sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Código Florestal decodificou Marina Silva: fundamentalista, antidemocrática e burra.

                        
     Dirceu Ayres

Marina Silva, neste momento, poderia estar declarando: que respeita a democracia e que o seu trabalho, depois da aprovação do novo Código Florestal, será organizar os milhares de "ongolistas" que cacarejam ao seu redor, a fazer um trabalho de conscientização dos cidadãos rurais do Brasil sobre a importância de preservar. que, para isso, vai buscar até mesmo uma aproximação com as entidades "ruralistas", que representam mais de 5 milhões de produtores rurais, assim como está fazendo Dilma Rousseff, para que uma nova política agrícola seja implantada e permita que o Brasil possa ser uma potência agrícola e uma potência ambiental. que reconhece a legitimidade do Congresso Nacional, mesmo que não concorde com a sua decisão legítima sobre o Código Florestal, por isso irá criar um novo partido para lá ter maioria e fazer valer, pelo voto, as suas teorias e idéias sobre meio ambiente que, depois do debate, é importante que "ongolistas" e "ruralistas" protejam não só as florestas, mas também a imagem do país no exterior, para que mentiras ditas lá fora não prejudiquem as exportações brasileiras, que geraram, nos últimos 10 anos, mais de U$ 400 bilhões de superavit, segurando as contas e as pontas do país durante a crise. Marina Silva poderia estar dizendo tudo isso se respeitasse a democracia e amasse o seu país. No entanto, imaginando que fala escorada em sonháticos 20 milhões de votos, adota uma estratégia radical, antipatriótica, desesperada e inútil, composta pelas seguintes ações: constranger a Presidente da República a quem não apoiou, mesmo tendo exigido uma carta-resposta sobre a sua plataforma do Governo. Para isso, mobiliza um verdadeiro aparato nas redes sociais, pago a peso de ouro, para explorar um slogan golpista intitulado vetadilma despachar os seus "ongolistas" para o exterior, para a conferência do clima em Durban, para espalhar mentiras sobre o país, comprometendo todo o esforço diplomático que está sendo realizado para que o país realize a Rio + 20 formar uma equipe de ecoterroristas que manipulam dados, patrulham a imprensa, espalham mentiras sobre o novo Código Florestal. Ela mesma, inclusive, afirmou que Dilma estava escondendo os dados do desmatamento dna Amazônia. No mesmo dia, os dados foram publicados e mostraram estabilização. No dia seguinte, uma ong da sua turma publicou informe em que o desmatamento havia sido reduzido em 30%. utilizar crianças Como Massa de manobra, uma técnica muito utilizada Na Alemanha dos anos 30, numa tentativa de humanizar a tirania ambientalista que ela implantou no Brasil. montar um abaixo-assinado mentiroso, um banco de dados de campanha eleitoral, que da noite para o dia saltou de 70.000 assinaturas para 1.500.000, número que foi reduzido no dia seguinte para 1.200.000, para tentar pressionar a presidência da República a vetar o Código Florestal. Marina Silva achou que tinha 20 milhões de votos. Teve porque havia 20 milhões de eleitores insatisfeitos com a polarização entre PT e PSDB. Os votos não são dela, tanto é que a sua mobilização contra o Código Florestal só logrou reunir artistas deslumbrados, ongolistas a soldo, bispos vermelhos, a minoria bizarra do PSOL e crianças inocentes, raptadas da sala de aula para virar claque da ex-ministra. Marina Silva é burra, construiu o discurso errado, ficou isolada e enterrou o seu futuro político. Não tem partido. Não tem militante. Não tem eleitor. Não tem discurso. E quem diz isso não é só o blogueiro Coronel. Já que todo o partido político tem um bicho, Marina Silva poderia adotar a angolista, que lembra "ongolista" e cujo o lema é " tô fraca, tô fraca, tô fraca"... Leia, abaixo, artigo publicado hoje no Valor Econômico que, mesmo que ataque os "ruralistas", como virou jornalisticamente correto para profissionais mal informados, faz uma boa análise. Pairar acima dos partidos e por eles ser derrotada. Inspirado por Marina Silva, já começa a circular nas redes sociais movimento pelo veto da presidente Dilma Rousseff ao Código Florestal que ainda está por ser votado. Dada a concordância governista com a maior parte do relatório do senador Jorge Viana (PT-AC), é pouco provável que o movimento seja bem sucedido. A iminente derrota ambientalista na próxima semana não pode ser dissociada da neutralidade de Marina Silva no segundo turno da eleição presidencial do ano passado. Não que o apoio de Marina a Dilma ou a José Serra fosse capaz de evitar o que já parece uma derrota certa do ambientalismo no Congresso. O placar da Câmara (410 votos) que referendou o relatório do agora ministro Aldo Rebelo (PCdoB) já havia deixado claro que é a disposição em retirar amarras à produção agropecuária que domina os ânimos parlamentares. Está claro que não foram 20 milhões de votos pintados de verde que Marina obteve, mas este patrimônio eleitoral a autorizava a negociar os pontos mais caros ao ambientalismo com maior grau de compromisso dos candidatos em disputa. Tivesse anunciado apoio a José Serra, Marina Silva disporia de laços com a oposição com os quais poderia costurar um discurso alternativo ao bloco ruralista. Ainda que minoritário no plenário, esse bloco, mesmo derrotado, não amargaria o isolamento a que a votação do Código está para submeter os ambientalistas no Congresso. O apoio de Marina a Dilma Rousseff tampouco asseguraria vitória aos verdes, mas além de lhes dar melhores condições de negociar a tramitação do projeto, também faria com que a cobrança que hoje se faz à Dilma por um veto extrapolasse as redes sociais e envolvesse um maior compromisso partidário. Poderia ter evitado, por exemplo, que a primeira relatoria do projeto caísse nas mãos de um senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) que governou por oito anos o Estado cujo padrão de ocupação leva a desastres anuais de grandes proporções no período de chuvas. A neutralidade do segundo turno ajudou a revestir a imagem de Marina da aura de quem paira acima dos partidos e daquela raivosa disputa do segundo turno. Se a decisão beneficiou a imagem da ex-candidata, talvez não se possa afirmar o mesmo da causa ambiental. Quanto mais se aprofunda a crise mundial mais cresce o apelo para que o Brasil mantenha sua economia a salvo da turbulência com atração de investimentos, fomento à produção e ao consumo. É, portanto, uma conjuntura desfavorável a que se discuta se a margem dos rios a ser preservada deve ser de 10, 20 ou 30 metros. É essa rajada contrária aos ambientalistas que os obriga a ampliar seu espectro político de atuação, mas o movimento parece dominado pela ideia de que o Brasil entrou na cadeia de mobilização popular pelas causas justas que ocupa as praças, de Zucotti a Tahir. Um desses manifestantes globais estendeu uma faixa no Congresso na semana passada com o slogan "Jorge Viana trocou Chico Mendes por Kátia Abreu". Dercy Teles de Carvalho Cunha é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, fundado por Chico Mendes. Elegeu-se em 2009 quando a vasilha de 18 litros de castanha chegou a ser vendida a R$ 13 reais e o quilo de látex não conseguia mercado a preço nenhum. Os filiados do sindicato trocaram o extrativismo pela pecuária. Hoje a reserva Chico Mendes, criada para preservar o modo de produção de seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco, populações ribeirinhas e todos os povos da floresta defendidos pelo líder morto em 1988, tem 10 mil cabeças de gado. Se os manifestantes de Xapuri fossem hoje reunidos numa praça o recado que se ouviria talvez fosse bem diferente daquele que Marina gostaria de ouvir. E é possível que também fosse diferente daquele que Chico Mendes um dia verbalizou. Uma parte deles se manifestou no ano passado quando o Acre natal da candidata do PV a derrotou. Dercy somou as multas que o Ibama aplicou a 16 dos seus produtores e chegou à conta de R$ 1, 4 milhão. Ela diz que o texto beneficia os grandes produtores e exige demais da agricultura familiar. Até Kátia Abreu faria mais rodeios para dizer aquilo que Dercy abre de bate pronto numa conversa por telefone. Reclama que seus filiados (4 mil e poucos na última conta) não podem mais queimar a roça, a exemplo do que faziam os primeiros habitantes do país cinco séculos atrás. Enquanto Marina acha que fizeram-se concessões demais na anistia aos desmatadores, Dercy reclama que os produtores tenham sido obrigados a recompor áreas de floresta para ficarem quites com o Ibama. E diz que ninguém cumpre a determinação de desmatar apenas 20% das propriedades rurais, tal como é exigido no texto para a região amazônica. O sindicato de Dercy é um dos 30 signatários da Carta do Acre, que critica a coalizão política que, liderada pelo PT, governa o Acre há 13 anos. O documento a acusa de ter promovido, em nome de Chico Mendes, um capitalismo verde que só beneficia madeireiros. Até os ambientalistas concordam que o texto que vai à voto na próxima semana no plenário do Senado é melhor para seus interesses do que aquele que saiu da Câmara. Criou, por exemplo, a obrigatoriedade de um cadastro para acompanhar se as propriedades cumprem ou não as exigências do código e restringir o acesso ao crédito daquelas que o infringirem. Mas o código não é fruto do consenso entre ruralistas e ambientalistas, como pretende Viana. Em relação à legislação atual, quem ganha são os ruralistas. É bem verdade que a lei hoje em vigor não é cumprida e decretos com anistias vêm sendo renovados por sucessivos governos. Mas sem rechaçar a tese do falso consenso, que sempre colocou as mudanças do país em marcha lenta, não há mobilização na política. Os ambientalistas devem perder porque não foram souberam mobilizar uma coalizão capaz de reunir num mesmo discurso os barulhentos estudantes das galerias e os muitos brasis de Xapuri. E tão equivocado quanto apostar no código como filho do consenso é acreditar que o veto virá pelo twitter. Maria Cristina Fernandes é editora de Política do Valor Econômico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário