terça-feira, 12 de julho de 2011

PAGOT VAI AO SENADO DIZER QUE SÓ CUMPRIU ORDENS.

    Dirceu Ayres

Falar para quê? É muito mais fácil para Luiz Antônio Pagot, o diretor-geral do DNIT, envolver ministros do PT, do PMDB e do próprio PCdoB para chafurdarem junto com o PR no mar de lama. Se ele tinha tanto poder para manusear licitações, deve ter servido a muito mais gente. Então é só chamar a Veja, a Época, o Estadão e entregar informações. E devolver na mesma moeda. O mais grave de tudo é a afirmação de que muitas obras foram superfaturadas para pagar a campanha de Dilma Rousseff à presidência e basta seguir o rastro das doações das empreiteiras. Hoje, Blairo Maggi, o todo-poderoso senador do Mato Grosso, ex-governador e o homem por trás de Pagot, dão uma entrevista ao Globo, enquadrando o governo federal. As suas respostas são didáticas e oferecem, para o bom entendedor, o mapa do esquema para superfaturar uma obra. Além disso, Blairo confirma que todos sabiam de tudo dentro do Palácio do Planalto, especialmente o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e Miriam Belchior, a sucessora de Dilma no comando do PAC. Ontem, Paulo Bernardo negou as acusações peremptoriamente. Vejam, abaixo: Senador, é verdade que o seu afilhado político, Luiz Antonio Pagot, diretor-geral do Dnit, pretende, no depoimento que fará ao Senado, amanhã, denunciar alguns ministros do governo? BLAIRO MAGGI: Em primeiro lugar, quero esclarecer que não falo pelo Pagot. O que posso dizer sobre isso é que, pela convivência que tenho com ele, ameaças não fazem parte do seu estilo. É uma pessoa muito tranqüila, trabalhadora. Na conversa que teve comigo, não fez ameaças. E duvido que tenha feito. Tudo o que saiu nos jornais, inclusive no seu, não saiu da boca dele, mas de informações de terceiros. Então, o que o Pagot vai dizer no Senado nesta terça-feira? Melhor, por que ele faz tanta questão de depor no Senado, se ele já está demitido? BLAIRO: Não é só ao Senado que ele faz questão de ir. Irá à Câmara também. Ele vai ao Congresso tentar mostrar que essas questões de superfaturamento não são reais. Acontecem de forma totalmente diferente. É isso que ele vai tentar mostrar. E quando ele diz "cumpro ordem" é porque, realmente, ele é um executivo, não um formulador. Ele executa ordens. Como funcionavam?BLAIRO: Mais uma vez repito: não falo pelo Pagot. Mas sei que, em seu depoimento, ele fará uma exposição basicamente técnica, e não política, de como as coisas funcionava. Ele vai mostrar a burocracia, como as coisas eram tecnicamente administradas. E como eram administradas? BLAIRO: Vou te dar um exemplo bem simples. Você vai numa concessionária e compra um carro stand, com base no preço anunciado. Aí, você resolve botar um som, um ar-condicionado, vidro elétrico etc. Quando você vai efetuar o pagamento, claro que o preço já não é mais o mesmo. Assim acontece com todas as obras, inclusive construções de estradas: iniciam de um jeito e terminam de outro jeito. Então, Pagot tinha autonomia para esse upgrade no "carro". E daí não tem sentido argumentar que ele cumpria ordens, não é mesmo? BLAIRO: Não, não! Pelo contrário. Tudo o que era colocado depois nas obras tinha sempre a concordância do grupo que coordenava o PAC, e era necessário o empenho do Ministério do Planejamento. Eles que autorizavam a execução dessas despesas. Então, tudo era feito com a concordância do administrador do PAC e do ministro do Planejamento? BLAIRO: Isso sempre foi assim e é um procedimento administrativo normal. Essa tecnicidade, essa burocracia é que será mostrada, sem a menor intenção de comprometer ou proteger ninguém. Essa é a realidade que Pagot tentará mostrar no seu depoimento. É verdade que o governo o pressionou a mandar Pagot não acusar ninguém no depoimento? BLAIRO: Essa especulação é leviana. Seria uma coisa indigna para o governo e maior ainda para mim, como representante de Mato Grosso no Senado Federal. Pagot não teria sido procurado pelo Palácio do Planalto? BLAIRO: Mais uma vez, sou obrigado a observar que não falo pelo Pagot. Mas tenho certeza de que, se ele tivesse sido procurado, teria me falado. Por que o senhor saiu zangado da reunião com os ministros Gilberto Carvalho e Ideli Salvatti, na qual foi anunciada a demissão de Alfredo Nascimento e o afastamento definitivo do Pagot? BLAIRO: Você se refere à reclamação que fiz a Ideli? Exatamente. BLAIRO: Realmente, o tratamento não foi correto. Eles deveriam ter sido chamados um dia antes para conversar. O resultado seria o mesmo, mas menos traumático. Precisava ter tido mais sensibilidade. É muito difícil ser governo. E a pergunta que deixei na reunião foi esta: o procedimento do governo daqui para frente vai ser este? Os ministros ficam reféns do noticiário de fim de semana. Basta um jornal, uma revista ou uma emissora de televisão botar uma denúncia sem provas para condenar uma pessoa? Ou muda o tratamento ou todo fim de semana tem gente do governo sendo demitido. Primeiro, divulga-se a denúncia, e só aí vão ouvir o acusado. Às vezes, é demitido antes mesmo de apresentar sua defesa. Qual o seu estado de espírito neste momento? O senhor está magoado com a presidente Dilma? BLAIRO: Tenho grande admiração pela presidente Dilma. Eu sempre torci, torço e continuarei torcendo muito para que o governo dela encontre um rumo para fazer o melhor pelo país. Infelizmente, temos percalços na vida. A vida é cheia de percalços. Temos sempre que estar acima desses percalços para poder, inclusive, superá-los. Temos que ser maiores do que eles. Não temos que ficar magoados. POSTADO POR COTURNO NOTURNO

DERRUBOU MALFEITORES DO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES

    Dirceu Ayres

MUITA GENTE QUER SABER QUAL É A FONTE DA REPORTAGEM DE VEJA QUE DERRUBOU OS MALFEITORES DO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES. OK, EU REVELO! Eu vou fazer aqui algo inédito — ou, vá lá, quase isso: vou revelar a fonte de VEJA. Já que tantos estão tão curiosos, eu vou contar tudo. Querem saber como a reportagem chegou à verdade, que resultou na queda de toda a cúpula do Ministério dos Transportes? Eu direi. E o farei sem conversar com ninguém ou pedir autorização. Vou correr esse risco. Tanto o pessoal de Brasília como o de São Paulo devem estar dormindo a esta hora da madrugada. Espero que não se zanguem comigo. Antes, no entanto, vocês precisam ler o que Maria Lima informa no Globo. Depois, a revelação. O que é mais uma crise no Ministério dos Transportes para quem já viveu o turbilhão das denúncias de formação de quadrilha no mensalão, que o levou a renunciar ao mandato de deputado federal? Com a certeza de que nada como um dia depois do outro, o deputado Valdemar Costa Neto (SP), secretário-geral, presidente de honra e quem manda, de fato, no PR, procurava tranqüilizar nesta quarta-feira o ex-ministro Alfredo Nascimento, dizendo que a situação vai se normalizar. Valdemar dizia que Nascimento terá de volta força política lastreada nos 42 deputados e seis senadores do partido. Encastelado na sede do PR, em um shopping de Brasília, Valdemar participou dos últimos minutos que antecederam a degola de Nascimento, ao lado do correligionário. E, longe dos holofotes do Congresso, procurava manter sua influência, inclusive na escolha do substituto do ministro. “Quando eu achava que já tinha vivido tudo nesta República, acontece de novo. Mas tudo passa!”, disse Valdemar, mostrando a Nascimento que se vive hoje um turbilhão, mas, em breve, ele voltará ao topo, como o interlocutor principal do PR junto ao Palácio do Planalto. A pedido dos próprios companheiros do PR e a mando da presidente Dilma Rousseff, Valdemar desapareceu nos últimos dias. Não quer dar entrevista, mas tem agido nos bastidores, mostrando sua força dentro do PR. Nessas reuniões, tem deixado claro que está disposto a descobrir de onde partiu a munição contra ele e Nascimento, originando a matéria da revista VEJA, que deflagrou a atual crise. Também procura a origem do vazamento da gravação em que ele, em reunião com Nascimento, negociava a liberação de verba federal em troca da filiação de um deputado federal pedetista ao PR. “Estou sendo alvo de uma trama muito bem construída. Só não sei ainda se partiu de dentro do PR, do Planalto, ou dos dois juntos”, disse Valdemar a seus aliados. Ele continuará mergulhado, longe da imprensa, mas atuando como sempre. E como nunca, para o PR não perder o cargo no primeiro escalão do governo Dilma. Voltei Então Valdemar da Costa Neto, a exemplo de alguns repórteres que gostariam de fazer reportagem sobre como a VEJA faz reportagens, também está curioso. Vamos lá. - A fonte de VEJA é o passado de Valdemar da Costa Neto. - A fonte de VEJA é o presente de Valdemar da Costa Neto. - A fonte de VEJA são os hábitos e costumes da República. - A Fonte de VEJA são as ações do ministro Alfredo Nascimento. - A fonte de VEJA é a forma como a cúpula do PR lida com o dinheiro público. A fonte de VEJA é a penúria das estradas federais. - A fonte de VEJA é o atraso nas obras de infraestrutura do país. - A fonte de VEJA é o descarado superfaturamento das obras. - A fonte de VEJA é a elevação em R$ 10 bilhões das obras do Ministério dos Transportes inscritas no PAC. A fonte da VEJA é a elevação de 38% no orçamento das obras das ferrovias em pouco mais de um ano: de R$11,9 bilhões para R$ 16,4 bilhões. A fonte da VEJA são os métodos de Luiz Antonio Pagot, o amigão de Lula. - A fonte de VEJA é a caixinha de 5% que o PR cobrava das consultorias. A fonte de VEJA é a caixinha de 4% que o PR cobrava das empreiteiras. A fonte de VEJA é a vergonha na cara. Espero que a VEJA não rompa o contrato comigo por eu ter revelado o segredo. Por Reinaldo Azevedo: isso é que é macho!!!