terça-feira, 27 de março de 2012

Comissão da Verdade vira Comissão da Provocação.

              
      Dirceu Ayres

É bom que surja alguém para impedir que gentalha como Sílvio Tendler, que incentiva provocações para tomar imagens e vender mais um dos seus filmes "históricos”, para pacificar os dois lados. A Comissão da Verdade está virando Comissão da Provocação. Radicais começam a fazer julgamento com as próprias mãos, constrangendo cidadãos na frente das suas casas, em condenação prévia. Isto pode acabar pior do que briga de torcidas. É bom que alguém com lucidez faça alguma coisa para impedir conflitos. Um mês depois de lançar um manifesto para cobrar da presidente Dilma Rousseff uma postura contra a Comissão da Verdade, o Clube Militar realizará, na próxima quinta-feira, às 15h, no Rio, evento de comemoração aos 48 anos do golpe militar de 1964. No mesmo dia, uma outra manifestação, esta em defesa da Comissão da Verdade e contra o evento no Clube Militar, vai ocorrer na Cinelândia, em frente ao prédio do clube. O ato é organizado por nomes da sociedade civil, como o cineasta Silvio Tendler, e organizações de defesa dos direitos humanos, como o Grupo Tortura Nunca Mais-RJ. Também está prevista a participação de militares cassados pelo golpe de 64, que patrocinaram um manifesto contrário ao do Clube Militar e em defesa da Comissão da Verdade e de Dilma. O ato no Clube Militar, chamado de "1964 - A Verdade", terá como palestrante o general Luiz Eduardo Rocha Paiva. O militar já deu declarações contra a Comissão da Verdade e sugeriu que Dilma fosse convocada para depor sobre as ações de resistência à ditadura militar. A presidente Dilma proibiu a comemoração oficial do golpe de 31 de março de 1964 por representantes das Forças Armadas. O Clube Militar, no entanto, antecipou a data e distribuiu os convites, exigindo traje esporte fino para quem comparecer. - Lamentamos profundamente que tenhamos uma comemoração desta natureza - disse Elizabeth Silveira, do grupo Tortura Nunca Mais. O presidente do clube, general Renato César Tibau da Costa, não retornou as ligações. (O Globo) Militares da reserva e policiais acusados de atos de tortura e outros abusos cometidos durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985) foram alvo de manifestações realizadas ontem em seis cidades do país. Integrantes do Levante Popular da Juventude - movimento que surgiu há seis anos no Rio Grande do Sul e hoje tem representantes em todo país - levaram faixas e fizeram "apitaços" em frente às casas ou endereços de trabalho de pessoas identificadas como torturadores, com o intuito de constrangê-las. As ações ocorreram em Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Fortaleza, Belém e Aracaju (SE), e devem continuar nos próximos meses. O grupo chama os atos de "escracho" e informa ter se inspirado em ações semelhantes que ocorreram em países como Argentina e Chile. Eles levam cartazes com imagens dos militares e de vítimas, com base em informações de processos do Ministério Público Federal, livros da época, grupo Tortura Nunca Mais e relatos de familiares. - Até agora, a única posição que vinha ganhando visibilidade era dos militares que se colocavam contra a Comissão da Verdade e em defesa dos atos do regime. Queremos ter acesso à verdadeira história do Brasil - diz o analista de sistemas Edison Rocha Júnior, de 26 anos, integrante do Levante em São Paulo, onde o ato reuniu cerca de 200 manifestantes em frente à sede da empresa de segurança privada Dacala, que pertence ao delegado aposentado do antigo Departamento de Ordem Política e Social, David dos Santos Araujo. Araujo foi acusado pelo Ministério Público Federal de participar da tortura e do assassinato do ativista Joaquim Alencar de Seixas, em 1971. Depois do ato, a empresa retirou de seu site as logomarcas de seus principais clientes. Ninguém na empresa quis dar entrevista. Em Porto Alegre, um muro do outro lado da rua da casa do coronel Carlos Alberto Ponzi, ex-chefe do Serviço Nacional de Informações da cidade, amanheceu com a frase: "Aqui em frente mora um torturador". Ponzi foi citado em processo que apurou o desaparecimento do militante Lorenzo Ismael Viñas em Uruguaina (RS). O GLOBO deixou recados no telefone da casa do coronel, mas ele não retornou. (O Globo)



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