domingo, 20 de março de 2011

A MINHA VELHICE

  
 DIRCEU AYRES
Envelheci; tão depressa, não esperava;
Desapareceu toda minha mocidade,
Em minha existência atribulada!
Não era bem assim que eu pensava.


Sempre julguei que a velhice tava longe
Descuidei-me, pensei que era aventura.
Vida sofrida, recheada de amargura;
Agora o fim sem a reza, nunca fui Monge.   

Nordestino, cheio de Nordestinidade!
Fim da linha, muito cheio de saudade;
Brasileiro, cheio de Brasilidade!
Vou pra terra, muito cheio de bondade.

Sempre achei que a minha mocidade
Ia durar uma vida farta e pura
Sem me preocupar com as agruras,
Agora amargo o fim, é só saudade.

Minha infância, sempre cheia de aurora!
Fui feliz, não reclamo à vida crua...
O pai pobre, eu brincava pela rua;
Muito bom, pois, não reclamo agora.

Assim, eu vivi como menino;
Caçando, Pescando, estudando;
Na missa via o Padre comentando
Tudo que ele dizia do Divino.

Cresci... Em Camaragibe fui morar
Mesmo sendo rapaz eu trabalhava,
Na banda de música eu estudava     
Arranjava tempo para namorar.

Trabalhei, muita gente ajudei.
Casei-me, uma Família constituí.
Meu primeiro salário eu recebi
Pra Capital com família me mudei.

Na Cidade também me estabilizei
Comprei casa, tudo com muito jeitinho;
Os meninos sempre dedicaram carinho
A Mulher que no início eu bem amei.

Agora estou de testa com a velhice
Juventude com o tempo já passou
Agora doente e velho já estou
A Morte olha, seu assecla me assiste.

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