quarta-feira, 9 de março de 2011

JÁ VELHO E ADOENTADO

                    DIREU AYRES
Tou me sentindo amassado e roto,
Tanto que doe meu corpo e o osso
Torção que existe em meu pescoço
Meu coração desarrumado e torto.

Traumatizado é como ele se chama
Encalhado, que age assim também;
Nunca me comparo com ninguém
Osmose também leva para a cama.

Comunicam-se vizinhos no ossuário
Conversando sobre antigos sentidos
Hoje morto, são separados e falidos,
Lembranças da morada nos ovários.

Como as virgens que a morte chama
Que vão apodrecer igual às moscas
Como a desgraça que leva as moças
E as virgindades, são reduzidas à lama.

Na degeneração do meu enorme sofrer,
Escapa o grito com um grande estouro,
A ribombar até a um século vindouro
Meu berro, meu desgosto, meu querer.

Não tem Psiquiatra nem sequer trator,
Que arranque de dentro do meu peito
Essa opressão que causa todo o efeito,
Maltrata-me, machuca-me e causa dor.

Furava-me o peito com a broca ou pua
Usando toda tristeza que me consome
Às vezes eu não sei mesmo meu nome,
Ou dos meninos que habitam lá na rua.

Nessa ânsia tenho um grande desconforto
Choro muito ainda pensa no que é lixo,
Lembrando aberrações, talvez um bicho
Que bebeu um veneno é mais um morto.

Lembrar das cabeças que pensaram
Em desgraçados sonhos tão nefasto,
Meu cérebro já cansado e bem gasto
Meus cabelos do braço se arrepiaram.

Inventariar quase tudo, já tinha sido,
Pensar nas coisas que já tinha possuído,
Lembrar lugares que eu já tivesse ido,
Serei celebridade, nunca serei vencido.

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