terça-feira, 21 de junho de 2011

VENDENDO O DIRCEU




Depois de sofrer pressão,
E de ter sido enganado   
Eu não fico embriagado
E não tenho depressão;
Mais ando desconfiado
Que preciso ter cuidado,
Vão me vender no leilão.

To ficando um cabra feio
Desarrumado e barbudo
Mesmo sendo carrancudo
Banguelo careca e meio
Xexelento e barrigudo
Meio gordo com recheio,
Não escapo, vou pro fundo.

A lia, a minha mulher
Que andava escondida
Com uma idéia bandida
Do jeito que não se quer
E a idéia que lhe move,
Por “um e noventa e nove”
Vender-me a quem quiser.

Sou obra da natureza
Tenho tanta perfeição
Mesmo com imaginação
Onde tem tanta grandeza?
Com essa minha beleza
O arco Íris e suas cores
Desmancha-se em louvores
Em um dia bem nublado,
Sou artista, bem cuidado;
Na arte aplico os Amores.
 
Fui criado nas miragens
No sertão, local deserto!
Com um destino incerto,
No corpo tenho mensagens
Com abstratas imagens
Deus que ninguém profana,
Como chefe em caravana,
Orgulha-me ser porta- voz
De uns primitivos Heróis
Minha origem não engana.

Um filho da Natureza
Nunca acertei ser bandido,
Nunca fiz coisa escondido
O meu mundo é uma beleza.     
Uma pessoa sem maldade,
A criatura sem queixume,
Não justifica o azedume
Dessas pessoas de idade,
Só justifica a saudade
De pessoa com mais lume.     

Pois não pode ser vendido
Uma pessoa que é tão nobre
Mesmo por ser assim pobre,
É sempre bem destemido.
Por “um e noventa e nove”
Que não é preço decente
E ainda quer que agüente
Essa idéia que lhe move.
Pois jamais serei vendido
Por ser muito bem querido
E prá não ser o ofendido,  
Tem pessoa que me acode.      

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