Dirceu Ayres
Desde que Alfredo Nascimento e Cia. foram desalojados da pasta dos Transportes, o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) freqüenta o noticiário em posição incômoda. Nos subterrâneos, Luiz Antonio Pagot, o ex-mandachuva do Dnit, afirma que Bernardo exibia interesse inusual pelas obras rodoviárias, especialmente as do Paraná. Ex-governador paranaense, o senador Roberto Requião (PMDB) afirma que Bernardo interessava-se também por ferrovias. Requião diz ter sido procurado por Bernardo na época em que ele era ministro do Planejamento de Lula. Acusa-o de ter proposto a construção de uma ferrovia sem licitação, com preço acima do razoável e com direcionamento a uma empresa privada. Segundo Requião, nos moldes propostos por Bernardo, o custo da obra saltaria de R$ 220 milhões para R$ 550 milhões. As informações constam de notícia veiculada pela Folha. Ouvido, Bernardo admitiu que se reuniu com Requião à época em que ele governava o Paraná.Atribuiu a iniciativa a uma "determinação do presidente Lula". Negou, porém, que tenha tratado de superfaturamento ou de direcionamento da obra ferroviária. Por razões distintas, Requião e Bernardo acionaram o Ministério Público Federal para investigar o caso. O ministro também protocolou no STF uma petição na qual acusa o agora senador de tê-lo caluniado. Nesta terça (12), Pagot, o ex-mandarim do Dnit, vai prestar "esclarecimentos" no Senado. Se Pagot reafirmar em público metade do que diz de Bernardo entre quatro paredes, é provável que a Justiça receba nova ação por “calúnia”.Escrito por Josias de Souza às 05h22 Bernardo admite consultas a Pagot sobre obras no PR Marcello Casal/Abr Lançado no caldeirão em que negócios da pasta dos Transportes se misturam a propinas, Luiz Antonio Pagot, do Dnit, esforça-se para engrossar o caldo. Pagot diz que, ministra a própria Dilma Rousseff monitorava as obras rodoviárias desde a Casa Civil de Lula. Insinua que grão-petistas o assediavam. Entre os nomes que o mandachuva do Dnit menciona com maior insistência está o do ministro petista Paulo Bernardo, ex-Planejamento, hoje Comunicações. Procurado pela repórter Luíza Damé, Bernardo manifestou-se por e-mail. Admitiu: Quando dirigia a pasta do Planejamento, requisitou de Pagot dados sobre o andamento de obras no seu Estado, o Paraná.O mesmo Estado que mandou ao Senado, no ano passado, a mulher de Bernardo, Gleisi Hoffmann (PT), hoje chefe da Casa Civil de Dilma.Bernardo negou, porém, que tenha dado ordens ao diretor-geral do Dnit: “Pagot não era meu subordinado…” “…E servidor público obedece a ordens formais que ficam registradas no sistema do governo. No serviço público, fazemos apenas o que a lei determina”. O ministro também negou que tenha contatado empreiteiras, como insinua Pagot tem seus diálogos privados. “Pretendo responder respeitosamente às perguntas, mas exijo que me tratem com o mesmo respeito”. Pagot falará no Congresso nesta semana. Na terça, estará no Senado. Na quarta, na Câmara. Resta aguardar, para ver quão respeitoso será com Paulo Bernardo.
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