Dirceu Ayres
O candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, e a cúpula da campanha tucana fizeram na noite desta segunda-feira o mais duro e uníssono discurso da oposição contra o PT desde o início do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em agosto. Para além da candidatura do petista Fernando Haddad, as críticas miravam o modelo de gestão e de busca pelo poder do PT em nível nacional. E procuravam distinguir o candidato tucano dessa geleia geral. “Nós somos a turma do não-mensalão”, resumiu José Serra em discurso a mais de 500 correligionários em uma sala de cinema alugada pela campanha na região da Avenida Paulista, para o lançamento de seu programa de governo. “São Paulo não tem de se ajoelhar nem de servir de cortina de fumaça para ninguém.” Em discurso inflamado, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) atribuiu o empenho do PT em ganhar as eleições em São Paulo aos planos de gente como José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil de Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção no julgamento do mensalão. “O verdadeiro programa de governo do PT, aquele pelo qual eles farão um empenho sem limites, é aquele de que José Dirceu falou: ganhar a eleição em São Paulo”, afirmou Aloysio. “Eleição para eles é embargo de declaração. Eles querem ganhar a eleição para que o povo de São Paulo declare que eles estão limpos, que o mensalão não existiu.” O maior escândalo de corrupção da República teve curso durante do governo Lula e consistia na compra de apoio de deputados para aprovação de projetos de interesse do governo federal. José Dirceu é apontado pela Procuradoria-Geral da República como o chefe da quadrilha do mensalão. As falas provam que a campanha de Serra está mais do que disposta a expor os vínculos indeléveis entre Haddad e o PT – e entre o PT e o mensalão. DETONANDO HADDAD Aloysio aplicou-se ainda para desconstruir as propostas apresentadas por Haddad ainda no primeiro turno das eleições. “Percorri o calhamaço que é o programa de governo do adversário como quem atravessa um oceano com água pelas canelas. É o suprassumo do lugar comum, do politicamente correto”, afirmou o senador. “Seria melhor que ele contratasse o laranja do Celso Russomanno para fazer um post scriptum. É uma antologia de bobagens e de chuva no molhado.” No primeiro turno, Russomanno, candidato do PRB, usou o nome de um funcionário da prefeitura para assinar seu inconsistente plano de governo. Aloysio Nunes comparou a obra viária do Arco do Futuro de Haddad - ampliação e construção de novas vias - ao Fura-Fila, corredor de ônibus elevado, do ex-prefeito Celso Pitta. A inexperiência e a falta de conhecimento sobre a cidade de Fernando Haddad foram pontos que perpassaram os discursos dos aliados de Serra, entre eles o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB). “Serra não é um candidato improvisado. Ele conhece São Paulo”, afirmou Alckmin. O ex-governador Alberto Goldman disse que a cidade não quer no comando alguém sustentado por “muletas”. “Prefeito não pode vir aqui para fazer estágio nem usar a cidade para uma experiência. Não queremos um estagiário”, disse Goldman. Programa de governo – As propostas de José Serra foram compiladas em um livreto de setenta páginas com as contribuições de mais de 2.000 pessoas. O trabalho foi coordenado pelo administrador e engenheiro Hubert Alquéres e subdividido em quinze grandes áreas. O primeiro capítulo do material é dedicado a lembrar conquistas de Serra e de Kassab à frente da prefeitura e jogar luz sobre os objetivos para os próximos anos, caso o tucano seja eleito. Entre as novidades do programa está a bolsa-creche, um auxílio para as mães carentes que aguardam vaga para seus filhos em creches da prefeitura. Do site da revista Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário