domingo, 18 de dezembro de 2011

Brasileiro chega ao final de ano mais endividado, mas confiante e dando aprovação recorde à Dilma.


      Dirceu Ayres


Com a máxima na cabeça de que "político é tudo igual", consenso formado no brasileiro por culpa dos próprios políticos, o eleitor pensa: se estou empregado, se posso comprar e fazer crediário, se o salário mínimo vai subir 14% a partir de maio, por que vou mudar? Por que existe corrupção? Por que a violência aumentou? Por que os "políticos" continuam roubando? A economia explica a popularidade de Dilma, assim como explicou a de Lula. E se o mundo desmanchar lá fora, como de fato está, a reeleição de Dilma será em primeiro turno, em 2014. Portanto, é hora da oposição ter prática, em vez de discurso. E a prática está no Executivo, não na tribuna. Ontem Geraldo Alckmin, governador tucano de São Paulo, avisou que vai cortar R$ 900 milhões nos gastos de custeio. A notícia é ótima, mas teria algum efeito eleitoral se ele dissesse que, com o dinheiro, iria construir 100 hospitais. José Serra, o maior nome tucano, afirmou que o PT é imbatível em publicidade. É mais do que isso: o PSDB é infantil em propaganda, chega às raias da imbecilidade. Por fim, ontem, a Juventude Tucana incluiu, nas suas mudanças para "um Brasil do futuro", as "Primárias Já", um assunto interno do partido. Os jovens que vem aí são ainda menos preparados, pois entre as suas bandeiras não existe uma única voltada para a geração de empregos para os jovens, onde reside, exatamente, a maior fatia do desemprego. Então, pelo menos, com todo o PT, com toda a corrupção, com toda a mentira, apesar da falta de oposição que coloca em risco a liberdade de imprensa e as instituições democráticas, vamos pelo menos comemorar que o brasileiro vai ter um bom Natal. O brasileiro merece. E, nesta época do ano, é sempre bom deixar a reles política de lado e pensar no bem das pessoas. Abaixo, matéria do Estadão. Os brasileiros vão às compras neste Natal endividados como nunca, mas com renda suficiente para assumir novos compromissos. Projeções da MB Associados indicam que o grau de endividamento, medido pela relação entre o estoque de dívidas e a renda anual das famílias, atingiu 43,2% este mês, 4 pontos porcentuais acima dos 39,2% de dezembro do ano passado. No entanto, o orçamento familiar não foi tão castigado, segundo a consultoria. A parcela do salário mensal comprometida com o pagamento das prestações passou de 19,4%, em dezembro de 2010, para 22,4%, agora - alta de 3 pontos porcentuais. "O consumidor se sente confortável em eventualmente tomar mais crédito, já que tem a perspectiva de continuar empregado e tendo aumento de renda, principalmente diante da elevação de 14% no valor do salário mínimo", diz o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. Ele fez a projeção do endividamento para o fim do ano com base em dados do Banco Central (BC) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de recorde, o nível de endividamento no Brasil ainda é relativamente baixo quando comparado com o de outros países, observa o economista. No Reino Unido, o endividamento correspondia a 171% da renda líquida das famílias em julho deste ano. No Canadá e no Japão, essa relação era de 148% e 126%, pela ordem. "A gente precisa ter em mente que o País começou a ter uma economia de crédito há pouco tempo." O problema não é o nível de endividamento, e sim a sua composição, pondera Roberto Troster, ex-economista-chefe da Febraban. "Hoje, tem mais cheque especial, mais conta garantida, e menos empréstimo de longo prazo, por causa do aperto dos compulsórios, que agora está sendo abrandado pelo governo." Na avaliação de Troster, se o esforço do governo for suficiente para melhorar a composição do endividamento das família, ou seja, conseguir linhas mais baratas, a capacidade de endividamento vai aumentar. "Mas é preciso estar atento ao comprometimento do salário com as prestações, o que é determinante para a inadimplência", afirma o economista. Para o ex-diretor do BC José Júlio Senna, hoje sócio da MCM Consultores Associados, não há motivos para alarmismo, apesar da tendência de piora da inadimplência e do spread bancário. Ele argumenta que, tanto um quanto o outro, ainda estão longe dos níveis alcançados no auge da crise, na virada de 2008 para 2009. "O governo certamente detectou a tendência de piora e aliviou o crédito, facilitou o consignado e os empréstimos de mais longo prazo, como o de automóveis", cita o economista. "Como as restrições no Brasil são muitas e variadas, qualquer alívio de política econômica sempre provoca algum estímulo." A inadimplência vem em alta desde o início do ano e deve passar de 7% nos próximos meses. "Mas a tendência é voltar a cair ao longo de 2012", diz Sérgio Vale. "Além do fato que o principal cenário de crise na Europa vai ter passado, a inadimplência deverá desacelerar por causa da perspectiva de que a renda continue aumentando no ano que vem e da questão do salário mínimo, que vai ser forte", argumenta o economista da MB Associados. Com o aumento de 14% no salário mínimo, a consultoria estima que a massa salarial deve crescer próximo de 10% em 2102, contra o pico de 14% que chegou este ano. "Apesar da indicação de desaceleração, é um número forte", frisa Vale. Se o crescimento do salário mínimo fosse nulo, a alta seria em torno de 8,7%.

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