sábado, 24 de setembro de 2011

O ‘donatário’ Clã Sarney ataca nos Lençóis de olho no gás natural e petróleo

              Dirceu Ayres
Clã Sarney ataca nos Lençóis de olho no gás natural e petróleo O ‘donatário’ ataca em Santo Amaro do Maranhão Casal busca, há mais de 4 anos, reaver suas terras, tomadas por Ronald Sarney repassada ao irmão, presidente do Senado, numa transação ilegal De olho na exploração de gás natural e petróleo nos municípios paradisíacos dos Lençóis Maranhenses, o clã Sarney vem intensificando a aquisição – por todos os meios – de terras da região já mapeadas pela Petrobras e classificadas pela estatal como de grande potencial exploratório. Em Santo Amaro do Maranhão (a 212 km de São Luís), por exemplo, calcula-se que a família Sarney, ou gente ligada a ela, já possua mais de 70% das áreas do município, nas quais em breve quatro empresas – Panergy, Engepet, Perícia e Rio Proerg – devem começar a explorar gás natural. Segundo a revista Carta Capital que está nas bancas, até uma neta de José Sarney (filha de Fernando Sarney) tem terras em seu nome em Santo Amaro. Seria uma área de mil hectares, onde a Petrobras andou prospectando recentemente. Métodos ilegais – Os métodos sarneysistas para se apossar das terras em Santo Amaro – áreas no meio do nada, mas que viraram objetos da cobiça dos poderosos porque abrigam perfuratrizes da Petrobras – nem sempre são legais. Em 2004, um casal de agricultores teve seu terreno vendido – sem seu consentimento e com a utilização de documentação supostamente fraudada – a Ronald Augusto Furtado Sarney, o “Rony”, irmão de José Sarney e marido da desembargadora Nelma Celeste Sarney, presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Ronald é uma espécie de “testa-de-ferro” de José Sarney na região. Ele compra as terras e as repassa ao presidente do Senado. O terreno tomado dos agricultores José de Jesus Sousa Marreiros, o “Zeca”, e Domingas Santana Marreiros, localizado na área da lagoa do Bacurizeiro, aparece na declaração de bens do senador Sarney entregue à Justiça Eleitoral em 2006. É um dos quatro terrenos que Sarney admite ser proprietário em Santo Amaro, mas qualquer morador do município sabe que ele tem muito mais.Via crucis judicial – A José e Domingas restou realizar, nos últimos quatro anos, uma sofrida via crucis judicial, que até agora, porém, trouxe poucos resultados, devido ao poder político e econômico dos Sarney. Na semana passada, o casal voltou fazer contato com vários órgãos do poder público, em São Luís, em busca de assistência jurídica. “Não desisto enquanto não tiver minha terrinha de volta”, disse “Zeca” ao Jornal Pequeno, chorando. “Trabalhei de sol a sol pra ter meu pedaço de chão e hoje me sinto um homem, além de doente, humilhado”, acrescentou o lavrador, que já foi submetido a seis cirurgias, para tratamento de úlcera, apêndice e olhos.Segundo José Marreiros contou ao JP, em 2004 dois irmãos seus – Valdecir Sousa Marreiros e Zeferino Sousa Marreiros – se aproveitaram da vinda dele e de Domingas a São Luís, para tratamento de saúde, e venderam sua propriedade em Santo Amaro – 4.880 metros quadrados de terras – a Ronald Sarney por R$ 60 mil. De acordo com José, Ronald, Valdecir e Zeferino forjaram os documentos que possibilitaram a negociação.Para comprovar que o terreno é seu, José exibe uma escritura pública registrada no Cartório do Ofício Único do Município de Humberto de Campos, no livro 2-B, matrícula 189. Outro documento – o termo de aforamento da Prefeitura de Primeira Cruz, firmado em 1983 – também não deixa dúvidas de que José é o legítimo dono da terra.Aposentadoria cortada – Na luta para reaver suas terras, José e Domingas têm sentido com freqüência as demonstrações de força do clã Sarney em Santo Amaro. Uma das testemunhas favorável a eles – o lavrador João Barros, conhecido como “Juca”, um portador de deficiência física –, por exemplo, teve sua aposentadoria cortada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Amaro do Maranhão assim que depôs na Justiça contra Ronald Sarney e os irmãos Valdecir e Zeferino Marreiros.A retaliação é explicável: Valdecir Marreiros é o presidente do sindicato dos lavradores. Chegou ao cargo com a ajuda de Ronald Sarney e se aliou ao irmão do “donatário” de Santo Amaro, José Sarney, para passar às mãos do clã as maiores extensões possíveis de terras do município.Invasão – O caso dos lavradores José e Domingas não é o único em que Ronald Sarney, laborando pelos interesses econômicos futuros do clã, se utilizou de artifícios ilegais para adquirir terras em Santo Amaro.Comprar terrenos limítrofes aos locais nos quais as perfurações da Petrobras foram realizadas e incorporar a área que abriga as perfurações na hora de cercar o terreno é outro truque utilizado pelo irmão do presidente do Senado.Foi isso o que ele fez no Espigão, invadindo parte das terras pertencentes à Claílton Azevedo Carneiro (filho do ex-prefeito de Santo Amaro, Jaime Silva Carneiro), exatamente no trecho em que foi fincada a perfuratriz da Petrobras. Ronald até mandou fazer uma porteira, trancada a corrente e cadeado, no local – como a reportagem do JP Realidade Maranhense constatou em dezembro de 2007 – e chegou a manter um funcionário armado tomando conta da área, que está em litígio.kemiguel@hotmail.com MIGUEL REIS NASCIMENTO FILHO A ESPERANÇA E A ULTIMA QUE MORRE

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