Dirceu Ayres
Parlamentares petistas usaram a tribuna do Congresso Nacional para fazer ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo julgamento do processo do mensalão. Eles rebateram a tese defendida pelo relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, de que houve compra de votos. Fizeram ainda protestos contra a revista Veja e o publicitário Marcos Valério pela reportagem em que o operador do esquema implicaria o ex-presidente Lula. Os oposicionistas também aproveitaram para cobrar explicações de Lula e exaltar o posicionamento do STF. Secretário de Comunicação do PT, o deputado André Vargas (PR) fez um discurso inflamado. Classificou como "risco para a democracia" o julgamento ser transmitido ao vivo pela imprensa. "Acho um risco para a democracia que nós tenhamos, envolvendo quem quer que seja, um julgamento criminal on-line, quase um Big Brother da Justiça, no qual as questões técnicas nem sempre são levadas em conta, no qual há tentativa de linchamento moral de pessoas e partidos". O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), foi outro a protestar da tribuna. "Não vamos aceitar essa ideia de que aqui, neste plenário, deputados do PT compraram ou venderam votos". Ele reverberou declaração que o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), tinha feito à imprensa. "Me chamou muita atenção o fato de voltar a essa tese com muita força do mensalão. Eu, por exemplo, acho isso uma grande falácia", disse Maia. Os ataques petistas se dirigiram também à revista Veja e a Valério. "Todo mundo sabe que o presidente Lula jamais se reuniu com esse senhor, jamais falou com esse senhor, jamais conversou com esse senhor. Mas a revista Veja faz questão de colocar uma matéria que não tem a fonte, não tem a fita, não tem a prova, que não fala, só tem espuma pra acusar o presidente Lula", protestou Tatto. Sem fazer menção direta, o deputado Zeca Dirceu, filho do ex-ministro José Dirceu, réu do processo, também fez rápido discurso que os adversários fazem uso de "mentira, calúnia e difamação". O tema foi debatido por petistas também no Senado. Jorge Viana (AC) desafiou Valério a falar o que sabe sobre o esquema. Já o líder tucano no Senado, Alvaro Dias (PR), afirmou que Lula mantém um "silêncio ensurdecedor" sobre a acusação de Valério e a firmou que o mensalão mineiro também precisa ser julgado, "se é que ocorreu". Eduardo Bresciani e Rosa Costa, de O Estado de S. Paulo
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