segunda-feira, 14 de maio de 2012

LEIAM O QUE DIZEM DOIS DELEGADOS DA PF E O PAPEL PATÉTICO DO EX-CAÇADOR DE MARAJÁS E ATUAL CAÇADOR DE JORNALISTAS.

       

    Dirceu Ayres

A quadrilha do mensalão estava mentindo. A quadrilha da Internet estava mentindo. A verdade vem à tona de forma clara, cristalina, inequívoca. Lembram-se da Operação O falso caçador de Marajás, hoje é caçador de jornalistas. Monte Carlo e das supostas 200 ligações trocadas entre Carlinhos Cachoeira e Policarpo Júnior, um dos redatores-chefes da VEJA e chefe da Sucursal de Brasília? NÃO ERAM, NÃO SÃO E NUNCA FORAM 200! ERAM, SÃO E SEMPRE FORAM DUAS!!! Collor, num de seus momentos de serenidade no Senado: em vez de apontar o dedo para os corruptos, ele resolveu atacar a imprensa livre. Faz sentido... A canalha resolveu multiplicar o número por 100 para ver se conseguia dar ares de crime ao trabalho normal de um jornalista. Os que se dedicaram a espalhar a mentira nunca quiseram, como vocês sabem, apurar as ligações do grupo de Cachoeira com os políticos e com o Estado brasileiro. Queriam, isto sim, desmoralizar os fundamentos de uma democracia, a saber: – a oposição (ela só existe em países democráticos); – a Procuradoria-Geral da República (ela só é independente em países democráticos); – a Justiça (ela só é isenta em países democráticos); – a imprensa (ela só é livre em países democráticos). Mas atenção! Ainda que houvesse mesmo 200 conversas ou que, sei lá, surjam outras 198 do éter, o que o número, por si só, provaria? Nada! Policarpo estaria, como estava, em busca de informações que colaboraram para a demissão de pessoas que não zelavam pelo interesse público. E quem as demitiu, repito, foi Dilma Rousseff. Não consta que esteja pensando em recontratá-las. Os mensaleiros e seus braços de aluguel tentaram sequestrar as investigações do caso Cachoeira e a própria CPI para,desmoralizando todas as instâncias do Estado de direito, proteger bandidos, quadrilheiros, viagristas e sociopatas. Os delegados Bastaram, no entanto, duas sessões da CPI para que ficasse claro quem é quem e quem quer o quê. Policarpo é citado, dados todos os grampos da Operação Monte Carlo, 46 vezes nos grampos. Os homens de Cachoeira e o próprio se referem, em suas conversas, a mais de 80 pessoas — inclusive a presidente Dilma Rousseff. Em algumas dessas citações, por exemplo, o contraventor e o senador Demóstenes estão é combinando uma forma de abafar a repercussão de uma reportagem publicada pela VEJA em maio do ano passado e que apontava o suspeito crescimento da… DELTA! Eis a VEJA que alguns vigaristas queriam criminalizar. E foi a VEJA, diga-se, o primeiro veículo impresso a tornar públicas as relações de Demóstenes com Cachoeira — na edição que começou a chegar aos leitores no dia 3 de março! No depoimento prestado à CPI no dia 8, indagado pelo senador Fernando Collor (PTB-AL), hoje a voz mais extremista contra a imprensa na CPI, o delegado Raul Souza foi claro, inequívoco, para decepção daquele que começou caçando marajás e, vivendo o seu ocaso, tenta caçar jornalistas e cassar a imprensa livre: as conversas de Policarpo com Cachoeira, afirmou, eram diálogos normais entre um repórter e uma fonte, sem qualquer evidência de troca de favores. Mas Collor, os mais maduros se lembram, é uma alma obsessiva. Quando presidente, a gente olhava pra ele, com os olhos sempre estalados, e desconfiava da existência de algum espírito obsessor (Deus nos livre!). Deu no que deu. Tendo sido fragorosamente malsucedido na operação que lhe encomendou a ala sectária do PT — José Dirceu, Rui Falcão e outras lorpas da democracia —, ele voltou à carga no depoimento de outro delegado, Matheus Rodrigues. Enquanto alguns parlamentares tentavam apurar os vínculos entre Cachoeira e políticos, o atual Caçador de Jornalistas seguia firme no seu intento de tentar criminalizar a imprensa. E mergulhou, definitivamente, no patético. O diálogo com Matheus
Este blog ouviu um relato sobre a espantosa conversa do senador com o delegado Rodrigues. Fiquem frios. Logo surge uma gravação clandestina na praça. Consta que o homem foi ficando irritado à medida que via as suas ilações e suspeitas indo por água abaixo. Collor iniciou a sua intervenção lembrando que a CPI havia sido instalada para investigar as ações criminosas de Cachoeira e de agentes públicos e privados que com este teriam colaborado. E partiu pra cima de Policarpo e da VEJA. Perguntou se o jornalista era coautor de um algum crime. Detestou a resposta: “Não, excelência! Eu já falei e vou insistir”. A excelência não se conformou. Tentou obrigar o delegado a acusar Policarpo de algum crime. Como não realizasse o seu intento, este gigante do pensamento jurídico, este monstro sagrado da lógica — que é sócio de jornal e de emissora de televisão!!! — queria saber se Cachoeira havia passado a Policarpo alguma informação que tivesse obtido com escutas ilegais. Outra negativa e a fala inequívoca: havia entre Policarpo e Cachoeira ”uma relação de informante, de passar uma informação como fonte”. Roxo de raiva Collor, vocês se lembram, era dado a refletir com as pernas. Quando ficava com vontade pensar, saía correndo. Certo dia, abusando de sua cultura filosófica, declarou que tinha “aquilo roxo”. Como o segundo delegado ouvido também não disse o que ele queria ouvir, roxo de raiva, decidiu partir para a peroração solitária. Acusou VEJA de obter “ganhos pecuniários” com as reportagens que publicou. Bem se vê que este senhor nunca administrou as empresas da família. Só pega mesmo a grana na condição de acionista. A ilação é estúpida de várias maneiras: 1) assuntos políticos (especialmente notícias ruins, envolvendo corruptos) não são os que mais vendem revistas, como sabem todas as pessoas que são do ramo; 2) se uma revista quisesse apenas vender mais, daria só boas notícias. Ocorre que o jornalismo que se preza tem compromissos com a moralidade pública e a com ética. Se isso implicar publicar as más notícias, elas serão publicadas; 3) se a tese estúpida do senador fizesse algum sentido, jornais e revistas teriam de distribuir gratuitamente as edições que são obrigadas a relatar tragédias — só assim não seriam acusados de lucrar com a desgraça alheia;
4) veículos que se prezam, que têm vergonha na cara, que não são financiados com dinheiro público, têm a maior parte — ESMAGADORA!!! — de sua receita oriunda de anunciantes privados. Não raro, o preço de capa de uma revista é inferior a seu custo como produto; 5) a maior parcela da receita derivada da venda de jornais e revistas vem das assinaturas, não da venda em banca. Logo, se há ou não notícia de escândalo, isso é irrelevante. O leitor, como todas as pessoas moralmente saudáveis do mundo, prefere a boa notícia. Se errou na moral, se errou na ética, se errou no alvo — se errou, obrigo-me a dizer, na vida, já que é o único presidente impichado (só não houve o impeachment formal porque renunciou) da história do Brasil —, errou também ao fazer digressões tolas sobre o setor de revistas. Vinte anos depois da capa histórica de VEJA, em que Pedro Collor chutou o mastro do circo do irmão, o agora senador tenta se vingar da revista. Quebraram todos a cara — ele e a ala extremista do PT da qual aceitou o triste papel de laranja. Reportagens de VEJA, algumas feitas por Policarpo Júnior, ajudaram a pôr para fora da Esplanada dos Ministérios pessoas que estavam lá descumprindo o juramento que fizeram ao povo. Como ajudaram, há 20 anos, a depor um outro bufão, que também tomava a sua comédia pessoal como parte da história universal. Collor não vai conseguir o “impeachment” jornalístico da VEJA porque a revista é limpa! Ponto. Espalhem a verdade. Porque VEJA revela na edição desta semana quem está por trás da indústria da mentira na Internet e como ela opera (ver abaixo). *Texto por Reinaldo Azevedo BLOG DO MARIO FORTES

CACHOEIRA, O FILHOTE DE LULLA!




     Dirceu Ayres

Os corruptos ajudam-nos a descobrir o País. Há sete anos, Roberto Jefferson nos abriu a cortina do mensalão. Agora, com a dupla personalidade de Demóstenes Torres, descortinamos rios e florestas e a imensa paisagem de Cachoeira. Jefferson teve uma importância ideológica. Cachoeira é uma inovação sociológica. Cachoeira é uma aula magna de ciência política sobre o Sistema do País. Vamos aprender muito com essa crise. É um esplendoroso universo de fatos, de gestos, de caras, de palavras que eclodiram diante de nossos olhos nas últimas semanas. Meu Deus, que riqueza, que profusão de cores e ritmos em nossa consciência política! Que fartura de novidades da sordidez social, tão fecunda quanto a beleza de nossas matas, cachoeiras, várzeas e flores. Roberto Jefferson denunciou os bolchevistas no poder, os corruptos que roubavam por “bons motivos”, pelo “bem do povo”, na base dos “fins que justificam os meios”. E, assim, defenestrou a gangue de netinhos de Lenin que cercavam o Lula que, com sua imensa sorte, se livrou dos mandachuvas que o dominavam. Cachoeira é uma alegoria viva do patrimonialismo, a desgraça secular que devasta a história de nosso País. Sarney também seria ‘didático’, mas nada gruda nele, em seu terno de ‘teflon’; no entanto, quem estudasse sua vida entenderia o retrato perfeito do atraso brasileiro dos últimos 50 anos. Cachoeira é a verdade brasileira explícita, é o retrato do adultério permanente entre a coisa pública e privada, aperfeiçoado nos últimos dez anos, graças à maior invenção de Lula: a ‘ingovernabilidade’. Cachoeira é um acidente que rompeu a lisa aparência da ‘normalidade’ oficial do País. Sempre soubemos que os negócios entre governo e iniciativa privada vêm envenenados pelas eternas malandragens: invenção de despesas inúteis (como as lanchas do Ministério da Pesca), superfaturamento de compras, divisão de propinas, enfrentamento descarado de flagrantes, porque perder a dignidade vale a pena, se a grana for boa, cabeça erguida negando tudo, uns meses de humilhações ignoradas pelo cinismo e pela confiança de que a Justiça cega, surda e muda vai salvá-los. De resto, com a grana na ‘cumbuca’, as feridas cicatrizam logo. O governo do PT desmoralizou o escândalo e Cachoeira é o monumento que Lula esculpiu. Lula inventou a ingovernabilidade em seu proveito pessoal. Não foi nem por estratégia política por um fim ‘maior’ – foi só para ele. Achávamos a corrupção uma exceção, um pecado, mas hoje vemos que o PT transformou a corrupção em uma forma de governo, em um instrumento de trabalho. A corrupção pública e a privada é muito mais grave e lesiva que o tráfico de drogas. Lula teve a esperteza de usar nossa anomalia secular em projeto de governo. Essa foi a realização mais profunda do governo Lula: o escancaramento didático do patrimonialismo burguês e o desenho de um novo e ‘peronista’ patrimonialismo de Estado. Quando o paladino da moralidade Demóstenes ficou nu, foi uma mão na roda para dezenas de ladrões que moram no Congresso: “Se ele também rouba, vamos usá-lo como um Omo, um sabão em pó para nos lavar, vamos nos esconder atrás dele, vamos expor nosso escândalo por seu comportamento e, assim, seremos esquecidos!” Os maiores assaltantes se horrorizaram, com boquinha de nojo e olhos em alvo: “Meu Deus… como ele pôde fazer isso?…” Usam-no como um oportuno bode expiatório, mas ele é mais um ‘boi de piranha’ tardio, que vai na frente para a boiada se lavar atrás. Demóstenes foi uma isca. O PT inventou a isca e foi o primeiro a mordê-la. “Otimo!” – berrou o famoso estalinista Rui Falcão – “Agora vamos revelar a farsa do mensalão!” – no mesmo tom em que o assassino iraniano disse que não houve holocausto. “Não houve o mensalão; foi a mídia que inventou, porque está comprada pela oposição!” Os neototalitários não desistem da repressão à imprensa democrática… E foi o Lula que estimulou a CPI, mesmo prejudicando o governo de Dilma, que ele usa como faxineira também das performances midiáticas que cometeu em seu governo. Dilma está aborrecida. Ela não concorda que as investigações possam servir para que o Partido se vingue dos meios de comunicação e não quer paralisar o Congresso. Mas Lula não liga. “Ela que se vire…” – ele pensa em seu egoísmo, secretamente, até querendo que ela se dane, para ele voltar em 14. Agora, todo mundo está com medo, além da presidente. O PT está receoso – talvez vagamente arrependido. Pode voltar tudo: aloprados, caixas 2 falsas, a volta de Jefferson, Celso Daniel, tantas coisinhas miúdas… A CPI é um poço sem fundo. O PMDB, liderado pelo comandante do atraso Sarney, também está com medo. A velha raposa foi contra, pois sabe que merda não tem bússola e pode espirrar neles. Vejam o pânico de presidir o Conselho de Ética, conselho que tem membros com graves problema na Justiça. Se bem que é maravilhoso o povo saber que Renan, Juca, Humberto Alves, Gim Argello, Collor serão os ‘catões’, os puros defensores da decência… Não é sublime tudo isso? Nunca antes, em nossa história, alianças tão espúrias tiveram o condão de nos ensinar tanto sobre o Brasil. A cada dia nos tornamos mais sábios, mais cultos sobre essa grande chácara de oligarquias. E eu estou otimista. Acho que tudo que ocorre vai nos ensinar muito. Há qualquer coisa de novo nessa imundície. O mundo atual demanda um pouco mais de decência política. Cachoeira, Jefferson, Durval Barbosa nos ensinam muito. Estamos progredindo, pois aparece mais a secular engrenagem latrinária que funciona abaixo dos esgotos da pátria. A verdade está nos intestinos da política. Mas, o País é tão frágil, tão dependente de acasos, que vivemos com o suspense do julgamento do mensalão pelo STF. Se o ministro Ricardo Lewandowski não terminar sua lenta leitura do processo, nada acontecerá e a Justiça estará desmoralizada para sempre.

Dilma vira a mãe brasileira.


      Dirceu Ayres


Desta vez, como na campanha, Dilma não prometeu 6.427 creches. Fez mais fácil. Botou mais R$ 70 nas mãos de mães que tenham filho de 0 a 6 anos e estejam na Bolsa Família. Se quiserem, que contratem uma babá. Em seu primeiro pronunciamento no Dia das Mães, a presidente Dilma Rousseff anunciou ontem um pacote de medidas para beneficiar mulheres e crianças, focado nas regiões Norte e Nordeste. Chamado de Brasil Carinhoso, ele prevê mudanças no Bolsa Família, construção de creches e ampliação de programas de saúde para crianças de 0 a 6 anos -as regras serão detalhadas hoje em cerimônia no Planalto. A intenção do novo plano, dividido em três eixos, é tirar da miséria absoluta as famílias com crianças nessa faixa etária, disse a presidente. Entre as medidas anunciadas está a garantia de uma renda mínima de R$ 70 a cada membro das famílias extremamente pobres com pelo menos um filho de até seis anos. "É uma ampliação e um reforço muito importante ao Bolsa Família", disse Dilma. O programa também pretende ampliar o controle de doenças como anemia e deficiência de vitamina A entre as crianças e distribuir remédios contra asma em unidades de farmácia popular. A presidente quer construir creches. A promessa de campanha é inaugurar 6.427 unidades até 2014, mas até hoje só 411 foram feitas, diz o Ministério da Educação. Dilma ressaltou que o programa terá como enforque os Estados com maior número de famílias miseráveis. "Muito ainda precisa ser feito, e a situação se agrava em períodos de seca, como ocorre neste momento no Nordeste. (...) Mesmo sendo um programa nacional, [ele] vai olhar com a máxima atenção para as crianças dessas duas regiões mais pobres do país, para o Norte e para o Nordeste", disse Dilma (Folha de São Paulo)

A "oposição" adverte!


    


    Dirceu Ayres

Da Agência Senado:
(…)
O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra, afirmou...que está em curso uma “tentativa de desvirtuamento” da CPI do Cachoeira. Em nota, o tucano afirma que o objetivo é prejudicar o julgamento do mensalão, com vazamentos seletivos, blindagem de autoridades envolvidas com Cachoeira, e tentativa de calar a imprensa. Ele também aponta a negociação da empreiteira Delta, que teria ligações com o contraventor por meio de seu diretor no Centro-Oeste.Guerra qualifica a operação de venda da empreiteira como tendo “transparência duvidosa e com o apoio do governo federal”. “Trata não apenas de favorecimento à referida blindagem, mas é também de interesse de seus acionistas, que deveriam estar expostos à devida investigação. Em dura crítica aos petistas, Guerra afirma que está “clara” a estratégia de atentar contra a liberdade de imprensa, para proteger os envolvidos no mensalão. “Na CPMI, os propósitos dos petistas são rigorosamente de tumultuar o julgamento — que, aliás, o povo faz fez e que a imprensa, certamente, o fará também — deste deplorável episódio do mensalão, que é a marca de práticas condenáveis e são a síntese da ação desestruturante e antidemocrática do PT”, afirmou Guerra, em nota divulgada nesta sexta-feira.O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), saiu em defesa do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e disse que a legislação proíbe sua convocação.“Querer convocá-lo é uma tentativa de desgastá-lo. É da lei, ele não pode comparecer. Isso é afrontar a legislação. “Seria demiti-lo da função de denunciar os criminosos que estão sendo acusados agora”, disse o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), que se encontrou recentemente com Gurgel. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) defendeu também, no Senado, que Gurgel não pode ser chamado a depor. Para ele, o pedido é uma “manobra para desviar as atenções do foco principal da CPI e em relação ao julgamento do Mensalão, que se aproxima”. De acordo com Aloysio Nunes, se, em 2009, o processo fosse aberto, Cachoeira e seu grupo poderiam ter conhecimento de que os aparelhos Nextel por eles utilizados eram vulneráveis ao monitoramento da policia, e imediatamente teriam buscado outro meio de comunicação. Com isso, não haveria o desdobramento da operação que hoje trouxe a público o esquema montado em torno do jogo ilegal. *Por Reinaldo Azevedo BLOG DO MARIO FORTES

Ex-ministro de Lula determina que Cachoeira não vai falar na CPI.



     Dirceu Ayres


Quem espera revelações do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em seu depoimento marcado para amanhã na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura sua relação com autoridades deverá se frustrar. A defesa de Cachoeira definiu a estratégia no fim de semana: ou o empresário ficará calado ou ele não vai comparecer ao depoimento. A alternativa a prevalecer depende da resposta do Supremo Tribunal Federal sobre o pedido dos advogados para que a CPI dê a Cachoeira acesso ao material que tem contra ele, além de prazo para analisar os documentos. Se o STF negar o pedido ou não decidir até amanhã, Cachoeira deve permanecer em silêncio no depoimento -ou falar muito pouco. Se o Supremo aceitar o pedido, a defesa espera que seja dado um prazo para Cachoeira analisar os autos da CPI, o que adiaria o depoimento. Para a defesa, ele não pode depor sem saber o conteúdo da investigação. "Precisamos acabar com essa situação kafkiana", disse ontem o advogado de Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça no governo Lula. No romance "O Processo", de Franz Kafka, o personagem principal é investigado sem saber por qual motivo. Se o depoimento de fato ocorrer, será a primeira oitiva pública à comissão. Até agora, só dois delegados da Polícia Federal falaram, mas em sessões secretas. "Ele adotará a linha de não falar", disse o senador Humberto Costa (PT-PE). Por ora, a CPI do Cachoeira em nada se assemelha à CPI dos Correios, que investigou o mensalão em 2005. Naquela época, não havia investigação policial prévia nem extensos arquivos com intercepções telefônicas. "É que, neste caso, as investigações já estavam avançadas", completou o senador. Na quinta, a CPI ouvirá dois procuradores da República que conduziram a Operação Monte Carlo, que levou Cachoeira à prisão. Os integrantes da CPI querem, por exemplo, solicitar ao STF acesso ao sigilo bancário do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), investigado pelo envolvimento com Carlinhos Cachoeira. O Supremo já autorizou a abertura dos dados bancários do senador a pedido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Se não tiverem acesso por meio da corte, os membros da CPI pretendem votar requerimento para conseguir os documentos. (Folha de São Paulo)



FALCÃO COMANDA OS VIRA-BOSTAS VIRTUAIS DO PT



     Dirceu Ayres

O general: Sob o comando de Falcão, vira-bostas virtuais do PT seguem os passos de China, Irã e Venezuela  A internet aceita tudo. Chantagistas contrariados fazem circular fotos de atrizes nuas (vide o caso Carolina Dieckmann), revelam características físicas definidoras (“minimocartaalturareal1m59cm”), apelidam sites com artigos do Código Penal (“171”, estelionato) e referenciam-se em doenças venéreas -- por exemplo, na sífilis (grave doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum) -- para formar sufixos de nomes. É lamentável sob todos os aspectos que uma inovação tecnológica produzida pelo engenho, pela liberdade criativa e pela arte, combinação virtuosa só possível sob o sistema democrático capitalista, baseado na inovação, na economia de mercado e na livre-iniciativa, tenha nichos dominados por vadios, verdadeiros limbos digitais onde vale tudo -- da ofensa pura e simples a tentativas de fraudar a boa-fé dos usuários. Cidadãos que se sintam atingidos por epítetos como esses acima, que vagam pela internet, infelizmente, não têm a quem recorrer. Infográfico: saiba como a milícia virtual frauda o Twitter A rede mundial é descentralizada, não possui um comando único nem um mecanismo de regulação. Falta-lhe uma cabeça como, talvez, a do atual presidente do PT, Rui Falcão, alguém com estatura moral, motivações nobres, enfim, mão forte para fazer baixar, em nível planetário, um pouco de ordem e respeito sobre esse reino virtual tão vulnerável. Enquanto não houver uma governança mundial centralizada sobre a internet, nos moldes que propugnam Falcão e outros acipitrídeos, pandionídeos e falconídeos partidários, será essa indecência -- atrizes com fotos íntimas circulando sem o consentimento delas, cidadãos vendo suas características físicas caricaturadas, empreendedores com suas iniciativas associadas a artigos do Código Penal ou vendo sua notoriedade duramente construída tisnada por sufixos que lembram horrendas e deformadoras moléstias do corpo e da mente. Em algum momento, essas diatribes precisam ser atenuadas, pois nem os filtros disponíveis nos programas de mensagens são capazes de impedir essas distorções que tanto atrapalham a funcionalidade e minam o gigantesco potencial civilizatório da fenomenal invenção nascida das melhores cabeças científicas e comerciais dos Estados Unidos da América. Um dos grandes biólogos vivos, o britânico Richard Dawkins deu também uma contribuição duradoura às discussões sobre comunicação e internet quando sugeriu que idéias e genes têm algo em comum. Da mesma forma como os genes procuram se replicar na natureza, produtos do pensamento que Dawkins chamou de “memes” sobrevivem ou não na memória das pessoas. Uma lógica semelhante à da seleção natural valeria para os memes, de modo que alguns conceitos, imagens, metáforas ou estilos musicais subsistiriam, enquanto outros seriam descartados. É útil para quem acompanha a vida da internet raciocinar dessa forma. No Twitter, rede social que em março teve 12 milhões de visitantes brasileiros, todos os dias despontam milhares de memes na forma de hashtags, que são slogans ou temas para discussão antecedidos pelo sinal #. Essas palavras de ordem competem por atenção. A maioria é ignorada. Algumas despertam um interesse genuíno, são replicadas por um grande número de pessoas e acabam na lista de Assuntos do Momento organizada pelo serviço. Mas, assim como a engenharia genética pode modificar aquilo que surgiu espontaneamente na natureza, a computação pode alterar o destino de uma ideia lançada na rede. Nesse caso, o produto é invariavelmente um monstro, porque esse processo não apenas viola regras explícitas de uso das comunidades virtuais, mas também corrompe os princípios da livre troca de informações e opiniões na internet. É virtualmente impossível saber quem programou um robô malicioso -- e isso envenena ainda mais as águas e mina as bases da comunicação de boa-fé na rede. Mas é possível flagrar o seu uso. A situação se torna preocupante quando os robôs que fraudam um serviço como o Twitter são postos a serviço da propaganda ideológica. E piora ainda mais, ganhando os contornos da manipulação política, quando eles trabalham para divulgar teses caras ao partido que ocupa o poder. Isso, infelizmente, começa a acontecer no Brasil.

Por quê Fernando Collor tem ódio a Veja?

     


    Dirceu Ayres




Conheça a verdade: A entrevista que Pedro concedeu à VEJA há 20 anos e que está na raiz do ódio que Fernando Collor tem da revista.
Segue a entrevista que VEJA publicou em 1992 com Pedro Collor, irmão de Fernando Collor, e que acabou resultando na queda do ex-presidente, agora senador (PTB-AL) e aliado de Lula. Collor (leia abaixo) resolveu se vingar da revista, demonstrando que é do tipo que não aprende nada nem esquece nada. Antes, como agora, trata-se de apostar na liberdade de imprensa ou no seu controle pelo estado ou por um partido. Nos primeiros dias de seu governo, Collor determinou uma espécie de blitz contra a Folha e teve como resposta o repúdio da imprensa como um todo e da sociedade. Eram tempos em que não havia esbirros do petismo — ou do collorismo, é bom deixar claro — financiados com dinheiro público para intimidar o jornalismo. Passados vinte anos, o jornalismo livre, ainda que de modo oficioso, enfrenta mais dificuldades hoje do que antes. Afinal, Collor e setores de seu principal adversário de antes, o PT, se uniram contra a liberdade de imprensa. Lembrem a histórica entrevista. “O PC é o testa-de-ferro do Fernando” Na tarde da última quarta-feira Pedro Collor tomou um avião em Maceió e chegou a São Paulo após uma escala no Recife. Em com¬panhia da mulher. Maria Tereza, e de uma irmã, Ana Luiza, Pedro Collor deu uma entrevista de duas horas a VEJA. A seu pedido, o encontro ocorreu nas dependências da revista. A mulher e a irmã de Pedro Collor foram testemunhas de suas declarações, e chegaram a colaborar em algumas respostas. Além de fazer novas denúncias sobre a atividade de PC Farias no governo, Pedro Collor diz que ele é “testa-de-ferro” do presidente Fernando Collor. Diz que o jornal Tribuna de Alagoas, que PC Farias quer lançar em Maceió, na verdade pertence a seu irmão. Também garante que um apartamento de Paris que se supunha ser propriedade do empresário na realidade pertence a Fernando Collor. Para Pedro Collor, existe uma “simbiose profunda” entre os dois. Os principais trechos da entrevista: VEJA - O senhor se considera louco? Pedro Collor - Não, de jeito nenhum. VEJA - Se a sua própria mãe está falando isso, é o caso de perguntar. Já fez algum tratamento psiquiátrico? Pedro Collor - Não, nunca fiz tratamento psiquiátrico ou psicanálise. Essa pressão toda tem um objetivo claro. O objetivo foi passar para a opinião pública a sensação de que não tenho credibilidade, que estou sob forte comoção. Convenceram mamãe a assinar aquela carta. Ela é muito ingênua nesse sentido.
VEJA - As suas afirmações e denúncias, os documentos que o senhor levantou contra Paulo César Farias e as críticas que vem fazendo ao Presidente colocam o governo e o país numa situação delicada. O senhor está ciente disso? Pedro Collor - Absolutamente consciente. VEJA - O senhor tem dito que suas revelações podem acabar com o governo do seu irmão. E isso que o senhor quer? Pedro Collor - Não, mas qual foi o principal mote da campanha do Femando? Quem roubava ia para a cadeia. Na prática, estou vendo uma coisa completamente diferente. Ninguém pode enrolar todo mundo o tempo todo. VEJA - Essa briga começou em torno do lançamento de um novo jornal, que concorreria com a Gazeta de Alagoas, das organizações Arnon de Mello? Pedro Collor - Em janeiro de 1991, levei ao Fernando, no Palácio do Planalto, o plano de se montar um novo jornal em Alagoas. Seria um jornal vespertino. Já houve no passado vespertinos no Estado, e que pararam por um motivo ou outro, agora não há nenhum. Como achei que havia uma brecha no mercado, e a gráfica do nosso grupo estava ociosa, fiz a proposta ao Fernando. Expliquei que o novo jornal não faria parte do grupo da Gazeta, seria uma iniciativa à parte. VEJA - O que o presidente achou da idéia?
Pedro Collor - Ele me disse o seguinte: “Não, não leve a idéia do jornal adiante porque eu vou montar uma rede de comunicação paralela em Alagoas com o Paulo César, e essa rede terá um jornal”. O Fernando falou que o jornal iria se chamar Tribuna de Alagoas. Disse também que a Tribuna seria impressa na imprensa oficial do Estado. Então perguntei por que ele não imprimia esse novo jornal na gráfica do nosso grupo. O Femando respondeu: “Não”.VEJA - A rede de comunicação seria de PC Farias? Pedro Collor - O PC seria o testa-de-ferro. Era uma empresa de testa-de-ferro, que teria o jornal e de doze a catorze emissoras de rádio. VEJA - Qual foi a sua reação a essa rede? Pedro Collor - Raciocinei que, se o novo jornal ia ser impresso na imprensa oficial, seria em preto-e-branco, um jornal para ocupar espaço, evitar que grupos adversários na política entrassem na área. Dizia-se que não era um jornal para concorrer efetivamente com a Gazeta e, de repente, compraram um maquinário exatamente igual ao nosso, e me tomam funcionários pagando três ou quatro vezes mais do que eles ganham conosco. Então é um negócio para destruir o nosso, certo? Foi aí que a coisa começou. Houve também um problema corri a instalação de rádios. Na mesma reunião em que falei do novo jornal com o Fernando, eu disse que precisávamos também de duas rádios, FMs pequenas ou médias, na periferia de Maceió. VEJA - Como o senhor conseguiria essas rádios? Pedro Collor - Pelas vias normais. Essas duas rádios já existiam no plano traçado pelo governo. VEJA - E obteve as rádios?
Pedro Collor - Obtive duas negativas. Simultaneamente, eles mexeram no plano, a ponto de contemplar todas as cidades que até então não estavam com rádios FM.
VEJA - Isso foi feito por quem? Pedro Collor - Por solicitação do deputado Augusto Farias, irmão do PC. Vejam bem: converso com ele tentando montar um jornal, falo das rádios que podem entrar. Negam para mim. E viabilizam para eles umas doze rádios que nem estavam cogitadas no plano. VEJA - O senhor tentou chegar a um acordo sobre o jornal antes de começar a recolher documentos sobre os negócios de PC? Pedro Collor - Houve tentativas que não deram certo, porque a intenção não era montar um jornal assim ou assado, mas montar um jornal para destruir o nosso. Em fevereiro passado, saiu aquela reportagem do Eduardo Oinegue, em VEJA, sobre o assunto, em que eu chamava o PC de lepra ambulante. Eu estive então com o Cláudio Víeira (secretário particular de Collor, afastado do governo na reforma ministerial). O Cláudio me disse que há cinco dias o Fernando não despachava com ele, nem com o general Agenor, nem com o Marcos Coimbra. O Cláudio Víeira me contou que no dia anterior o Fernando havia se reunido, durante uma hora e meia. com o procurador-geral da República, Aristides Junqueira. Segundo o Cláudio me contou, o procurador disse ao Fernando que, se eu não desmentisse a reportagem de VEJA, o Junqueira iria instaurar um inquérito, e que isso derrubaria o governo. Eu respondi ao Cláudio que não tinha intenção de derrubar o governo de ninguém, que minha intenção era me preservar e alertar que o PC era uma bomba atômica ambulante, independentemente de jornal ou coisa que o valha. Esclareci que não poderia desmentir a reportagem pura e simplesmente, e pedi um compromisso firme de que o PC não iria tentar acabar com nossa organização. Sugeri que a Gazeta arrendasse a gráfica da Tribuna, pagasse, e nós imprimíssemos o jornal. Cheguei a conversar depois sobre essa proposta com o PC, e ele disse que adorou. Na hora de formalizar o acordo, sumiu. O Cláudio Vieira então me disse que o Paulo César estava com outras idéias e ia me procurar. Estou esperando até hoje. VEJA - Por que o pre¬sidente Collor, se é ele que está por trás dessa rede de comunicações montada pelo PC, esta¬ria interessado em preju¬dicar e até destruir os negócios da família? Pedro Collor - É uma questão que só Freud explica. (Tereza, mulher de Pedro Collor. pede para falar) Tereza - O Fernando Collor faz isso porque o Pedro não se submete a ele. O Fernando viu que não podia tirar o Pedro da administração dos negócios da família. Foi o Pedro quem geriu, e bem, as empresas durante esses anos todos. O Fernando quer o meio de comunicação e instrumento político, enquanto o Pedro tem a responsabilidade de administrá-lo como empresa. É daí que nasceu a divergência. VEJA - O senhor acha mesmo que o PC é um testa-de-ferro do presidente nos negócios? Pedro Collor - Eu não acho, eu afirmo categoricamente que sim. O Paulo César é a pessoa que faz os negócios de comum acordo com o Fernando. Não sei exatamente a finalidade dos negócios, mas deve ser para sustentar campanhas ou manter o status quo VEJA - De quem é o apartamento de Paris onde funciona a S.CI . de Guy des Longchamps e Ironildes Teixeira? Pedro Collor - É dele.
VEJA - Dele, quem?
Pedro Collor - Dele. Do Fernando, claro.
VEJA - O senhor não tem dúvidas?
Pedro Collor - Não tenho a menor dúvida.
VEJA - De quem é o jatinho Morcego Negro?
Pedro Collor - Acho que é do Paulo César, mas não posso afirmar.
VEJA - O presidente Collor sairá mais rico do governo? Pedro Collor - Em patrimônio pessoal, sai. Sem dúvida nenhuma. VEJA - O presidente está envolvido na sua denúncia de que o Paulo César recebeu unta comissão de 22% sobre os negócios entre a empresa IBF e o governo para a implantação da raspadinha federal? Pedro Collor - O Fernando não entra no varejo da coisa. Ele apenas orienta o negócio. VEJA - O que acontece com o dinheiro? Pedro Collor - O Paulo César diz para todo mundo que 7O% é do Fernando e 3O% é dele.
VEJA - O senhor acredita nisso? Pedro Collor - Eu não sei se a porcentagem exata é essa.
VEJA - Mas o senhor sustenta que existe uma sociedade entre os dois?
Pedro Collor - Tenho certeza de que é assim. Existe urna simbiose aí. Eu não estendo as acusações ao Fernando diretamente. Uma coisa é você concordar. Outra coisa é operacionalizar. São duas coisas distintas. Operacionalizar, no sentido do dolo, no sentido do ilícito, isso é muito do temperamento do PC. Ele tem prazer nisso. O Fernando é incapaz de sentar em uma mesa e dizer assim: “O negócio é o seguinte: preciso de uma grana para a minha campanha. Me ajuda”. Pode estar nu e sem sapato que não pede ajuda. Já o PC toma. Deixa você nu se for possível.
VEJA - O senhor já ouviu do Paulo César que ele tem essa associação com o seu irmão?
Pedro Collor - Sim, já ouvi dele.
VEJA - E do presidente?
Pedro Collor - Não, do Fernando, não.
VEJA - O PC é uma pessoa digna de crédito?
Pedro Collor - Se ele foi o tesoureiro de duas campanhas do Fernando, se age com age publicamente, se ele mesmo fala isso, eu só posso concluir que é verdade.
VEJA - Qual foi a última vez em que o senhor e o presidente conversaram sobre as atividades de PC Farias?
Pedro Collor - Em janeiro deste ano. Eu tinha acabado de chegar do exterior e o Fernando me chamou para almoçar. Foi uma conversa afável, embora o Fernando, tenha se mostrado cuidadoso ao mencionar o nome do PC. Pisava em ovos. Eu reclamei da maneira como o PC vinha tentando destruir o nosso jornal em Alagoas, chamando nossos funcionários. Foi uma conversa sobre os problemas com o jornal.
VEJA - O senhor mencionou as denúncias de corrupção sobre PC?
Pedro Collor - Com o Fernando, exatamente, não. Falei “n” vezes com os meus irmãos Leopoldo e Leda, com o Cláudio Vieira e o Marcos Coimbra.
VEJA - Por que nunca falou diretamente com o presidente?
Pedro Collor - Eu sentia que, se eu falasse, ele iria ter uma explosão violentíssima. O Fernando não gosta de escutar críticas.
VEJA - Por que o senhor passou a envolver o presidente Collor nas suas denúncias contra o PC?
Pedro Collor - Eu comecei a receber ameaças de morte dos irmãos do PC através de interlocutores comuns. Cheguei a falar com o Cláudio Vieira sobre tudo o que estava acontecendo. Concluí que o PC não estava agindo por conta própria. É o estilo típico do Fernando usar instrumentos. Ele não ataca de frente.
VEJA - O senhor não acredita que exista uma vontade política real do presidente em investigar as atividades de PC Farias. Afinal, a Receita Federal foi acionada para vasculhar o imposto de renda de PC?
Pedro Collor - Não acredito nisso. Acho que a investigação ia ser empurrada com a barriga e seria apenas retórica.
VEJA - Qual a diferença entre o PC Farias e o Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP? Ou entre o PC e o Cláudio Vieira? Ou entre eles e o Claudio Humberto?
Pedro Collor - São os métodos. O PC é o erudito do roubo, da corrupção, da chantagem. Os outros têm uma aspiração, mas também têm um teto. O PC não tem limites.
VEJA - Mas o PC vai até onde?
Pedro Collor - Ele é capaz de matar para extorquir.
VEJA - O senhor apresentou o PC Farias ao Fernando Collor. Quando começou a afastar-se dele? Por quê?
Pedro Collor - Na época eu não o via como hoje. Ele era um sujeito enrolado com negócios, mas apenas isso. Não pagava as contas. Mas era um sujeito jeitoso, muito insinuante, muito simpático. Ele é muito envolvente em negócios. Comecei a me afastar quando o Fernando se tornou governador do Estado.
VEJA - O senhor tem alguma coisa contra o cidadão Fernando Collor, seu irmão?
Fernando Collor - Pessoalmente, o Fernando é um sujeito extremamente talentoso, carismático, magnético e, em alguns momentos, é uma criatura fantástica, cheia de energia. Ao mesmo tempo, é rancoroso, vingativo e adora manipular as pessoas. Ele gosta das pessoas subservientes.
VEJA - O senhor chegou a falar que o seu irmão Fernando tentou se insinuar junto a sua mulher, Tereza. Como foi isso?
Pedro Collor - Não foi exatamente isso. Eu e Tereza tínhamos passado por uma crise conjugal, o que acontece muitas vezes entre casais. Isso foi em 1987, quando Fernando era governador de Alagoas. Nesta ocasião, eu estava no Canadá. Tive a informação de que ele chamou Tereza para conversar no palácio. Conversaram durante um bom tempo. Ali era o lugar onde ele tinha intercurso, com algumas moças. Houve fofocas sobre isso e eu fui informado. Tereza foi depois para Paris e Fernando me chamou para dizer que havia conversado com ela e que eu me preparasse porque ela iria se separar de mim. Disse que eu havia pisado muito na bola e que me preparasse. Em paralelo, eu sabia que ele estava telefonando para ela em Paris, naturalmente utilizando a fragilidade da relação para telefonar e talvez até fazer a cabeça dela. Eu consegui as contas telefônicas do palácio que comprovaram essas ligações.
VEJA - Houve uma tentativa explícita de sedução?
Pedro Collor - Eu acredito que implicitamente ele tentava mapear a situação, diante de uma pessoa fragilizada emocionalmente pela perspectiva de uma ruptura de casamento. Uma voz simpática. um ombro amigo…
VEJA - Tereza, houve uma tentativa de sedução?
Pedro Collor - Não, ele tem esse jeito de falar que é meio fraternal, meio conselheiro.
VEJA - Apesar de sua suspeita de paquera por que continuou freqüentando seu irmão? Por que esteve na posse dele como presidente?
Pedro Collor - Porque não se deve sair arrebentando portas. Tive controle emocional.
VEJA - Pelo que se deduz, o senhor coloca esse episódio como um entre vários através dos quais seu irmão tenta atingi-lo. É isso?
Pedro Collor - O que ele quer é me ver distante do comando administrativo das empresas que temos. Para colocar uma pessoa dele lá dentro, por uma questão política.
VEJA - O senhor nomeou alguém para o governo federal?
Pedro Collor - Nem para a prefeitura de Maceió nem para o governo de Alagoas nem para o governo federal.