sábado, 26 de novembro de 2011

Em evento na Bahia, ministro das Cidades chora ao receber apoio


   Dirceu Ayres

Do UOL Notícias*, em São Paulo Políticos ignoram técnicos e manobram para emplacar trem bilionário em Cuiabá Governo do MT esconde estudo que enfraquece projeto de trem bilionário Após reportagem do UOL, governo federal pede que MT explique escolha do VLT Previsão do custo das obras de mobilidade em cidades da Copa aumenta em R$ 1.600.000.000 O ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), chorou na manhã desta sexta-feira (25), em Salvador, durante um evento que anunciou a segunda etapa do Programa Minha Casa, Minha Vida na Bahia. A cúpula da pasta é acusada de modificar um relatório para aprovar uma obra bilionária em Cuiabá para a Copa do Mundo de 2014.O ministro recebeu apoio público nos discursos do presidente da Assembleia, Marcelo Nilo (PDT), e do presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Luiz Caetano (PT). "Obrigado pela solidariedade. Fique certo que eu jamais irei decepcionar os amigos, o povo da Bahia ou meus familiares", afirmou Negromonte. De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, funcionários do Ministério das Cidades alteraram uma nota técnica que sugeria descartar o VLT, que custaria R$ 1,2 bilhão. O ministro admitiu que pediu a alteração do parecer, mas reforçou que ele não tinha sido aprovado pela equipe técnica da pasta e era uma opinião do analista Higor Guerra. As obras de ônibus custariam R$ 489 milhões, ou cerca de R$ 700 milhões a menos que o VLT.Ontem, a diretora de Mobilidade Urbana do ministério, Luiza Gomide, defendeu a mudança e afirmou que as suspeitas de fraude no processo surgiram graças a uma nota técnica indevida.Confira trechos da reunião entre os assessores do ministério Segundo o jornal, a mudança foi feita por pressão da cúpula da pasta, contrariando um parecer técnico que desaprovava o VLT. Ainda segundo a publicação, Gomide refez o parecer a pedido de Cassio Vianna, chefe de gabinete do ministro. A diretora alegou, em entrevista coletiva no final da tarde de ontem, que o técnico responsável pelo parecer contrário ao VLT, Higor Guerra, incluiu uma análise “cheia de achismos e adjetivos” no projeto. Chamado a revisar o texto, ele não teria concordado com alterações. “Não é a primeira vez que revisamos pareceres”, disse Gomide. “A nota técnica dele não representa a análise da diretoria. Era uma opinião particular dele. Ele chegou a conclusões equivocadas, sob o meu ponto de vista. O ministério nunca mudou de posição, até porque os gastos adicionais seriam feitos pelo governo do Estado." Gomide afirmou ainda que o ministério aceitou o projeto do VLT “depois de uma série de reuniões”, embora até meados deste ano não cogitasse empreendimentos desse tipo. “Eles nos convenceram de que o pleito deles era passível de aprovação”, afirmou. Ela disse que a nota técnica de Guerra estava “repleta de achismos” porque exigia do governo estadual “uma série de cenários para provar a viabilidade do modal”. “Achamos que dois cenários estava bom.” Gomide afirmou que o projeto “nunca saiu da mesa” e que foi vazado indevidamente à imprensa. Questionada sobre se o técnico teria feito isso, ela respondeu: “Houve uma quebra de confiança”. Uma sindicância foi instalada para saber como a nota técnica foi incluída no projeto e quem a divulgou. O contrato para construção do VLT em Cuiabá ainda não foi assinado. Gomide afirmou que o trâmite normal para uma obra desse porte deve acontecer, apesar da acusação. “A Copa é uma vitrine. Por isso que há essa publicidade toda”, disse. “Isso é tudo uma grande fantasia.” Gomide trabalha como diretora dessa área desde o início do ano e Higor Guerra faz análises de infraestrutura na pasta há três anos. Ministério Público Federal vai investigar O Ministério Público Federal no DF instaurou nesta quinta-feira uma investigação para apurar as acusações. “O objetivo é averiguar eventual prática de improbidade administrativa por gestores da pasta, que teriam fraudado nota técnica do órgão para aprovar mudança no projeto de mobilidade urbana em Cuiabá (MT)”, justifica o Ministério Público em nota. O MPF-DF informou que possui duas notas técnicas com pareceres contra e a favor da mudança do projeto e a apuração poderá comprovar se houve prática de improbidade administrativa por gestores do ministério. A repercussão da mudança de projetos também será analisada pela Procuradoria da República em Mato Grosso. *Com informações de Maurício Savarese, em Brasília

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