segunda-feira, 25 de abril de 2011

A CARABINA .

                  
                                            Dirceu Ayres
               
O clima rural clássico, do Interior, o bucolismo, o campo. Aluna e aluno sentado lado-a-lado na escolinha da vila, e de vez em quando uma troca de olhares, mas nada além. Lição de casa em dupla com o colega do lado, e o menino já acha que é o destino sendo pai de mais um amor. Saindo do colégio, vão conversando até o banco da praça, lugar de menino e menina paquerarem sem medo de ficarem falados. É o plano do menino, apaixonado pela primeira vez: enquanto faz a lição, toca na mão da menina, lhe dá um beijo e ela fica grávida. Aí eles casam, sob a mira da carabina do pai dela, e ficam felizes para sempre. Ele já até sonha, sonha muito, já que a vida de quem engravida a namorada adolescente e casa sendo obrigado, sempre é repleta de perspectivas. Ele planeja cada degrau da sua subida rumo ao altar, astuto como só um menino de interior pode ser. Primeiro, a mão no caderno dela. Aí, a mão nos seios dela, mas por fora da blusa, porque ela é moça de respeito. Não, esquece a mão nos seios. A mão escorrega rasteira pelas costas rumo à retaguarda, a bundinha, mas não esqueçamos que ela é moça de respeito, e ela aceitaria um beijo, engravidaria e, carabina!, Casamento à vista. O menino põe-se a executar, malicioso, o holocausto da sua inocência, um ponto final para as calças curtas. Ligeiro, a mão dele lhe escapa, boba, e rodopia até a mão dela. O rosto corre com a boca fazendo biquinho até chegar pertinho o suficiente para engravidá-la digo beijá-la. Engravidá-la com beijos, beijos e mais beijos, para depois poder alisar a bundinha dela como ele desde o início queria. E a carabina?, Bem era sempre isso que o preocupava, a carabina do Pai dela, mas a vida, pensou, meu Pai sempre dizia que era feita de desafios e de vencer o medo Portanto vou continuar achando que o Pai dela e sua carabina não evitarão que eu a beije. Deus, o mínimo que eu poderia fazer agora era criar coragem e beijá-la até ela engravidar, engravidar como as pessoas sempre dizem. Beijar boca com boca, troca de línguas, alisamentos no escuro do Cinema, sem cuidado, sempre engravidam, sabe que vivo assustado, mas tenho de tentar, já estou nervoso e o meu eu está pedindo, tenho de tomar alguma atitude, que qualidade de homem eu seria se não fizesse nada ou irão pensar que eu sou?. É bem capaz dos meninos pensarem que eu já estou com problemas até na “correia dentada”. Só por causa de uma famigerada carabina que eu nem sei se ainda dispara e não tenho nenhuma vontade de testar, muito menos em mim mesmo. Diabos que situação mais vexatória, e não sei ainda o que fazer. O cúmulo da fraqueza é e será sempre a falta de atitude, não vou nessa, tenho de engravidá-la beijando-a ate a barriga crescer e se o Pai dela aparecer com sua empestada CARABINA, bem, ou eu corro, ou vou enfrentar a fera, vou decidir na hora. Agora estou pensando em levá-la a um lugar tranqüilo e fazer as coisas que eu sei e acho que tenho todo direito de fazer, quem sabe dessa vez eu vou engravidá-la nem que eu tenha de passar o dia todinho beijando até de língua a danadinha da minha namoradinha, alisando sua linda Bundinha tão proeminentezinha e que é tão bonitinha, gostosinha e não vai deixar que eu me lembre da Carabinazinha do Papaizinho dela, Fui, Fui, cháu.

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