Dirceu Ayres
Professores da Apeoesp queimando livros em 2010. Ontem eles arrancaram a promessa de implantação do kit gay em São Paulo, se Haddad vencer. Pivô de embates com José Serra (PSDB) na eleição presidencial de 2010, a Apeoesp, sindicato dos professores da rede estadual, embarcou na campanha de Fernando Haddad (PT) a prefeito de São Paulo.A entidade abriu sua sede em Santana (zona norte) na quinta-feira para um ato do diretório petista, no qual o pré-candidato discursou. Dirigentes do sindicato tiveram uma reunião reservada com o petista, na qual prometeram ajudá-lo. A Apeoesp marcou paralisação de toda a categoria para o próximo dia 20, data em que ameaça decretar greve em protesto contra o governo Geraldo Alckmin (PSDB). Em 2010, o sindicato iniciou uma greve em março, às vésperas de Serra deixar o governo do Estado para disputar a Presidência. A secretária de formação Nilcéa Fleury disse à Folha que a entidade é "suprapartidária", mas tem "muita simpatia" pelo petista, que foi ministro da Educação nos governos Lula e Dilma Rousseff. Ela negou relação entre a possível greve e a corrida municipal. "Não tem nada a ver. No Brasil tem eleição a cada dois anos. Quase todo ano é ano eleitoral." A APEOESP quer o kit-gay de volta. Fontes informam que Haddad prometeu a elas, no encontro fechado de ontem, que vai implantar em São Paulo, se for eleito. Vejam abaixo a posição da entidade sobre o tema, publicada em 27 de maio de 2011 e referendada ontem. NOTA KIT GAY MOVIMENTO LGBTT-APEOESP Nos irmanamos àquelas e aqueles que sentem-se traídos e se indignam com os últimos acontecimentos envolvendo a presidência do Brasil e a luta por justiça social. Não nos furtamos no passado e não nos furtaremos agora de expressar o nosso mais profundo repúdio a essa linha política adotada pela presidência da república e corroborada pelos partidos e instituições que lhe dão sustentação. Mais uma máscara caiu! Agora, apenas os hipócritas e mal intencionados não são capazes – OU TEM A CORAGEM – de admitir a verdadeira natureza desse governo: DEMAGÓGICO, PERNICIOSO E CONSERVADOR. E nesse ínterim ele se iguala às esferas estaduais e municipais. Não é possível hoje distinguir entre o que propõe a burguesia reacionária e o que propõe o governo federal. De acordo com nossos princípios políticos, um material de combate à discriminação e ao preconceito de gênero (homofóbico, lesbofóbico, transfóbico, etc.) deveria ser elaborado a partir e com a contribuição dos professores e de toda a comunidade escolar, não a partir de um grupo seleto que “pensou para…”. Ainda assim, tendo em vista a mobilização dos conservadores e os gastos públicos envolvidos na produção e confecção do chamado “kit-gay”, julgamos oportuno que a questão fosse discutida nas escolas e que estas se apropriassem da discussão que vai muito além da mera distribuição deste kit. Isto é, este material poderia se converter em uma real iniciativa de combate à estupidez, opressão e injustiças impingidas aos/às jovens nas escolas brasileiras. Mais uma vez fica claro que o atrelamento ao governo não é benéfico à luta e ao movimento LGBTT; que a institucionalização (burocratização) excessiva é perniciosa. Façamos de mais este ato vergonhoso do governo federal a matéria-prima para novas iniciativas de uma militância verdadeiramente combativa e livre. Que comecemos nós mesmos a produzir e multiplicar materiais diversos e trazer a discussão para dentro das escolas, dos locais de trabalho, dos sindicatos, dos locais onde nossa vida realmente acontece. Para além dos subterrâneos onde viceja uma infinidade de igrejas que parecem mais um “mercado negro de ações”, direcionemos os nossos passos para um mundo fora das cavernas, porões, calabouços e gabinetes. Secretaria LGBTT / APEOESP – Subsede Sul / Santo Amaro