terça-feira, 14 de junho de 2011

ALMOÇO DE 3.400,00 reais

    Dirceu Ayres

2011 do Rio de Janeiro afirmam que a maioria dos artistas do Brasil se alimenta e são assíduos clientes do Antiquarius, um excelente restaurante português no Rio de Janeiro cuja reputação é conhecida no Brasil e no exterior. O preço? Muito barato, uma bobagem aproximada de 3.400,00 (três mil e quatrocentos reais) por casal. Sem vinho é lógico. Felizmente eles podem freqüentar o Antiquarius. Demonstram duas coisas: Primeiro, que possuem um gosto apurado para uma boa refeição e que podem pagar caro por ela. Nas suas áreas de atuação, são todos profissionais bem sucedidos e financeiramente recompensados à altura por suas atividades. Segundo, costuma ser assim no capitalismo quando alguém se destaca. Mas há uma coisa que é muito estranha em se tratando de alguns artistas. Eles não se furtam a pagar o equivalente a 70 Quilos de contra filé (ou 200 de frango) quatrocentas refeições no: barriga cheia por uma refeição, mas adotam invariavelmente um discurso de igualdade social que é desmentido por eles próprios, já que fizeram por merecer ter uma refeição de 3.400 reais. Nem vou entrar no mérito de ser engraçado e contraditório pagar tanto dinheiro para comer e se dizer sensível às mazelas da sociedade. Talvez haja um tanto de cinismo mesmo e vontade de estar bem na “fita” por parte deles. Como se quisesse dizer: “Olha gente, nossa comida custa caro, mas estamos preocupadíssimos com vocês, ok?” O problema é que o brasileiro, já dizia Nelson Rodrigues, sofre da famosa síndrome de vira-lata, adotando este discurso “social” para não admitir que seja, sim, bem sucedido, e que pode e merece desfrutar das coisas boas da vida. Parece que existe uma culpa onde se precisa pagar algum tipo de preço pelo sucesso. O que eles deveriam refletir é que a vida não é a mesma para todos e onde a igualdade foi tentada a fórceps só aconteceu à distribuição da pobreza. Portanto, enquanto uns comem no Antiquarius outros petiscam um churrasquinho na esquina, outros até nem come. Mas, acho que não são todos os artistas que esqueceram suas origens e não ajuda seus semelhantes, já ouvi falar em vários artistas que tem algum tipo de casa de ajuda a outras pessoas, alguns jogadores de futebol também mantém Colégio, quadra de esportes e uma espécie de ONG particular para ajudar pessoas, principalmente meninos de rua. O foco deveria ser outro. O que todos devem cobrar principalmente os artistas engajados, considerando, claro, a falência dos regimes ditatoriais igualitários, é que o estado brasileiro proporcione as condições para que todos possam ambicionar o melhor para suas vidas. E que o mérito individual determine onde cada um vai jantar almoçar, cear ou mesmo, tomar seus goles ou fazer sua farra. As coisas deveriam ser igualitárias, isso não é regra, uns com tantos, outros sem nada. Não quero me referir a quem tem dinheiro de sobra através de conchavos políticos ou recebe ajuda em forma de comissão, pois isso (ajudar a alguém) chamaria a atenção das autoridades para si mesmo, o que não seria interessante. Refiro-me as pessoas bem sucedidas na vida que para chegar onde está dependeu muito da massa e é graça ao povo que continua a ganhar muito dinheiro. Esse mesmo povo que não come a Três mil e quatrocentos reais, precisa comer pelo menos a um (01) real o prato no “Barriga Cheia”. O que temos na verdade são Políticos “Denorex” Falam, parece verdade, prometem, dizem que vai acontecer e... Tudo mentira grande engodo, são mesmo aquele que parece mais não é.

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