segunda-feira, 28 de novembro de 2011

LUPI, O VÍCIO DA MAMATA.


    Dirceu Ayres

Lupi, antes, era funcionário fantasma. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, foi funcionário-fantasma da Câmara dos Deputados por quase seis anos. Ele ficou pendurado na folha de pagamento da Casa, com lotação na liderança do PDT, de dezembro de 2000 a junho de 2006. No período, ele exercia atividades partidárias, como vice e presidente da sigla. A Folha ouviu assessores, deputados e ex-deputados do PDT. Os funcionários do partido em Brasília, que pediram para não ser identificados, confirmaram que Lupi não aparecia no gabinete da Câmara e se dedicava exclusivamente a tarefas partidárias. Os parlamentares, entre eles ex-líderes da bancada do partido, disseram que nunca tinham ouvido falar que o hoje ministro fora contratado pela Câmara nesse período. Lupi ocupava um CNE (Cargo de Natureza Especial) e recebia o maior salário pago a um assessor da sigla. Um cargo igual a esse paga hoje em dia R$ 12 mil por mês, o que daria R$ 864 mil no período em que Lupi ocupou a vaga. As normas da Câmara dizem que ocupantes desses cargos devem exercer funções técnicas de auxílio administrativo e precisam trabalhar nos gabinetes em Brasília. Até 2007, as regras diziam que esses funcionários deviam ser “encontrados” em Brasília. Uma nova norma baixada nesse ano proibiu expressamente que eles trabalhassem nos Estados. Lupi admite que morou no Rio entre 2000 e 2006. Alvo de acusações de irregularidades no Ministério do Trabalho e nome certo para deixar o governo Dilma Rousseff até janeiro, Lupi não faz referência ao cargo ocupado na Câmara nas biografias que publicou no site oficial do ministério e na página do PDT. Ele também não se licenciou do cargo quando decidiu concorrer ao Senado, em 2002. Apesar de a lei complementar 64/90 obrigar o afastamento três meses antes do pleito, a seção de recursos humanos da Câmara disse que Lupi não pediu licença. “O Lupi não tinha expediente [na liderança]. Ficava no Rio ou na sede do partido”, disse o ex-deputado Severiano Alves, líder da bancada do PDT em 2005 e 2006. “Ele ficava, geralmente, três dias em Brasília e o restante, no Rio. Quando estava em Brasília, ficava mais na sede do partido. Na liderança, passava muito rapidamente”, complementou Alves, que hoje está no PMDB. “Eu sei que foi funcionário do Senado. Na Câmara, não tenho certeza”, afirmou o deputado Bala Rocha (AP), pedetista desde 93. Lupi foi assessor no Senado a 99. Texto por Andreza Matais e Fernando Mello, na Folha: BLOG DO MARIO FORTES

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