer que no Brasil, pelo menos, não existe nenhuma outra organização, que não a Aeronáutica, com competência e capacidade de gerir com segurança este setor do transporte aéreo. Por trás da desmilitarização devem girar inúmeros interesses e, com toda a certeza, vêm por aí fraudes, picaretagens, licitações fraudulentas, terceirização de cursos de controladores de vôos com empresas dos amigos do governo. Enfim, toda a desgraça possível é imaginável em decorrência do turbilhão de escândalos que tem marcado os governos atuais. Faltava apenas submeter o transporte aéreo a um vôo cego por conta de interesses que só podem ser escusos, difícil de entender.O governo, que na campanha eleitoral bradava contra as privatizações, passa a implantá-las justamente num setor que, por enquanto necessita, sim, da competência e da especialidade da Aeronáutica. Este episódio dos controladores de vôo é emblemático na dramática situação em que chafurda o país e que esgarça o tecido social já brutalizado pela violência impune, acobertada pelos arautos dos direitos humanos invocados indevidamente em favor dos criminosos.
Ninguém fala nada. Ninguém dá um pio, nem mesmo a própria Aeronáutica. Além disso, a grande mídia não aprofunda as reportagens sobre esta funesta ocorrência do apagão aéreo. Há, ao que parece, por trás de tudo isso, a movimentação sorrateira de um lobby poderoso e avassalador. Estamos assistindo passivamente a desestruturação de todas as instituições do Estado brasileiro, dentre elas as Forças Armadas, as quais, por suas características e destinação, são o derradeiro bastão da ordem e da disciplina. A infra-estrutura aérea é totalmente vira-lata. A vontade do governo de resolver o problema é do tamanho do um pinscher. As companhias aéreas tratam os passageiros como cachorros. E agora, a culpa é toda do cão que invadiu a pista do aeroporto de Congonhas. Vão dizer mesmo que a culpa foi de um Apacão (Apagão) aéreo. Acabei de ouvir No noticiário que o cachorro que entrou na pista passou por um buraco na cerca. Bom, não resolvemos o problema da aviação mas pelo menos já sabemos aonde está o buraco.
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