terça-feira, 26 de julho de 2011

AMIGA DE GLEISI E BERNARDO AGIU COMO LOBISTA DO DNIT.

  Dirceu Ayres

Franklin de Freitas/Folha No exercício do cargo público, a autoridade achega-se à perfeição quando percebe o valor da solidão da presença –numerosa e invisível— do amigo contribuinte. Inversamente, o pior tipo de solidão é a companhia do amigo com interesses a defender junto ao Estado. É o caso da consultora Teresinha Nerone, amiga do casal de ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Contratada pela prefeitura da cidade paranaense de Maringá, Teresinha moveu-se na estrutura conspurcada dos Transportes para obter verbas para uma obra. Graças ao repórter Rebens Valente, os movimentos de Teresinha foram à manchete. A obra em questão é cara aos paranaenses Bernardo e Gleisi: o anel viário de Maringá. A verba saiu. E o empreendimento tornou-se caro também para o Dnit. Ao escavar os borderôs do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o TCU içou um sobre preço de R$ 10,5 milhões. Nos subterrâneos da crise, Luiz Antonio Pagot, o mandachuva pêérre do Dnit, disse que cumpria ordens de Bernardo, então no Planejamento, ao liberar as verbas de Maringá. Pagot insinuou que, no Paraná, Gleisi acompanhava a obra, tocada pela Sanches Tripoloni, empreiteira que doou R$ 510 mil à vitoriosa campanha dela ao Senado. Sob refletores, como que esperançoso de segurar-se no cargo, Pagot serviu refresco a Bernardo e Gleisi em depoimentos no Senado e na Câmara. Valente em privado, Pagot soou pianíssimo em público. Fustigado, negou que houvesse ameaçado os ministros petistas. É contra esse pano de fundo que vem impressa a notícia sobre a proximidade do casal ministerial com a consultora-lobista de Maringá. Teresinha jacta-se da proximidade. Em outubro de 2009, pendurou no twitter: “Na praia, tomando vinho” com Gleisi e Paulo Bernardo. Inquirido pelo repórter sobre a combinação de amizade, praia e vinho, Bernardo abespinhou-se: "Não é da sua conta." No ano passado, Teresinha organizou evento com 1.200 pessoas para que Gleisi lançasse sua campanha de senadora. Onde? Em Maringá. As duas trocam presentes. "São amigas e, como tal, se encontram em algumas ocasiões”, admitiu a assessorial de Gleisi. Presentes? “Em datas especiais, como Natal e aniversário", disseram os assessores. E Bernardo: "Não que eu saiba." Bernardo e Gleisi negam ter acionado a própria influência em benefício do empreendimento paranaense. Dizem que não trataram do tema com a amiga Teresinha. Como se vê, é nos momentos de crise que a máxima se revela mais útil: No exercício do cargo público, a autoridade achega-se à perfeição quando percebe o valor da solidão da presença –numerosa e invisível— do amigo contribuinte. Escrito por Josias de Souza

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