Dirceu Ayres
Em 1775, na cidade de Meissen, Alemanha, nasceu Samuel Friedrich Christian Hahnemann, o fundador da Homeopatia. Menino de origem humilde conseguiu se formar em medicina na cidade de Leipzig, onde alguns autores dizem ter nascido. Dedicou-se ao tratamento de doentes com a certeza de que aquela era a sua vocação. No entanto, por mais que fizesse a coisa certa, por várias vezes Hahnemann sentia o gosto do fracasso, não por incapacidade, mas porque os métodos usados na época eram bastante primitivos e sem embasamento científico. Assim acaba por abandonar a medicina 1787 e passa a viver de traduções de obras científicas. Então, em 1790, estava traduzindo o livro “Matéria Médica”, de um conceituado médico escocês, Dr. Cullen quando leu que este médico tinha sucesso ao tratar a malária com cascas de quina. Ora, a malária tem como principal característica uma febre alta de “queimação”. O próprio Hahnemann já havia passado por esta situação e o que conseguira fora uma gastrite. Porém, conhecendo a seriedade do Dr. Cullen, Hahnemann quis experimentar novamente a planta e mais uma vez observou a ardência no estômago. Imediatamente concluiu: “substâncias que provocam uma espécie de febre cortam as diversas variedades de febre intermitente” ou seja, “a febre cura a febre”. Esta idéia não era novidade para Hahnemann, pois já havia visto algo parecido citado por Hipócrates, como o Princípio da Similitude, onde se curava “o mal com o mal”. Porém foi Samuel Hahnemann que desenvolveu esta idéia na prática, passando a experimentar ele mesmo e alguns de seus amigos e familiares, as mais variadas substâncias das quais foram observados e anotados todos os efeitos produzidos no organismo. Mais tarde, deu início ao seu método aplicando àquelas substâncias em doentes que apresentaram os mesmos sinais estudados. Com enorme sucesso na nova prática médica que chamou de Homeopatia – que significa semelhante a doença. Paralelamente às experimentações, Hahnemann percebia nas pessoas uma certa resistência, ou ao contrário, muita facilidade em contrair doenças. Escreveu que as pessoas possuíam uma vitalidade, uma força animando o corpo vivo, que quando em perfeito estado de saúde, funcionava em admirável harmonia, como uma orquestra tocada pelos maiores gênios da música. Como aceitar que um médico, ao tentar o caminho da cura, quisesse separar a “orquestra”, ou seja, fragmentar o corpo em fígado, coração, cabeça, etc, achando este o procedimento mais adequado? Hahnemann achava que aquele poder que mantinha o bem estar do indivíduo, era também responsável pelo seu desequilíbrio e ainda o caminho para a cura. A este “maestro” Hahnemann chamou de energia vital, ou força vital. Sem ela não há vida. É uma força dinâmica, em movimento, que faz com que cada músico toque seu instrumento em perfeita harmonia com o restante da orquestra. Mantém os órgãos em perfeito funcionamento, o que se chama de saúde. E, quando este equilíbrio é abalado por influências negativas de qualquer natureza, fortes o bastante para produzir sintomas mórbidos a nível de corpo ou mente, está estabelecida a Doença. Para reequilibrar-se a força vital necessita de um estímulo apropriado que é o remédio homeopático. Segundo Samuel Hahnemann, são 4 os princípios fundamentais da Homeopatia: 1. LEI DOS SEMELHANTES: Uma idéia bastante antiga, muitos séculos antes de Hahnemann, já se falava desta teoria. Hipócrates, o pai “pai da Medicina”, já tentava a cura dos males com semelhantes. Associava-se o formato, cor, etc., e principalmente a intuição às características da doença, na tentativa de curá-la. Foi Hahnemann, porém, que desenvolveu bases para a utilização da Lei dos Semelhantes com métodos científicos. Como já vimos, ele experimentava as substâncias, anotava os efeitos despertados no organismo e passava a utilizar as mesmas em doentes com sintomas semelhantes aos observados no estudo. 2. EXPERIMENTAÇÃO NO HOMEM SÃO: Aos invés de testar as drogas em animais ou em teste laboratoriais, Hahnemann selecionou voluntários em perfeita saúde (para não haver interferência de outras doenças já existentes) para experimentar as substância e descrever com precisão os sintomas (inclusive os mentais) obtendo assim o “retrato” de cada medicamento. 3. DOSE MÍNIMA: Sabendo do perigo do uso de grandes quantidades de plantas tóxicas e venenos, Hahnemann preferiu usar sempre doses bem pequenas de medicamentos, para que somente o efeito benéfico aparecesse durante o tratamento. 4. REMÉDIO ÚNICO: Hahnemann e seus voluntários experimentavam uma droga de cada vez, para não mascarar seus efeitos no organismo sadio. Ele não admitia que no processo curativo o médico misturasse duas ou mais substâncias ao mesmo tempo, pois achava que o resultado era imprevisível, uma vez que o doente já estava bastante enfraquecido pela doença em si. Envolvido pela teoria da Energia Vital, Hahnemann achava que o seu método ainda não estava completo, faltava um componente dinâmico, que combinasse com a sua idéia de movimento. Sempre atento aos detalhes do tratamento dos seus pacientes, notou que, quanto mais afastado ficava o domicílio dos enfermos, mais rápidos e eficazes se mostravam os medicamentos. Qual a ligação entre a distância e a eficácia dos remédios homeopáticos? A única diferença entre o medicamento do doente que residia próximo para o medicamento do doente que residia distante, era o sacolejo que os remédios sofriam devido ao galope do cavalo durante o trajeto. Com sua conhecida inteligência, Hahnemann aperfeiçoou esta teoria e criou a Dinamização, método obrigatório na preparação do medicamento homeopático, pois uma vez que todo o processo de Saúde, Doença e Cura é dinâmico, o remédio homeopático também deveria sê-lo. Assim toda vez que o remédio homeopático é preparado, ele passa pela dinamização, ou seja, diluições seguidas de 100 sucussões (batidas fortes e ritmadas) para despertar a energia contida na substância presente. Continuando com seu brilhante trabalho até o final de seus dias, Samuel Hahnemann esforçou-se em atender as necessidades dos doentes que o procuravam, e, à medida que seu sucesso se espalhava pelos países próximos, crescia também a ira dos colegas incompetentes. Hahnemann curou muitos doentes até morrer de velhice aos 88 anos, deixando 11 filhos de 2 casamentos, mas deixou esta maravilhosa lição de vida que foi rapidamente difundida para outros continentes e chegou até os dias de hoje comprovando a sua eficácia. Em 1995 a Homeopatia completou 200 anos.
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