terça-feira, 16 de agosto de 2011

QUANDO DILMA VAI VARRER ESTE LIXO????

          Dirceu Ayres
QUANDO DILMA VAI VARRER ESTE LIXO? Lobista pinta e borda no Ministério da Agricultura mantêm sala secreta na pasta, paga propina a funcionários, redige contrato em interesse próprio e, confrontado com os fatos, diz ter gravações que comprometem o nº 2 do ministério. E também espanca o jornalista! Parece que o PT desistiu de “controlar a mídia”, conforme reivindica certa canalha de aluguel que anda perdida na Internet. Os aliados do partido, tudo indica, agora querem mesmo é espancar jornalistas (leiam post abaixo) que denunciam as falcatruas dos poderosos. Foi o que aconteceu com o editor de VEJA em Brasília Rodrigo Rangel, que flagrou e denuncia na edição desta semana um esquema criminoso incrustado no Ministério da Agricultura. É aquela pasta comandada pelo ministro Wagner Rossi, do PMDB, homem da estrita confiança de Michel Temer, vice-presidente da República. Na semana passada, Rossi esteve na Câmara e garantiu que em seu feudo vigora a mais estrita legalidade. Então vamos ver. Na quarta-feira, dia 3 de agosto, VEJA pôs um fotógrafo na cola de um sujeito chamado Júlio Froes, que se apresenta como “jornalista, cientista político e professor”, além de amigão do peito do ministro Wagner Rossi. A seqüência de imagens é, como posso chamar?, de uma escandalosa eloqüência. Reproduzo a seqüência narrativa. Dá para entender tudo. Algumas das fotos que revelam Júlio Froes em ação Muito bem! Dirá o leitor, prudentemente cético. “Pô, mas isso não prova nada!” Não se trata de uma prova, mas de um emblema. O editor Rodrigo Rangel, que acabou espancado por Júlio Froes, resolveu apurar a, digamos assim, influência deste senhor no Ministério da Agricultura. Trata-se mesmo de uma coisa espantosa. Reproduzo um trecho da reportagem: “Ali [no Ministério da Agricultura], ele [Júlio Froes] se comporta e é tratado como uma autoridade. Mesmo sem nenhum vínculo formal com a pasta, o lobista cuida dos processos de licitação, redige editais, escolhe empresas prestadoras de serviços - e, ao fim de cada trabalho bem-sucedido, distribui pacotes de dinheiro aos funcionários. Em outras palavras, paga propina aos que o ajudam a tocar seus negócios escusos. O mais impressionante é que o lobista faz tudo isso com o conhecimento e o aval da cúpula do órgão. E. segundo suas próprias palavras, com a autorização de seu amigo, o ministro Wagner Rossi.”Atenção: O “jornalista, cientista político e professor” doutor Júlio usa a entrada privativa do ministério, prerrogativa das autoridades; O “jornalista, cientista político e professor” doutor Júlio tem uma sala no ministério, com computador, telefone e secretária; O “jornalista, cientista político e professor” doutor Júlio tem essa sala clandestina justamente na Comissão de Licitação do ministério; O “jornalista, cientista político e professor” doutor Júlio chegou ao Ministério pela primeira vez escoltado por Milton Ortolon, secretário-executivo da pasta, amigo de Wagner Rossi há 25 anos e segundo homem na hierarquia. TÃO LOGO A EDIÇÃO DE VEJA DESTA SEMANA COMEÇOU A CHEGAR AOS LEITORES, ORTOLON FOI DEMITIDO; O “jornalista, cientista político e professor” doutor Júlio redigiu um parecer dentro do ministério para contratar, sem licitação, uma empresa (Fundasp) da qual ele próprio era o representante; houve parecer técnico contrário; Rossi preferiu a opinião do lobista; O “jornalista, cientista político e professor” doutor Júlio reuniu alguns funcionários da pasta no fim do ano passado para agradecer a colaboração; distribuía envelopes como sinal dessa gratidão. Um dos que recusaram a oferta revela o que havia dentro: dinheiro vivo; O “jornalista, cientista político e professor” chegou a revelar, diante de vários funcionários da pasta, que, falando em nome do Ministério da Agricultura, cobrou 10% de propina da Gráfica Brasil para a renovação de um contrato. A gráfica confirma o achaque e diz que não aceitou a negociata; O “jornalista, cientista político e professor” diz ter feito isso a pedido de Ortolon, o amigão de Rossi e número dois do Ministério até este sábado. E então? VEJA procurou Júlio Froes para ouvir a sua versão. Ele negou que tivesse visitado o Ministério da Agricultura. Tinha. Negou que fosse representante da Fundasp, a tal empresa contratada sem licitação. Até o ministério diz que é. E foi negando, negando… Até que escolheu outro caminho: afirmou ter gravações que comprometem Ortolon, perguntou quanto o repórter pagaria por elas e… partiu para a porrada.A base aliada, liderada pela ala mais radicalmente lulista do PT, cansou dessa história de faxina. Alfredo Nascimento, o ministro defenestrado dos Transportes, disse que o PR não é lixo e que o partido age como todos os outros da base. Para ficar no paradigma escolhido, pode-se afirmar que os aliados de Dilma estão hoje mobilizados para manter o lixo onde está. O descalabro no Ministério da Agricultura chega a tal ponto que representantes da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) pediram 15% de propina para pagar uma dívida de R$ 150 milhões da estatal com uma empresa chamada Spam. Atenção! O pagamento é uma determinação judicial. A “contribuição” serviria para evitar protelações. Boato? A tentativa de achaque é confirmada por Antonio Carlos Simões, advogado da empresa: “O representante da Conab disse que só liberaria o dinheiro se a gente pagasse a eles 15% dos 150 milhões. Isso fere a dignidade de qualquer um”. O presidente da Conab, na época, era Alexandre Magno de Aguiar, hoje assessor de… Wagner Rossi. Aguiar nega tudo. O editor Rodrigo Rangel expôs, num flagrante, os métodos e os modos vigentes no Ministério da Agricultura. Um colunista da Folha Online, comentando a crise americana e fazendo eco à avaliação de um petista (ora essa…), concluiu que o presidente americano, coitadinho, estava em apuros porque lhe faltava um PMDB… É mesmo! O que seria de nós sem o PMDB, especialmente nestes tempos, em que o partido é um aliado dos moralistas do PT? Por Reinaldo Azevedo

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