Dirceu Ayres
Alto Comando do Exército reforça esquema de
segurança a Joaquim Barbosa, após duas ameaças O Alto Comando do Exército
ratificou ontem que continuará sendo o principal responsável pela segurança
pessoal do presidente do Supremo Tribunal Federal. A cúpula militar ainda
determinou um reforço no esquema que protege Joaquim Barbosa, depois de
detectar pelo menos duas ameaças, nas últimas 48 horas, ao ministro que relatou
o processo do Mensalão. Além de escolta, Barbosa agora contará também com
vigilância inteligente durante a noite. A ordem oficial de reforço veio às 14
horas 52 minutos de sábado. O documento reservado foi providencialmente
assinado pelo General José Elito, membro do Alto Comando do EB e ministro-chefe
do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Além das
ameaças detectadas pela inteligência militar, o reforço foi justificado por um
estranho fato burocrático ocorrido na sexta-feira. Na hora em que Barbosa se
preparava para encerrar o expediente no STF, veio uma suposta ordem do
Ministério da Defesa para que o pessoal militar que fazia a segurança de
Barbosa fosse substituído. A nova orientação seria que Barbosa, após o
julgamento do Mensalão, voltaria a contar com a proteção de agentes do
Judiciário ou da Polícia Federal. Acontece que os servidores da Agência
Brasileira de Inteligência, a serviço do GSI e do EB, resolveram não cumprir a
estranha ordem, já que não tinham recebido qualquer comunicado oficial sobre a
troca. Joaquim Barbosa foi para sua residência oficial vigiado por duas
diferentes equipes de escolta. Avesso à segurança pessoal, Barbosa reclamou do
excesso de pessoal militar com o qual já estava habituado a conviver. Ontem, o
conflito de atuação foi desfeito. O General Elito, pessoalmente, reafirmou que
só o Alto Comando do Exército ficará responsável por ordens acerca do esquema
especial de segurança a Joaquim Barbosa. O serviço continua a ser executado por
agentes de inteligência e oficiais do EB. O esquema funciona no Rio de Janeiro,
neste final e começo de semana, onde Barbosa passa o Natal e responde pelo
plantão de recesso do Supremo Tribunal Federal. No Ministério da Defesa,
estranhamente, ninguém assume de onde veio a ordem para alterar a segurança de
Barbosa. Nas entrelinhas, no meio militar, interpreta-se que foi dado mais um
sutil recado do Alto Comando do Exército ao governo e, por extensão, ao Partido
dos Trabalhadores – cujos dirigentes, publicamente, vêm hostilizando Barbosa e
fazendo críticas ácidas ao Poder Judiciário. Ao que se sabe até agora, a
Presidente Dilma Rousseff apenas tomou conhecimento da pequena confusão, mas
não teria interferido no conflito entre a EB-Defesa-GSI, mesmo sendo a
comandante-em-chefe das Forças Armadas. Não chegou a se configurar uma “crise
militar”. Mas a cúpula do EB reafirmou sua independência para tomar decisões
que considere de interesse estratégico para a segurança nacional ou para o
pleno funcionamento das instituições democráticas. Se os petistas souberem ler,
este pingo de decisão dos Generais é uma letra maiúscula de que não se aceitará
um desrespeito às regras institucionais e constitucionais.O recado do EB foi direto: PTralhada, parem de falar e fazer
besteiras contra o frágil regime democrático no Brasil. Vindo dos Pampas.
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