Dirceu Ayres
Em cinco horas de depoimento, o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, alegou inocência e evitou atribuir responsabilidades sobre o esquema de corrupção existente no Ministério dos Transportes e revelado por VEJA. A falta de respostas manteve os oposicionistas dispostos a abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso. Um dos autores do requerimento de convocação de Pagot, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) afirma que o diretor do Dnit deixará o cargo, mas a manutenção de outras autoridades do departamento manterá o esquema corrupto em operação. Ele acredita que a CPI é necessária para esclarecer os fatos revelados por VEJA. "Quem diz que a corrupção está no DNA do Dnit é o controlador-geral da União [Jorge Hage]. ““Se “ele não conseguiu desvendar as coisas que acontecem lá dentro, é claro que a CPI tem plena justificativa”, afirmou. Faca no pescoço - Já o senador Blairo Maggi (PR-MT), padrinho político de Pagot, saiu satisfeito. E disse que o diretor do Dnit nunca cogitou acusar outros integrantes do governo: "Ele teve a oportunidade de colocar à imprensa, à sociedade e ao Senado como funciona o Dnit e como as coisas dentro do governo transitam. “Esse “era esse o único objetivo, diferente do que foi especulado”, declarou. Maggi fez um pedido público à presidente Dilma Rousseff: se nada for provado contra Pagot durante as férias do diretor do Dnit, ele deve ser mantido no cargo. O senador nega estar ensaiando algum tipo de chantagem. "A presidente tem o domínio sobre todos os cargos. Ela coloca e retira quem ela quiser no momento em que ela quiser. Nenhum presidente deve trabalhar com a faca no pescoço. Eu jamais faria isso". Temor - Pagot voltará ao Congresso na quarta-feira. Será ouvido na Câmara dos Deputados mesmo em férias, pedidas por ele assim que foi afastado. Segundo a Presidência, ele será demitido assim que suas férias terminarem. Desde a revelação das irregularidades envolvendo o Dnit, o diretor afastado tem se portado de maneira preocupante para o governo. Ele teria dito a representantes do PR que só "recebia ordens" quando estava à frente do cargo - e que petistas teriam determinado o superfaturamentos de obras sob responsabilidade do Ministério dos Transportes. Ele citou o nome do ex-ministro do Planejamento e atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, como um dos negociadores do esquema. As insinuações de Pagot assustaram os petistas, que admitem ter falhado no momento em que a presidente da Comissão de Serviços e Infraestrutura, Lucia Vânia (PSDB-GO), conseguiu marcar o depoimento dois dias antes do inicialmente previsto, na quinta-feira. A maior preocupação do PT é que as especulações de que Pagot será um “homem-bomba” se concretizem, a exemplo de Roberto Jefferson no caso do mensalão, em 2005. Os governistas tentaram adiar o depoimento, mas desistiram da estratégia. Do site da revista Veja Enviar por e-mail BlogThis! Compartilhar no Twitter Compartilhar no Facebook Compartilhar no orkut Compartilhar no Google Buzz do site da revista VEJA.
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