sábado, 25 de dezembro de 2010

REVOLTA DO DOENTE.


A morte, essa cobra envenenada!
Sempre lutarei como eu luto ainda
Com minha pobre vida quase finda
E contra sua língua Endiabrada.

Como o Poeta, mas não sei se erro!
“A Besta que em mim acorda em berro”
Rangendo dente como atrito em ferro,
Mau que com ferramenta não serro.

Tem química grande no cemitério
Das carnes que escorre dos defuntos
Que saem de ossos ainda juntos
Fabricando um coquetel Deletério.

A Miséria de ser um Miserável
Ter uma vida mais que monstruosa
Ouvir sempre conversa tão melosa
Chegar a conclusão irreconciliável.

Acompanhado sempre de um gemido
E minha mágoa grande é tão profunda;
Chego a pensar nessa doença imunda.
Que todos falam e vem pra meu ouvido.

Lutar sempre nessa vida ingrata!
Brigar muito com essa doença chata
Que calada, incha, cresce e racha.
Depois de a doença abater, lhe mata.

Existi sim, amizade verdadeira,
De cadáver deitado numa esteira,
De um parente a lhe falar besteira?
 Papa Defunto a maquiar Caveira.

E assim, o Espírito se largando!
Largando, vida que tinha até então;
Usá a “Sombra” que falou Platão,
Ir para onde as “Sombras” tão ficando.

Ficar com a energia verdadeira,
Vivendo sempre num lugar tão limpo
Com cheiro de rosas que até eu sinto
Depois da Morte, aqui não tem sujeira.

Procurar ser feliz, não desgraçado.
Alimento: Nem insosso nem salgado,
Tomar suco de frutas mesmo aguado,
Ser distinto com as Ninfas, não ousado.

Viver sempre despido de tentação
Ler muito, aprender com essa lição;
Tudo que a vida não deu com razão,
Enquanto aguardo a reencarnação.

Despedir dessa vida sem nem um ai
Rezando o ofício da agonia
Enquanto minha alma se esvazia
Ir para o lugar onde foi meu pai.

Minha mãe Consuelo, tão Bonita...
A Morte não poupou sua beleza
Filha linda que era da Natureza
A morte foi assim, sua desdita.

Agora é sua vez... Velha nefasta,
Em seu caminho tu só trás desgraça
As vidas que seus pés prende e amassa;
Vou desgraçá-la com fogo e cachaça.

Vou trancá-la num lugar bem rasteiro
Colocá-la dentro um grande braseiro
Virar fumaça, espalhar mundo inteiro!
Destruí-la, nunca mais sentir seu cheiro.

Distanciá-la bem da Natureza,
Trancá-la num local bem profundo
Enviá-la pra dentro do submundo;
Não deixá-la praticar sua safadeza.

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