terça-feira, 20 de março de 2012

Brizola Neto e as más companhias.

                
       Dirceu Ayres


A um passo de se tornar ministro do Trabalho, o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) já controlou por quase quatro anos um dos quinhões mais cobiçados da pasta. O parlamentar indicou um aliado — Renato Ludwig de Souza, seu braço direito — para o cargo de diretor do Departamento de Políticas de Trabalho e Emprego para a Juventude. É o departamento, dentro da estrutura do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que decide para onde vai o dinheiro do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem). O Projovem foi usado na gestão do ministro Carlos Lupi, demitido em dezembro, para favorecer candidaturas do PDT em diferentes estados e municípios. Lupi é presidente nacional da sigla. Indicado de Brizola Neto, Renato Ludwig de Souza exerceu o cargo de diretor de Políticas para a Juventude entre maio de 2007 e abril de 2011. Durante esse período, o Projovem correspondeu à fatia de Brizola Neto dentro do MTE. No ano seguinte à chegada de Renato ao MTE, em 2008, o Projovem contava com R$ 472,7 milhões no Orçamento da União, montante superior ao destinado a qualificação social e profissional. Em 2010, o MTE reservou R$ 461,3 milhões para o Projovem, mais do que o dobro dos recursos previstos no Orçamento para qualificação profissional. Não há, nas previsões de gastos da pasta, entre as possibilidades de aplicação livre dos recursos, um programa com tanto dinheiro disponível. Estados e municípios foram beneficiados conforme os interesses eleitorais do PDT, uma prática recorrente também na destinação do dinheiro para os cursos de qualificação. É o caso do município do Rio de Janeiro, reduto eleitoral de Brizola Neto. Em 2010, a Prefeitura do Rio foi a que mais recebeu recursos do Projovem entre as capitais brasileiras: R$ 6 milhões. À Prefeitura de São Paulo foram destinados R$ 2,1 milhões no mesmo ano, como mostram dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo federal.O indicado de Brizola Neto pode ter acumulado dois cargos na administração pública nos primeiros meses de 2011. A exoneração do cargo de diretor do MTE foi publicada no Diário Oficial da União em 10 de janeiro de 2011. Oito dias depois, a exoneração foi revogada pela Casa Civil. A saída só foi confirmada em 12 de abril do mesmo ano, com data retroativa a 7 de janeiro. No período, Renato exerceu o cargo de subsecretário de Formação e Qualificação Profissional da Secretaria de Trabalho e Renda do governo do Rio de Janeiro. O secretário era Brizola Neto. O deputado esteve à frente da secretaria por muito pouco tempo: de janeiro a março de 2011. Em 1º de abril, Renato também deixou de ser subsecretário. Brizola Neto e Renato continuam trabalhando juntos. O deputado o nomeou como assessor parlamentar em 1º de dezembro. O aliado do provável novo ministro do Trabalho atua como advogado do PDT, inclusive nos períodos em que exerceu cargos públicos. "Eles dividem o mesmo apartamento em Brasília", afirma um dirigente de uma entidade contratada pelo MTE para oferecer cursos de qualificação profissional. O Correio tentou ouvir Brizola Neto, mas ele não retornou as ligações. A reportagem não conseguiu localizar o assessor parlamentar para comentar a proximidade com o parlamentar. (Correio Braziliense)

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