quarta-feira, 2 de março de 2011

POETA DA AMARGURA

       DIRCEU AYRES
O verso que eu faço é forte
Estória que em mim encerra
Comigo não existe a guerra.
De ancestrais tenho a sorte,
Herdei muita inteligência
Um jeito, um verso, paciência,
Literatura, que é uma ciência
Na burrice eu dou um corte.

Morei na zona da mata,
No sertão, no Litoral;
Comendo angu com mingau;
De meus versos nada escapa.
Minha escrita, sempre assim!
Eu me chamo é Dirceu Ayres,
Não sou de Buenos Aires
E essa cultura vem de mim.


Lembro-me certo parente
Meu coração, descompassa
Coragem que não fracassa,
Nem estando assim doente.
Numa fração d’um segundo
Dou grito de liberdade,
Saio sem deixar saudade,
Levo sentimento profundo.


Como um Vate improvisado
Meu verso vai virar mundo
Num instante, num segundo
Vai longe, distante e danado.
Aqui nasci, fui criado
Nessas terras de Alagoas!
Meu grito que aqui entoa
Vem de um Pai magoado.


Menino, eu muito lutei
Contra fome e a pobreza!
Muitos dias com fraqueza
Que sempre me revoltei.
Dor que trás a malvadeza
Com precisão enxerguei,
Enxergo com mais clareza!
Tudo aquilo que passei.


Eu enfrento até um Trem
De pólvora, bem carregado!
Correndo a cem, disparado,
Comigo não tem ninguém.
Prá ganhar pouco dinheiro,
Nesse estado sou mais um
Considerado bem comum,
Nesse Rincão Brasileiro.


Minha saúde, foi embora;
A perna sai do compasso,
Eu sinto grande cansaço
Dessa gente, que é caipora.
Com força, vinda da poesia
Que tenho sem estardalhaço
Não vou pensar em fiasco
Vou virar homem de aço.


D-irei sempre o que é correto
I-rei estudar sempre a fundo
R-ezarei, prá todo mundo,
C-erei sempre um guia certo
E-vitarei como pensar sofrido
U-m homem certo e destemido.


A-ceitarei, venturas, desventuras
Y-ayá minha mãe estará perto
R-esponderei para ela tudo certo,
E - sairei desse mundo de amargura
S - em levar mágoa, levarei doçura.

Nenhum comentário:

Postar um comentário