Dirceu Ayres
Velha conhecida – O escândalo envolvendo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e a Delta Construções não é o primeiro da história política nacional. É apenas mais um capítulo de uma epopeia criminosa sem fim, o que impede a imprensa brasileira de se mostrar indignada diante dos fatos. A cada novidade que surge no caso Cachoeira, veículos de imprensa e jornalistas exalam doses de indignação, como se não conhecessem os as entranhas do mundo político. O que esses escribas deveriam fazer ao longo dos anos, mas não fazem, é denunciar a bandalheira que marca a vida pública. E é com a consciência absolutamente tranquila que o ucho.info faz esse alerta, pois sempre afirmamos que política é negócio milionário e que o Congresso Nacional se transformara em um largo balcão de negócios. Durante quase onze anos de existência o ucho.info chamou a atenção para os custos das campanhas políticas, sempre escandalosamente superiores aos valores informados pelos candidatos à Justiça Eleitoral. Uma campanha à Câmara dos Deputados em um estado do Nordeste, por exemplo, custa, em média, R$ 50 por voto. Ou seja, um candidato que se elege com 150 mil votos, o que não é nenhum absurdo, terá investido R$ 7,5 milhões em três meses de campanha, enquanto seus ganhos salariais em quatro anos de mandato não ultrapassarão a marca de R$ 1,4 milhão. No âmbito do Senado Federal, uma campanha pelos mais importantes estados brasileiros, capaz de levar o candidato ao triunfo, não sai por menos de R$ 20 milhões. Para o mais alto cargo do País, o de presidente da República, uma campanha com chances de sucesso custa ao candidato por baixo perto de US$ 300 milhões, o que representa R$ 500 milhões. Na política não há inocentes, assim como quem investe em campanhas não tira o dinheiro do bolso por diletantismo ou patriotismo. Faz porque que mais adiante, cedo ou tarde, cobrará a contrapartida. O grande problema está na forma como se dá a cobrança e o suposto “pagamento”. Quando a sensação de impunidade fala mais alto, o político acaba se descuidando e torna-se alvo principal de um escândalo de corrupção. Muitos dos que foram escalados para compor a CPI do Cachoeira têm extensos telhados de vidro, o que deve fazer com que as investigações sejam rasas. De tal modo, a imprensa não pode passar à opinião pública essa falsa indignação, pois a bandidagem que marca a política é velha conhecida de todos. A diferença está no compromisso de alguns de sempre denunciar esse tipo de conluio criminoso entre os políticos e seus financiadores. E isso o ucho.info tem feito com reconhecida insistência. *Texto por Ucho.info BLOG DO MARIO FORTES
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