sábado, 23 de março de 2013

A CONSULTA DIFERENTE


          
     Dirceu Ayres

A mulher entra no consultório do Médico para ser atendida e o Médico muito educado fala.
– Então, senta aqui senhora e me diz o que está sentindo.
- Aí é que tá Doutor: eu não consigo sentar direito. Tenho uma dor impossível aqui na base da coluna. Fisga, puxa, dói, rasga, parece que está me enfiando um parafuso no osso. Bem um parafuso no osso mesmo, não entender diferente.
- Sei. Mostra-me exatamente onde é que dói?.
- Aqui, ou. Bem. Eu acho. Sei lá, vai ver me fizeram alguma macumba, um vodu.
- Eu sou médico, eu não acredito em macumba ou nessa estória de vodu.
- Então é câncer, Doutor. Em câncer o senhor acredita né? Tomo esses remédios todos e espero que o senhor passe mais algum comprimido para essa dor.
- Na sua idade, não é provável o câncer. Mas também nunca tinha visto ninguém tão nova, nervosa e hipocondríaca. É, vai ver é câncer mesmo. (Já se irritando)
- Doutor!!!! O Médico, clínico famoso, já escabreado com a paciente de comportamento tão neurótico, afirmou... É pode ser Câncer mesmo. -O Médico nunca tinha sido tão provocado como o que essa paciente estava fazendo e ele já estava se sentindo impaciente.
-Ela volta à carga: Como o senhor sabe que é câncer mesmo Doutor?
-Ora, você mesma quem insinuou que em não sendo vodu\macumba, seria câncer.
-Más a palavra do médico é que é a palavra final e de responsabilidade, disse ela.
-Bem, eu lhe disse que não era e na sua idade seria pouco provável.
-Más, deve ser uma doença perigosa ou infecto contagiosa né?
-Acho que você está no médico com a especialidade errada, seu caso é para um Psiquiatra pois é a especialidade que vai resolver o seu problema, Os Psiquiatras são calmos, competentes nesses casos e são uma especialidade Médica que conforta e cura qualquer desequilíbrio nervoso e esses tipo de dor.
-Más já me disseram que Psiquiatras são Médicos de doido! Exclamou a paciente, o senhor acha que eu estou doida?
-Não minha senhora, é que eu estou como o Papai Noel e temo pelo meu saco.
-Mas eu não entendo nada do que o senhor está falando, isso é cultura demais? Deus, todo que Médico diz ou escreve ninguém entende, puxa vida, e agora Doutor?
- O Doutor já a beira do desespero, senhora aqui está o dinheiro que pagou pela consulta, estou devolvendo para que a senhora vá embora, terminou, acabou a sua consulta, por favor, vá embora!!!.
-Vigi Doutor, acho que o senhor está aborrecido viu!!!
-O Médico já no desespero diz... Não, não estou não, estou só cansado mas vá embora.
-O senhor está mesmo decidido a me mandar embora né? Não quer me atender né?
-Meu Deus tenha piedade de mim, faça com que essa criatura vá logo embora.
-A mulher diz ôchénte seu Doutor, se é por mim eu já vou embora viu? Cháu, e nunca mais. O Médico cancelou as outras consultas para aquela tarde, pegou seu carro e se mandou pela estrada, aí notou que estava na Cidade de Coqueiro Seco e nem sabia o porquê nem como tinha chegado lá. Deu meia volta e foi prá casa. Certas consultas parecem perguntar: “É só isso?”. Uma consulta ao médico não é uma consulta ao médico até que um estetoscópio tenha sondado os ritmos internos do coração, ou até que mãos profissionais tenham apalpado a barriga. Pesquisas mostraram que os pacientes sempre esperam um exame físico. Mas existe alguma pesquisa mostrando que um exame físico – numa pessoa saudável – traz qualquer benefício? Apesar de uma longa e célebre tradição, o exame físico é mais um hábito do que um método clinicamente comprovado de encontrar doenças em pessoas assintomáticas. Existem poucas evidências para sugerir que ouvir rotineiramente os pulmões de todas as pessoas saudáveis, ou pressionar seus fígados, encontrará uma doença que não houvesse sido sugerida pelo histórico do paciente. Para uma pessoa saudável, uma “descoberta anormal” num exame físico tem mais chances de ser um falso positivo do que um sinal real de doença. Mas o exame físico serve a qualquer outra proposta? O relacionamento médico-paciente é fundamentalmente diferente. Apesar da invasão da medicina baseada em evidências, imagens de ressonância magnética, angiografias e exames outros, há claramente algo de especial, talvez até mesmo de cura, no toque. Existe um calor de conexão que substitui qualquer fator intelectual, e essa conexão atinge os dois lados do relacionamento médico-paciente. É como se o Paciente estivesse a dizer “Vamos ao exame seu Doutor”. A natureza polida e profissional de nossa conversa inicial se derreteu. Não importa como chegamos a esta sala, a estas posturas, a esta conexão, agora somos mais íntimas. Mesmo se nossa conversa inicial tivesse sido marcada por frustração ou raiva, o timbre de nossa interação teria se suavizado. É quase impossível ficar irritado ou seco quando pele está tocando pele. Talvez esse seja o centro da questão. O toque é inerentemente humanizado e, para que uma relação médico-paciente tenha qualquer significado além de uma interação comercial, é preciso haver confiança – das duas partes. Como já foi provado em maternidades e intuído pela maioria dos médicos, enfermeiras e pacientes, uma das maneiras mais básicas para estabelecer confiança é através do toque. É por isso que a consulta ao médico nunca parece completa sem um exame físico. Ele é parte essencial da relação médico-paciente, que não pode ser subestimada.
         

A SÊDE


         
    Dirceu Ayres

O viajante prosseguia sua caminhada em busca da cidadezinha onde efetuaria seus trabalhos com as encomendas que iria mandar da Fábrica quando ele entregasse os pedidos. Estava o viajante morrendo de sede, perdido no meio da estrada, com um sol escaldante queimando sua cabeça, seu carro havia quebrado e ele havia abandonado, quando de repente viu uma casinha de taipa. Imediatamente chamou a porta da casa, bateu palmas e logo apareceu um garotinho mulato, barrigudo e de olhos remelentos.
- Você poderia me arranjar um copo com água?, Preciso beber água ou algum líquido urgente, pois minha garganta está queimando. Falou - o viajante.
- Poderia sim, senhor! Respondeu o garoto muito solícito.
Então, o menino desaparece para dentro da casa e logo volta com uma cuia preta com água que entrega ao viajante. O viajante olha meio enojado para a cuia preta, fecha os olhos e o nariz, bebe tudo num gole lento, sorvendo o líquido que naquele momento era um milagre.
- O senhor achou muito ruim? – perguntou o menino. - não, por quê? Perguntou o homem que já estava ficando desconfiado do jeito do menino.
- É que tinha um rato morto dentro do pote! E eu não pude tirar. - Seu filho de uma égua! - esbravejou o viajante muito furioso. - Na hora que eu te pegar, quebro essa desgraçada cuia na sua cabeça!
- Faz isso não, moço, que essa cuia é da minha mãe mijar dentro! E se o senhor não gostou da água, tudo bem, mas não quebre a cuia não, porque pode ser que o meu Pai não goste e vá atrás do senhor e corte o seu “peru” Pois é o que ele sempre faz quando está com raiva. O viajante procurava se controlar, respirava devagarzinho e procurava um lugar com um pouco de sombra para arrumar os pensamentos. De repente uma mão magra foi posta em seu ombro, - senhor está se sentindo bem? O viajante se virou e viu uma velha senhora bem magra tão magra que era possível ver seus ossos através de seu transparente vestido de chita. Tinha um seio para baixo o outro para cima, grandes e moles, completamente desdentada, cabelos desgrenhados cheirando a bebida barata e ruim, um pedaço de cigarro com palha de milho jazia no canto da boca e para completar o quadro, duas pernas finas e brancas com muita poeira cobrindo os ossos. Da boca, saia uma baba gosmenta e constante junto com a fumaça do cigarro. O viajante como se fora mordido por um cachorro doido, disparou a correr pela estrada e não parou até chegar à cidade que prá sua sorte era a mesma cidade que ele vinha procurando.
       



A MAQUIÁGEM.




    Dirceu Ayres

Há muito tempo, muito antes dos nossos avôs e bisavós, já havia a polêmica: Se a mulher deveria recorrer ou não aos recursos artificiais para embelezar-se, livrarem-se dos “pés de galinha”, as famigeradas pregas do rosto e travar a luta de foice contra o “tempo e o envelhecer”, como já dizia Shakespeare!. É deveras uma das mais enrugadas e engelhadas questões da humanidade, principalmente das mulheres que agora alcançam o seu momento máximo, que chega a seu clímax com o já famoso... Botox. Em meados do século XIX, o poeta Charles Baudelaire, já fazia um chamado para que as mulheres superassem as “imposições” do tempo, as marcas da Natureza e chegada da velhice. Charles Baudelaire dizia: “A mulher tem todo o direito, aliás, ela está até mesmo cumprindo uma espécie de dever, quando se dedica a aparecer mais bela, cheia de curvas quase sobrenatural”, pregava no seu breve ensaio “Elogio à maquiagem”. Segundo o francês, um dos inventores do que chamamos hoje de modernidade, não importava qual fosse o truque feminino, o que valia era o seu efeito irresistível. Vocês se lembram da moça linda que aparecia no Filme “La Violeteira” cantando a música –Au-di-lá, que glória, belíssima morena. E vocês, meus amigos, que acham? Opiniões serão bem-vindas. E fica ai minha opinião e conselho para senhoras e senhoritas. Maquiem-se, usem Botox se preciso for, fique bela para agradar seu homem ou a quem lhe interessar. Use sua beleza como uma ferramenta para tudo que você tiver que fazer. Faça como dizia Dorival Cayme com aqueles versos maravilhosos que dizia mais ou menos assim: “Pinte esse rosto que eu gosto e que é só seu”. Ou “Você é bonita com o que Deus lhe deu”. Com todos aqueles lápis que lhe fazem uma criança brincando de colorir o desejo tenha ou não tenha um belo cavalheiro no seu horizonte, no seu lado criança de ser. O importante de verdade é que você deve cuidar mesmo com todo vigor da Juventude que lhe resta, cuidar de ter uma boa aparência, cuidar de sua jovialidade e fazer parecer que está tudo bem ou que está de bem com a vida. Se você não se gostar... Quem vai gostar de você?. Ame-se, devote mais um pouco de amor a si mesma, pois se amando nem sequer adoecerá viverá mais e com melhor qualidade de vida. Quando digo... Maquiar-se, é de verdade se embelezar e não proceder com falsetes, tipo “maquiar” a sua postura, sua conduta e lidar com as pessoas sem ”mascaras”, isso é não falsear ou maquiar seu proceder. E quando preciso for, faça a cirurgia plástica, seja onde for a qualquer parte de seu corpo ou nas extremidades, mas... Faça. E tenha o cuidado de procurar um profissional conhecido, bem capaz e acima de tudo competente. Não tema, o “Bicho” é sempre do tamanho que nós fazemos o medo só atrapalha. Confie no seu Deus, confie no Médico que você conhece ou escolheu seu Anjo da guarda e seu Deus estará sempre e durante todo tempo junto a você, eles não te abandonarão, pois você é uma filha da Divindade... Não tema, também é irmã das estrelas, dos Planetas e movida pela energia de vida do Universo, parte de um Deus, o criador e mantenedor de todas as coisas e elas não usam maquiagem para conosco, são corretas e cuidam de nossas vidas, vá, sem medo estará protegida.