sexta-feira, 18 de março de 2011

QUEM SERÁ ESSE DIRCEU

KADOSH
                                            Dirceu Ayres
Quem diabos é esse bipolar sujeito ? Alguns dirão que é o Rei Lagarto, outros dirão que é o Boi touro e seja lá o que isso signifique. Outros ainda mantêm na mente a vaga idéia do que ou quem será esse Dirceu. É uma entidade ubíqua, independente do que venha a ser é e será sempre presente, essa tal cousa. O curioso é que poucos conhecem a verdade por trás desse caricato personagem de si mesmo. Seria um ricaço que, entre um dia e outro, escreve inúmeras bobagens com o intuito único de colecionar algumas gargalhadas ? Ou um paraplégico preso ao leito de um hospital tentando se distrair, um Aposentado sem utilidade e que não faz nada além de coletar fotos e fatos a partir de seu computador conectado à rede. Há quem acredite que esse Dirceu é uma manifestação etérea de um Fauno de um nível inferior ou superior da escala evolutiva de divindades indígenas dos pitorescos contos do folclore popular dos recônditos rincões do planalto central do país, principalmente do Nordeste. Uma espécie resultante do insólito cruzamento de um fogo fátuo com o Espírito da noite. No fundo, ele não deixa de ser um pouquinho de tudo isso, bem batido no liquidificador da pensão ou Cabaré da Raílda ou do Mossoró lá no Farol, já perto do Tabuleiro. Mas eu, enquanto voz ativa e criador desse misto de pequenos pedaços de partes de corpos de doadores condenados, tudo apenas uma etapa de um hediondo experimento para a obtenção da vida de éter nas ventas, fazem aqui a revelação: Dirceu é na verdade a primeira amostra de uma tentativa quase frustrada de implantar um cérebro cibernético em um ser tido como humano, enquanto completamente desnudo fisgava piranhas, bem entendido! Piranhas mulheres, quengas que ele quengava como um Jacaré perneta e neurótico, ao mesmo tempo em que tentavam fugir de um ataque de sinistros insetos voadores. Ele manteve a força e a virilidade dos bois, mas, falta a liberdade do macaco e isso causa a oxidação de seus circuitos de silício e germânio baratos, devido a uma hemorragia no momento em que usava uma moto-serra para abrir sua caixa encefálica e o aspirador de pó para remover todos os pedacinhos de tutano frito, causaram uma super excitação nos neurônios o que ativou todas as suas redes neurais. A conseqüência disso é que todo o comportamento lógico racional de seu projeto inicial deu origem a características de uma criatividade caótica fractal, desordenada e incontrolável, além de uma personalidade dominante e intolerável. Creio que agora ficou claro porque alguns o chamam de “especial”. Por isso o meu conselho para todos os que prezam por suas vidas: nunca se deixe conquistar pelas estéticas sedutoras e apaixonantes vistas que se escondem no cadafalso de entrada do confuso labirinto escuro onde habita o Dirceu. E jamais se esqueça de seu carretel de fios de ovos sempre que quiser ler os textos desse ardiloso escritor, e quiser encontrar o caminho de saída, tenha bastante cuidado, esse ser é inteligente demais para a pessoa comum entender no primeiro contacto. Agora não precisa se preocupar com quem será...Você já tem uma idéia bem consistente.

É RIDÍCULO MORRER.

A MORTE
Dirceu Ayres
Morrer é ridículo. Obriga você a sair da festa no melhor dos acontecimentos sem nem poder se despedir de ninguém, sem ter dançado a música de sua preferência com a garota mais linda ou a mais querida do salão, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas, ternos e calças penduradas nos cabides, cuecas e meias nas gavetas, sua toalha úmida no varal e penduradas também para não perder o costume, algumas contas a pagar. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, conhecer alguns de seus segredos, mexerem nas suas gavetas, apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: -No que é meu e nas minhas coisas, ninguém mexe, deixe que eu mesmo cuido.- Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e não vai almoçar nunca mais, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não possa concluir o que pretendia dizer. Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, tudo bem, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, esfarrapa, culpa o esquecimento sem falar que não há quase nada guardado nas gavetas do cérebro. Hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo, antes de viver até a raspagem do que tem para viver? Isso não se faz. Morrer cedo é como uma transgressão desfaz toda a ordem que seria normal e natural das coisas, da juventude, da experiência de ser mais idoso e sabe aproveitar mais a vida. Morrer é um desnecessário exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que essa piada não tem graça. Por isso viva tudo que há pra viver. Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da vida, acima de tudo esqueça os inimigos e mais... Perdoe Sempre!!!! Que desgraça de piada sem graça. Morrer, virar defunto, deixar tudo que você foi, construiu, fez, adquiriu, fica tudo para os outros, até os que não têm merecimento para receber nada. Vai servir de comida para os germes tapurus, micróbios e tudo que se arrasta no lodo da podridão, a carne se esvaem, os ossos apodrecem e quem sabe o onde, o prá donde estariam nos mandando se é que tudo não termina naquele ato. Ninguém sabe se alguém já teria voltado, mesmo em outro corpo ou se essa de reencarnação é mesmo prá valer. Que coisa mais ridícula, enganosa sem lógica, sem futuro. É, realmente é mesmo, uma piada sem graça nenhuma, uma invenção de gosto péssima essa de morrer. Até onde se sabe, morrer não é somente um estrago de vida, estrago das coisas que mais gostamos, é também a idéia mais sem graça de algum avatar ou algum Deus distraído sem ter o que fazer, ora bolas, deveriam procurar alguma coisa para se ocupar, largar essa estória de morrer, mandar chamar, fazer morrer, mandar a morte buscar o sujeito. Deixa isso para quando o endividou estiver mais perto dos cem anos, aí sim, estará tudo bem e sem reclamação. Por isso e outros motivos Politicamente corretos é que eu acho e continuarei achando que morrer é alem de uma coisa muito imbecil é também uma perda de tempo ou dos Deuses ou de algum “nada faz” que puxa saco de Deuses, um tipo de “João nada” no Olimpo, um desocupado que deve arranjar outra coisa prá fazer. E deixar a morte das coisas e pessoas pra lá.

MAL DE ALZAIMER.

DIRCEU AYRES
Aos 19 anos, em 1932, o jogador leônidas ganhou seu primeiro título com a seleção nacional, a Copa Rio Branco. Até a molecada que nunca tinha ouvido falar de Leônidas da Silva hoje já sabe que aquele crioulo de 1,65m de altura marcou história no futebol nas décadas de 30 e 40 e foi o aperfeiçoador da "bicicleta" inventada por Petronilho de Brito, irmão de Waldemar de Brito. Após a divulgação da morte deste carioca de São Cristóvão, no sábado (24/01), as tevês não se cansaram de repetir imagens em preto e branco do centroavante flutuando em posição horizontal, paralela ao gramado, de costas para o gol adversário, pedalando no ar e arrematando sem chances para o goleiro. As fotos surradas pelo tempo também circularam indistintamente pelos jornais e a trajetória do talentoso atacante tem sido recontada, com descrições de atuações memoráveis pela Seleção Brasileira nas Copas de 1934 e 1938; por clubes como Vasco, Botafogo-RJ, Flamengo e São Paulo; e pela contundência como comentarista esportivo da Rádio Jovem Pan, de São Paulo. E não é que a amaldiçoada doença denominada "Mal de Alzaimer" apagou do cérebro de Leônidas essa rica história no futebol! Alzaimer! O que é Mal de Alzaimer?, Questionam muitos, porque o jornalismo esportivo, na maioria das vezes, se restringe os vocábulos do segmento e não se atreve a dissecar assuntos paralelos. A doença, também conhecida como demência, afeta todas as funções do cérebro, com reflexo na fala, memória, raciocínio lógico e confusão mental. Ela incide em cerca de 20 milhões de pessoas no mundo e castigou Leônidas desde 1993, quando foi internado na Clínica Recanto São Camilo, em São Paulo. Esse traiçoeiro Mal de Alzaimer, quando em estágio avançado, deixa o paciente totalmente dependente dos outros, como foi o caso de Leônidas, que sequer conseguia lembrar-se do público recorde de 74.078 pagantes no Pacaembu, no dia 24 de abril de 1942, em sua estréia com a camisa do São Paulo, no empate em 3 a 3 com o Corinthians; dos sete gols marcados na Copa de 38; e do período em que vivia rodeado de loiras e andava com nariz empinado. Homeopatas alardeiam que essências florais provocam energia estimulante aos pacientes de Alzaimer e os elevam espiritualmente, mas neurologistas preferem creditar a uma vacina - ainda teste - como efeito terapêutico capaz de evitar a degeneração progressiva de células nervosas. Leônidas havia completado 90 anos no dia 6 de setembro passado, 42 deles enfiados em campo do futebol. Quando parou de jogar, em 1949, ingressou no rádio para analisar futebol, e ganhou notoriedade porque fugia da obviedade. Pela velocidade de raciocínio, Leônidas deveria se enquadrar no bloco de idosos com menor propensão para desenvolver a doença, se forem considerados os dados de pesquisadores da Universidade de Columbia, em Nova York, que atribuem redução de 38% na possibilidade de idosos desenvolverem a doença caso exercitem a leitura, assistam filmes, tenham alto nível de escolaridade ou raciocinem de forma contínua. Mas ele não se enquadrou. Lamentavelmente, Leônidas não merecia um final de vida de forma vegetativa. Melhores sortes terão pacientes de Alzaimer diagnosticados no início da doença, se confirmadas previsões de neurologistas após congresso em Cuba. Se a cura ainda não é possível, pelo menos aumenta a perspectiva de se evitar a maneira vegetativa do fim.