Dirceu Ayres
O candidato do PSDB a prefeito de São Paulo, José Serra, abriu ontem sua mais dura ofensiva contra o adversário Fernando Haddad, do PT. Ele criticou a presidente Dilma Rousseff por entrar na campanha e usou comerciais de TV para ligar o petista aos colegas de partido José Dirceu e Delúbio Soares, réus do mensalão, e ao ex-prefeito Paulo Maluf (PP), que o apóia. À noite, seu programa no horário eleitoral criticou a entrega do Ministério da Cultura a Marta Suplicy quatro dias depois de a senadora petista fazer a sua primeira aparição na campanha paulistana. Irritado, Haddad chamou Serra de mentiroso e disse que "daqui a pouco ele não vai poder circular pela cidade" por causa de seu alto índice de rejeição. A troca de insultos ocorreu no dia em que o Datafolha mostrou nova redução na diferença entre os dois, que oscilou de cinco para três pontos. Eles estão tecnicamente empatados e, se a eleição fosse hoje, disputariam vaga para enfrentar Celso Russomanno (PRB) no segundo turno. Em entrevista, Serra criticou Dilma por aparecer na propaganda de Haddad e dar um ministério a Marta. "Ela [Dilma] vem meter o bico em São Paulo, vem dizer para os paulistas como é que eles devem votar", disse. "Ela que mal conhece São Paulo vem aqui dar o seu palpite." Na TV, um comercial tucano mostrou Haddad ao lado de fotos de Dirceu, Delúbio e Maluf. "Sabe o que acontece quando você vota no PT? Você vota, ele volta", repetiu o narrador a cada personagem. Outra propaganda disse que Haddad chegou ao governo Lula pelas mãos de Dirceu e exibiu ato do então chefe da Casa Civil indicando o petista para posto no Ministério do Planejamento, em 2003. A propaganda não informa que a indicação para esse tipo de cargo era atribuição de rotina do titular da Casa Civil. O episódio pode ser comparado à indicação por Serra, quando ocupou a Prefeitura de São Paulo, de Hussein Aref Saab, ex-chefe de licenciamentos investigado por sua evolução patrimonial. O tucano disse que não o conhecia e que só cumpriu a rotina ao assinar o ato. No programa tucano, as referências ao mensalão sumiram, mas um ator disse que o PT "voltou a aprontar" com a nomeação de Marta. "Peraí: ministério como moeda de troca? E a gente paga a conta? São Paulo não é a casa da sogra pra ser usada assim." Os ataques de Serra nos comerciais levaram Haddad a acusá-lo de "confundir, iludir e desinformar" o eleitor. "Ele está batendo recordes atrás de recordes de rejeição. Daqui a pouco, não vai poder circular pela cidade", disse. "A baixeza de Serra é conhecida, e ele está pagando por isso. A população repudia o estilo dele de fazer política." O índice de rejeição do tucano subiu de 42% para 46%. Haddad disse ver "um pouco de desespero" no rival. "Não é só questão de decadência política. É um problema de estilo", disse. "Ele é useiro e vezeiro em baixar o nível. É da genética dele." Haddad ainda fez menção velada ao fato de Serra ter renunciado à prefeitura em 2006 para concorrer ao governo do Estado, mote de sua propaganda contra o tucano. "Sou professor universitário, tenho biografia honrada. Honrei os cargos que ocupei. Ao contrário dele, que assumiu compromissos que não honrou."(Folha de São Paulo)
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