quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Para mexer na mesa da Rose do Lula, PF teve que ser acompanhada de oficial de alta patente do GSI. Isso que é prestígio.



         
     Dirceu Ayres

Ministro da Justiça publica sua versão antes do depoimento na Câmara, para que todos saibam o que devem perguntar e para que ele não esqueça o que deve responder. A matéria abaixo é da Folha de São Paulo. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se dirigia ao aeroporto de Brasília no início da noite de 22 de novembro quando o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, telefonou. "Ministro, é melhor o senhor não viajar", disse o delegado. Em poucos minutos, o titular da pasta deu meia volta e seguiu para o Palácio do Planalto. Objetivo: informar à presidente Dilma Rousseff sobre uma grande operação policial em órgãos federais dentro e fora de Brasília. O relato foi feito pelo ministro e por membros da PF à Folha. É a primeira vez que Cardozo trata do tema em uma entrevista. Já no gabinete presidencial, o ministro decidiu seguir viagem ao Ceará para um encontro jurídico. Porém, combinou com a chefe de retornar ainda de madrugada. "Naquela noite, eu não dormi", contou. Por volta das 5h30 da manhã, Daiello chegou ao apartamento do ministro. Ao apresentar os detalhes da operação Porto Seguro, contou sobre um "elemento complicador": a existência de um mandado de busca e apreensão no escritório regional da Presidência da República em São Paulo. "O mandado era muito bem feito, específico para a mesa de Rosemary Noronha", relatou o ministro. Àquela altura, Cardozo já havia avisado o chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo, sobre o "elemento complicador". Cerca de três horas depois, explicava a operação pessoalmente à presidente. Cardozo negou que a decisão de não pedir a quebra de sigilo telefônico de Rose, com quem o ex-presidente Lula tinha um relacionamento íntimo, tenha sido tomada pela PF para proteger o petista. "Tecnicamente o delegado entendeu que não tinha sentido pedir aquela interceptação. Ela não participa dos pareceres", argumentou, referindo-se ao esquema de encomenda de pareceres em órgãos do governo. O ministro afirmou ainda que a forma como soube da operação seguiu o padrão da PF e rebateu as críticas de que ficou "vendido" no caso, ou de que Dilma chegou a cogitar sua demissão por escassez de informações. "Não é verdade que eu estava tomando água de coco na praia nem que a presidente queria me exonerar, disse ele, acrescentando: "Na operação Monte Carlo [que prendeu Carlos Cachoeira], diziam que eu instrumentalizava a polícia contra a oposição. Ou eu tenho poder sobre a PF ou não tenho poder nenhum. Decidam." Cardozo vai falar sobre o caso hoje na Câmara. "Jamais tentaria ter controle político da PF. Isso é contra o Estado de Direito", diz o ministro, segundo quem "não faz sentido fazer triagem política de operações policiais". De acordo com ele, partiu do delegado Ricardo Hiroshi, responsável pela investigação, o pedido para que um agente do Gabinete de Segurança Institucional acompanhasse a operação. Isso fez com que a apreensão de computador e documentos no gabinete presidencial atrasasse, diz o ministro. Motivo: era preciso encontrar um oficial de alta patente para acompanhar a varredura.

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