sexta-feira, 29 de abril de 2011

ANJO DA GUARDA.

                                                      Dirceu Ayres
 numa bela manhã do dia 25 de Maio de 1938 nascia eu, eu mesmo às 11 horas e uns quebrados. (pela manhã) Um bebê gordo e saudável, pernas grossas, olhos claros e pele branca. Aí está se tem de acontecer, segundo a lei de Murphy, acontece, às vezes da pior maneira, más acontece. Anos depois de ter nascido, minha mãe resolveu entrar numa onda esotérica ou Espírita e comprou um livro de anjos cabalísticos, que dizia que cada anjo tinha ou correspondia a cada dia do ano, mês, semana, era guia de alguma pessoa ou algo assim. Toda animada para descobrir quem era o meu anjo e de quem ou a quem pertence o tal Anjo - uma coisa meio “fuxico com os Deuses” ou "fuxico celestial". - Então, qual é meu anjo? Perguntei.- Deixa-me ver.. 25 de Maio... 25 de Maio... Ué, Deus meu, não tem anjo, disse ela. - Como assim não tem anjo? - Tá escrito aqui. "Quem nasce 25 de Maio não tem anjo específico nenhum". - Que esculhambação é essa minha mãe? Isso é sacanagem. Esse livro diz que tem um anjo pra cada dia, da semana ou do mês, eu quero meu anjo! - Mas o que eu posso fazer? Diz aqui que você é quem escolhe o seu própio anjo! - Bom, pra isso não precisava comprar o livro né?. Mas é verdade. Eu nasci numa data "mística", (25=7) no famoso mês das noivas, mês de Maria e depois saber que não há anjo da guarda, anjo do dia, anjo do mês ou anjo celestial Aliás, segundo as descrições esotéricas, não vou precisar de Anjo; eu sou uma "divindade Kharmática" (o meu ego sempre soube disso). O que, aliás, pode explicar muito desse Kharma que eu tenho... Senão vejamos. Logo depois que eu nasci, com pouco mais de dois anos, ganhei um concurso de beleza como o menino mais bonito do ano. Aí também ganhei um monte de doenças, incluindo perebas na cabeça, vacinas que me derrubavam de febre e outras coisas mais, por fim... A Paralisia Infantil. Que prêmio!. (Lei de Murphy-talvez) Pronto, só comecei a andar quando tinha cerca de oito anos de idade, começa também o meu martírio. Os meninos da rua me chamavam de toda sorte de apelido, alguns jocosos, outros engraçados e até os que enraiveciam como seja: Pé de alicate, Papagaio na areia quente, Perna mole e mais uns poucos dois mil quatrocentos e cinqüenta apelidos. Tinha de me acostumar, pois, não podia brigar com todos os meninos da rua. E já que tinha a fama de ser bom caráter, estudioso e inteligente e eles precisavam de mim para ajudar nos deveres de casa passados pela professora, conseguia sempre tirar por menos e às vezes íamos ao Cine Ideal ou Rex em turma. E quando podíamos ver algum filme no CINEARTE que depois virou CINE SÃO LUIZ (mais caro), aí queríamos até arranjar namorada. Procurávamos fingir educação, discrição e mostrar que sabíamos ser cavalheiro, isso, até voltarmos para casa. Aí começava tudo outra vez. Bem só apelando para o Anjo da guarda. Por isso tinha que ter um Anjo acompanhando ou algum outro de plantão para ajudar ou o pau comia. Viram, tem de ter Anjo da guarda e eu vou procurar o meu, tenho de encontrá-lo é minha salvação.

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