segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A insustentável leveza de Lupi

      Dirceu Ayres          


Um empresário e dono de ONG ajuda o ministro do Trabalho a levantar vôo, e lá vem a imprensa burguesa chatear o governo popular. Que mal pode haver numa simples carona? A burguesia não suporta a solidariedade entre os trabalhistas e seus clientes. Além do mais, como o próprio ministro Carlos Lupi já ressaltou, ele é pesadão. Claro que o Estado não agüentaria carregá-lo sozinho pelos céus do Maranhão. Para isso existem as ONGs. O empresário que providenciou um avião não-governamental para a turnê governamental de Lupi, em 2009, é suspeito de desviar verbas do Ministério do Trabalho, segundo a Controladoria Geral da União. E daí? Há várias outras ONGs suspeitas de convênios fraudulentos com o Ministério do PDT, e nenhuma delas, ao que se saiba até agora, ofereceu carona aérea ao ministro pesadão. Por que perseguir logo aquela que deu sua contrapartida social ao trabalhismo? É bem verdade que o ministro da Agricultura que aceitou carona aérea de empresário acabou caindo. Mas com Lupi é diferente. A diferença é que Lula e Dilma decidiram que a mídia golpista não vai derrubar o sétimo ministro do governo progressista. As evidências de fraudes estão todas aí de novo, mas moralização tem limite. Dentre os argumentos que brotam do Planalto em defesa de Lupi, está o de que as irregularidades ocorreram na gestão do ministro no governo anterior. Irretocável. Se o Nem da Rocinha se mudasse para o Vidigal, a polícia não poderia encostar o dedo nele. Afinal, os crimes teriam ficado na administração anterior. Dilma foi clara sobre o assunto, comentando o caso Lupi com o sorriso e a irreverência condizentes com a leveza do tema: “O passado passou, gente!” O problema é que hoje, para quem lê as notícias frescas sobre a criação de sindicatos-fantasmas, ou vê o flagrante do ministro descendo do avião particular, fica a impressão contrária: o passado voltou. E voltou pesadão. Talvez nem um milhão de ONGs companheiras bastem para ajudar Dilma a carregá-lo.Texto por Guilherme Fiúza. DO MARIO FORTES

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