Dirceu Ayres
Vejam esta frase, dita pelo relator da CPI, Odair Cunha, do PT de Minas Gerais, que investiga, além da contravenção, a corrupção em obras públicas: "Não há indícios para a quebra ampla, geral e irrestrita [de sigilos] da Delta e do [seu dono] Fernando Cavendish". Isto é uma bofetada na cara da sociedade brasileira. Há fotos escandalosas de Cavendish, dono da Delta, com Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, em festanças pagas com dinheiro público em Paris, sendo a construtora a maior fornecedora de obras daquele estado. Há ligações diretas entre a Delta e o esquema de Carlinhos Cachoeira, com remessas de dinheiro da matriz para as contas frias do bicheiro, o que vincula as duas cabeças criminosas sem dúvida alguma, segundo os peritos da Polícia Federal. Há uma venda suspeitíssima da construtora para uma empresa de outro ramo, onde o BNDES possui 30% do capital, feita da noite para o dia. Há um cancelamento de obras feitas pelo Governo Federal contratadas junto à construtora, o que só comprova as suspeitas de que, além de uma construtora, a Delta é uma organização criminosa, criada para lesar os cofres públicos. Há uma mensagem de SMS que escandalizou o país, enviada pelo PT de dentro da CPI, para o governador que poderia mudar o nome para Cabraldish. Lá dizia: "não se preocupe, você é nosso, nós somos teu". Isto é coisa de máfia! Especialmente porque o Brasil todo sabe que Cabral e Cavendish mantém um íntimo conluio que envolve altos contratos entre o Rio de Janeiro e a construtora, muitos deles suspeitíssimos, além de uma relação pessoal que é inaceitável até para os padrões éticos da Rússia! Há, finalmente, uma prova incontestável de que a Delta usou de meios sujos e corruptos para se transformar na maior construtora do PAC, o maior programa de obras do Governo Federal. Aliás, frise-se que esta construtora já havia sido pega em falcatruas que envolvem desde superfaturamento na reforma do Maracanã, passando por uma rodovia em Pernambuco e sempre presente nas inomináveis operações tapa-buraco do DNIT. Como todas estas motivações, evidências e indícios, o PT, que relata a CPI, quer impedir a quebra de sigilo total da construtora e do seu dono. Por que esta proteção, esta blindagem, esta defesa exacerbada de um empresário que está envolvido em maracutaias? O que o PT tem a esconder do país? O que o PT quer varrer para debaixo do tapete? Existem petistas ganhando dinheiro, festas e benesses como aquele governador safado, bêbado e covarde que aparece em mensagens de SMS e em fotos chocantes pelo seu baixo nível e pela sua falta de decoro? O PT, no Mensalão, já comprovou que convive com uma poderosa organização criminosa que age nas suas entranhas. O PT, nesta CPI, apenas comprova e escancara diante das câmeras que esta organização criminosa ficou ainda mais forte, ao ponto de, como uma máfia, proteger descaradamente elementos e estruturas que atacam os cofres públicos. O PT, que sempre quis investigação, agora quer sigilo. A frase do deputado petista, ex-líder do governo na Câmara, tendo em vista os fatos nojentos que o partido protagoniza na CPI, pode ser traduzido assim: “não se preocupe, se nós, do PT, ficarmos com o nosso, você, do PMDB, pode ficar com o seu".
Nenhum comentário:
Postar um comentário