sábado, 23 de fevereiro de 2013

A BÉLA DESCONHECIDA




          Dirceu Ayres

Olhei aquela imagem alongada e bela, o bastante para hipnotizar uma pessoa menos avisada. Com o corpo escultural a se retorcer como uma cobra, cabelos escorridos, castanhos claros! Cabelos que davam sentidos diferentes ao seu rostinho angular, muito formoso e ilustrado por um diferente par de olhos semiamendoados e brilhantes. Tal feição parecia ter vindo do oriente místico de mulheres sexy como se tivesse o rosto escondido em um véu de purificação e consumo interno. Olhos que não diziam nada e pediam tudo. Parecia uma dessas jovens que confundem liberdade com licenciosidade, civilização com modernidade mistura tudo com amor e pecado, pureza com fé. Tentei contratá-la, falei com voz aveludada e calma com muito cuidado para não assustar ou causar alguma desconfiança, quer trabalhar para mim? Não... Quero fazer com que você passe comigo algumas horas dulcíssimas praticando o bem Divino do “crecei e multiplicaivos”; como recusar, mesmo que fosse o Diabo travestido de uma bela mulher? Fácil capitular diante de tal assertiva, o conflito que se impõe à alma, subjuga até o bom senso e a ardência do corpo pede amor, amor e amor, sem preços, sem barreiras, custe o que custar. A mulher parecia um BISCUÍ de adôrno que além de enlouquecer os homens, enfeitaria a casa, o quarto e até as cabeças. Melhor parar e pensar. Depois de uma experiência dessas, as fronteiras da realidade se diluem; quem é quem ou contra quem devemos investir nossa raiva ou condenar por sentir tais desejos. Depois dessa experiência espontaneamente confessada como se fosse à melhor expressão de ingenuidade concedida e mal disfarçada, tomamos banho, nos vestimos e fomos embora, cada um para seu lugar. Agora, depois de vários dias, verifiquei que aquilo que pensava ser mais uma aventura descobri para minha tristeza, que estou sentindo muita saudade da desconhecida de cabelos castanhos e ou cor de mel. Não conhecia nada da moça e nem sabía onde morava, sabía que lá fora, nas esquinas da vida, as pessoas continuavam tendo preconceito contra o que acabávamos de fazer e que por força de alguma razão, teimo em não aceitar. O que havíamos feito naquele dia foi cheio de muito amor e ternura. Acredito que as pessoas são felizes quando são livres para amar sem convenções arcaicas e superadas, para que possa viver sem fronteiras e sem censura. Meu instinto me dizia: Crie coragem, inicie seus casos amorosos e conclua tendo prazer naquilo que está fazendo sem prejudicar a você nem a outrem. Lembrei-me de um trecho do verso de um poeta PERSA... (hoje—o IRAN)
“Aproveita a existência fugás
Se morreres, não más,
Nunca mais voltarás”.
(Omar Khayyám)
É meu amigo, vou continuar sempre que possível quando encontrando uma desconhecida em meu caminho, tentarei viver a vida como eu conheço e que sempre me fez tanto bem. Não deixarei passar aquela oportunidade que poderá ser a única, pelo menos com aquela pessoa, as oportunidades não se sucedem com tantas facilidades nem com tanta freqüência. Assim sendo, mesmo não encontrando uma mulher espetacular tipo –Biscuí- vou me contentar com uma simplesmente mulher. Sendo carinhosa e sabendo amar já é pedir muito a Deus, mas se ela for... É tudo que eu ando desejando desde que A DESCONHECIDA foi embora, eu jurei que nunca mais faria exigência com nenhuma mulher a não ser com relação a higiene, pois estando limpinha e perfumada...É outra coisa.

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