Dirceu Ayres
Andréa Jubé, da Agência Estado, e Lilian Venturini, do estadão.com.br O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, admitiu ter viajado em um avião contratado pelo dirigente da entidade Pró-Cerrado, Adair Meira, durante audiência pública realizada na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, na manhã desta quinta-feira, 17. Em brincadeiras e mais contido, Lupi negou que tenha mentido sobre sua relação com Adair, cuja entidade tem contratos milionários com o Ministério do Trabalho. “Nunca neguei que o conheço, não disse isso”, afirmou Lupi, que afirma ter sido mal interpretado. “O que me foi perguntado foi sobre a relação pessoal [com Adair]“, disse. O ministro admitiu ter viajado no avião King Air, durante uma agenda no Maranhão, em 2009, mas diz que a questão é saber quem pagou pelo aluguel da aeronave. “Meu erro pode não ter sido checar com a devida apuração que devia. O senhor, que a revista acusa de ter pago a aeronave, disse que não pagou, publicamente. Quero saber do que estou sendo acusado”, disse. Vídeo revelado nessa terça-feira, 15, pelo site da revista Veja, mostra o ministro com Adair, durante viagem oficial ao Maranhão, em dezembro de 2009. “Eu viajei com o ministro num trecho, isso eu confirmo”, afirmou Meira em entrevista ao Estado. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) afirmou, porém, que a nota fiscal referente ao pagamento do aluguel da aeronave King Air consta de processo de prestação de contas de convênio da pasta com a ONG Pró-Cerrado. Fora do governo. Em tom bem diferente do adotado na Câmara, semana passada, o ministro Carlos Lupi evitou falas irônicas e adotou comportamento mais contido na audiência desta quinta. Assim como falou aos deputados, Lupi voltou a sugerir que é vítima de condenção prévia por parte da imprensa. “Só queria o direito de falar. A gente não pode condernar as pessoas sem prova. Não pode ter uma página inteira acusando e três linhas de defesa”, afirmou. Apesar de negar as denúncias de corrupção e tráfico de influência, dois senadores do mesmo partido de Lupi, o PDT, defenderam o afastamento do cargo e a saída do partido do governo Dilma. “Com toda lealdade, entendo que o PDT deve se afastar do ministério porque nesse momento não detém mais a confiança para permanecer nesse ministério”, afirmou Pedro Taques (MT), posição defendida também por Cristovam Buarque (DF). Reunião da Executiva Nacional do PDT e das bancadas da Câmara e do Senado prevista para ocorrer durante esta quinta foi desmarcada. Nesse encontro seria discutido o futuro do ministro. Segundo o presidente em exercício da sigla, André Figueiredo, o secretário-geral do PDT, Manoel Dias, está doente, e não pôde embarcar para Brasília. “Não iríamos constranger o ministro [nessa reunião] e dizer que ele tem que sair. Temos convicção de que cabe à presidente Dilma decidir sobre o futuro dos ministros”, disse Figueiredo, ao lembrar que a sigla atualmente está divida em relação à permanência de Lupi na pasta. / Colaborou Eugênia Lopes
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