Dirceu Ayres
A popularidade de Dilma Rousseff bateu novo recorde, chegando a 77% de aprovação, segundo o Ibope. Não dá mais para dourar a pílula. Num cenário como esse, só resta adotar a solução proposta certa vez pelo colunista Tutty Vasques: cadeia para a opinião pública. E cadeia por vadiagem. Os especialistas do instituto de pesquisa explicaram a principal causa do impressionante índice: a queda de ministros em série, como nunca antes na história deste país, foi entendida como uma ofensiva de Dilma contra a corrupção. Tudo bem que a opinião pública, distraída, não tenha notado Dilma correndo atrás do próprio rabo; Que não tenha se dado conta de que todos os esquemas podres emanavam do padrão Dilma/PT de ocupação fisiológica do Estado; Que não tenha atinado para o fato de que o modus operandi nos Transportes, no Turismo, nos Esportes, no Trabalho e em todos os outros ninhos parasitários vinha do governo Lula – onde a “coordenadora de todos os projetos” era ela mesma, a chefe da Casa Civil: Dilma Rousseff. Eleita presidente, o que fez Dilma? Partilhou seu governo entre esses mesmos donatários, seus velhos conhecidos. Tudo bem que a opinião pública, muito atarefada, não tenha visto nada disso. Curioso é que não tenha visto também figuras como Carlos Lupi, já afundadas na lama, sendo sustentadas publicamente pela dona dos 77%. “O passado passou, gente!”, tentou encerrar Dilma, quando o caso Lupi já estava exposto em toda a sua obscenidade – inclusive com flagrante fotográfico do ministro não-governamental. Lupi só caiu porque a Comissão de Ética da Presidência carimbou a palavra “suspeito” na sua testa. Dilma ainda tentava enquadrar a Comissão, quando surgiu a notícia de que seu protegido tivera duplo emprego público. Nota da redação: Lupi caiu, mas a rainha da faxina jurou de morte a Comissão de Ética (da qual nunca mais se ouviu falar). A mordaça foi providencial, porque o consultor Fernando Pimentel, por exemplo, continua tranquilo em sua vida vegetativa no ministério – sem nenhum carimbo na testa. Nota da redação (2): quem pagou a milionária consultoria fantasma de Pimentel foi o mesmo contratante da pesquisa consagradora para Dilma. Chega de impunidade: se a presidenta faxineira é inocente, cadeia para a opinião pública. A alternativa é seguir a recomendação eufórica do ex-presidente petista José Eduardo Dutra, comemorando os 77% de êxito do esquema com um brado poético: “Enfia o dedo e rasga!” Como se vê, o Brasil está em boas mãos. * Guilherme Fiuza, na Revista Época. BLOG DO MARIO FORTES
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