quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Acusado de intermediar repasse do mensalão a Lula ainda recebe do PT


         
      Dirceu Ayres

Apontado pelo publicitário Marcos Valério como intermediário para o repasse de dinheiro do mensalão para pagamento de despesas pessoais do ex-presidente Lula, Freud Godoy continua recebendo pagamentos do PT. Até o ano passado, a empresa dele, a Caso Sistemas de Seguranças, recebeu mais de R$ 1 milhão do fundo partidário da sigla.  Fachada da empresa Caso Tecnologia em Segurança, dirigida pelo ex-assessor Freud Godoy, em Santo André  Além disso, ela é contratada do gabinete do deputado Ricardo Berzoini (SP), ex-presidente do PT, do qual recebeu R$ 138 mil da Câmara, da verba indenizatória. Fundada em junho de 2003, poucos meses depois de Lula assumir a Presidência, a Caso está atualmente em nome da mulher de Freud, Simone Godoy. Ele deixou formalmente a sociedade em 2009, mas continua atuando como seu diretor. O PT paga mensalmente cerca de R$ 26 mil à empresa. A Folha teve acesso a notas fiscais anexadas pelo PT na prestação de contas do partido de 2011 referente a "serviço de vigilância". As notas variam de R$ 26.813,00 a R$ 32.408,00. A prestação mostra que os pagamentos ocorrem desde 2008. Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo", Valério afirmou que, em 2003, foram feitos dois repasses para Lula, por meio da empresa de Freud. À TV Globo Freud negou ter recebido de Valério e ter pago despesas de Lula. Disse também que processaria o empresário. Ele recusou pedidos de entrevista da Folha. Um funcionário atendeu telefonemas na empresa e informou que são cerca de 70 funcionários. Entre os clientes estão sindicatos. Assessor da Presidência durante o primeiro mandato de Lula, Freud era apontado como seu "faz-tudo" e coordenou a segurança de quatro campanhas presidenciais do petista. A empresa dele também trabalhou na campanha de Dilma Rousseff. O valor cobrado: R$ 2.880. Já os pagamentos mensais do gabinete de Berzoini à empresa variam de R$ 3.000 a R$ 4.500 e estão registrados na Câmara sob a rubrica "serviço de segurança prestado por empresa especializada". A relação de Freud Godoy e o deputado Ricardo Berzoini é antiga. Em 2006, Freud foi implicado na história dos aloprados, quando petistas teriam negociado um dossiê contra adversários tucanos. Ex-presidente do PT, Berzoini confirmou, na época, a existência de 32 ligações entre telefones de seu comitê de campanha em São Paulo e a Caso Sistema de Segurança. Mas Berzoini negou qualquer vínculo com a compra do dossiê por R$ 1,7 milhão. Berzoini disse contratar a Caso para prestar segurança em seu escritório político em São Paulo, sem dar detalhes. O PT não atendeu ao pedido de entrevista da Folha. FERNANDO MELLO ANDREZA MATAIS RUBENS VALENTE DE BRASÍLIA

Nenhum comentário:

Postar um comentário