quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dilma manda CGU investigar Delta. Precisa?

         

            Dirceu Ayres


PLANALTO QUER QUE A CORREGEDORIA GERAL DA UNIÃO, DO MINISTRO JORGE HAGE, APURE SE A DELTA FRAUDOU OBRAS DO PAC; EMPREITEIRA É DE FERNANDO CAVENDISH, AQUELE QUE FALOU QUE, COLOCANDO UNS R$ 30 MILHÕES NAS MÃOS DE POLÍTICO, CONSEGUE “COISA PRA CARAMBA”; EM CASO MENOS GRAVE, OUTRA EMPREITEIRA FOI BANIDA O Palácio do Planalto quer se vacinar antes da CPI sobre as atividades do bicheiro Carlos Cachoeira, que parece ser inevitável. Na principal nota do Painel da Folha de S. Paulo desta segunda-feira, assinada pela jornalista Vera Magalhães, informa-se que o governo federal busca um atestado para se certificar de que a Delta, maior beneficiária do Programa de Aceleração do Crescimento, não fraudou as obras do PAC. Eis o que diz a nota, intitulada “Vacina”: “Às vésperas da instalação da CPI para investigar a ligação do empresário de jogos Carlinhos Cachoeira com políticos, o Palácio do Planalto determinou que técnicos dos ministérios e da Controladoria-Geral da União façam um pente-fino em todos os contratos firmados com a Construtora Delta. A empresa é a principal recebedora de recursos da União, especialmente do Ministério dos Transportes, e teria abastecido o esquema de Cachoeira, segundo a Polícia Federal. A intenção do governo é tentar evitar ser surpreendido com a descoberta, já no curso da CPI, de eventuais irregularidades em obras do PAC.” Ainda no Painel, Vera Magalhães informa que, numa reunião com os ministros Aloizio Mercadante e Gleisi Hoffmann, Dilma teria dito que “CPI não é bom para ninguém.” O 247 é favorável à CPI (leia mais aqui). De qualquer maneira, o fato é que o governo se encontra numa sinuca de bico. Terá que mobilizar vários ministérios para provar que o empreiteiro Fernando Cavendish, o mesmo que disse que consegue “coisa pra caramba” colocando R$ 30 milhões nas mãos de um político (leia aqui), é uma pessoa idônea. Será mesmo necessário passar um pente-fino nos contratos da Delta para chegar a alguma conclusão? Relatórios do Ministério Público já apontaram irregularidades e superfaturamento nas obras de reforma do Maracanã e na ampliação do aeroporto de Guarulhos – nesta última, parte do teto desabou. Saia justa A saia justa é maior ainda para o ministro da CGU, Jorge Hage. Em 2007, quando outra empreiteira, a Gautama, foi alvo de uma operação da PF, bastaram três meses para que ele declarasse a empresa inidônea e a impedisse de participar de futuras concorrências públicas. A decisão foi tomada antes de qualquer julgamento e, em nota, Hage afirmou que a medida visava inibir a corrupção e futuras fraudes no PAC (leia mais aqui). Se Hage quiser ser minimamente coerente, terá que agir da mesma maneira em relação à Delta. O problema é que, para evitar que o PAC seja paralisado, o governo se mobiliza para tentar provar algo que, pela lógica, parece ser impossível.

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