terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Dora, vote em nossa enquete!

                    
       Dirceu Ayres


Da coluna da Dora Kramer, hoje, no Estadão: "No artigo de sexta-feira sobre o tratamento ameno que a oposição dá ao ministro Fernando Bezerra, a razão apontada é a expectativa do PSDB de ter o governador Eduardo Campos (PE) como futuro aliado. Cabe acrescentar: Campos é sonho de consumo eleitoral não só dos tucanos, mas de todos os partidos. Será figura central das articulações para a eleição de 2014 e, por isso, alvo tanto de assédio quanto de ataques." Abaixo, matéria do mesmo jornal intitulada " O moderno coronel que controla o PSD": O governador Eduardo Campos, padrinho do ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional) é jovem, habilidoso, transita entre forças políticas do governo e da oposição e desfila índices de aprovação popular que superam os 80% em Pernambuco com uns olhos azuis que fazem sucesso entre o eleitorado feminino. Mas vista de perto, a imagem de líder moderno se desfaz diante da movimentação típica de um coronel da política que é dono de partido, nomeia parentes e patrocina mudanças casuísticas da lei para permitir a reeleição ilimitada de aliados. A operação política montada para eleger sua mãe, deputada Ana Arraes (PSB-PE), ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) em 2011 jogou luz sobre os métodos arcaicos deste líder de 46 anos de idade, seis deles comandando com punhos fortes o PSB nacional. "O velho (Miguel) Arraes tinha limites em suas práticas coronelistas, o neto não tem nenhum", ataca o adversário mais ferrenho de Campos no Estado, senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), um dos poucos que falam abertamente o que outros concorrentes e até alguns aliados só comentam em conversas de bastidor. O empenho do governador pernambucano para eleger a mãe está longe de ser um ineditismo de apego à própria família. Ele já conseguiu emplacar como conselheiros no Tribunal de Contas do Estado seu primo, João Campos, e um primo de Renata, sua mulher - o atual presidente Marcos Loreto. Coronelismo à parte, as diferenças entre Arraes e Campos vão para além da idade. Amigos do ex-governador dizem que o neto bem-humorado e de conversa agradável tem muito mais ousadia nas operações políticas que patrocina. Defendem a tese de que Arraes tinha "o limite da institucionalidade". Com o peso do Executivo, a constituição estadual já foi alterada três vezes para permitir seguidas reeleições do presidente e demais cargos da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa de Pernambuco. Guilherme Uchôa (PDT) assumiu a presidência da Casa em 2007 para um mandato único. Continua no cargo até hoje e, com a força da base aliada de Campos, conseguiu em 2011 uma nova mudança para permitir que concorra novamente. O resultado na votação mostra a folga de Campos na Assembléia. Foram 38 votos a favor e somente nove contrários. Isso mesmo com uma dissidência na base aliada. O PTB não concordou com a possibilidade de perpetuação de Uchôa. "Nossa constatação foi de que não se pode ficar mudando a constituição a toda hora para atender a alguns interesses", disse o senador Armando Monteiro Neto, presidente do PTB no Estado, ressaltando que a divergência já foi superada. Campos tem grande proximidade tanto com a principal liderança do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como com o provável nome do PSDB para 2014, o senador Aécio Neves. Aliou-se também a Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo e criador do PSD, e contou com a ajuda destes três personagens para conseguir eleger sua mãe ministra do TCU. O governador é apontado como nome provável em uma chapa presidencial para 2014. Resta saber se a imagem de novidade na política não será afetada com a exposição de práticas atrasadas. Até agora, diante de graves denúncias, somente dois ministros resistiram sem ser demitidos. Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que sumiu para não ter que dar explicações sobre a fortuna recebida de empresários sem prestar serviços. E agora Fernando Bezerra, da Integração Nacional, que pegou a verba contra catástrofes do Brasil e "distribuiu" para a família enterrar em municípios do seu Pernambuco. Os dois Fernandos estão sendo defendidos com unhas, dentes e até alguns pontapés pela presidente Dilma, em nítido tratamento vip e diferenciado. Já estão sendo conhecidos no Planalto como os "fernandinhos" da "poderosa chefona".E passam a compor o privilegado trio que foi instituído com a anistia concedida a Fernando Henrique Cardoso, em quem a "presidenta" não bate e não deixa bater.

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