sábado, 23 de abril de 2011

Sobre o silêncio.

                                                    Dirceu Ayres
Açúcar ou sal? Agridoce? Talvez a vida seja apenas isso. Uma sucessão de momentos alegres e tristes, doce e amargo, talvez até azedo, más eu sinta apenas a solidão. O que estava pensando causou descompasso no meu coração. Quase arrancou de mim um pedaço do músculo bomba tão precioso. Nesse ano, ele foi marcado pela “delicadeza”, cirurgias que amassam o pobre músculo, substituem algumas artérias fazem à chamada ponte de safena e a lembrança de um amor perdido que magoou muito não desapareceu. Era pra ser exatamente como foi: simples, sem necessidade de maiores explicação. Sabendo do meu amor achou melhor sumir sem nada dizer e só. Aprendi que as geografias íntimas não se descrevem ou decoram... Fica na mesma pessoa colocada na ponta dos dedos, ou em outra extremidade, más, em silêncio. Esse texto não é sobre as doenças, sobre as viagens pelo Mundo afora. Talvez isso nunca apareça escrito aqui... O que mais importa agora é claro e singelo, como o teu olhar no meu; a nossa vontade de tudo e quando a cansado, a vontade de nada. Na viagem de volta, (do imaginário) difícil viajar no astral!, Fico sempre pensando como é não ter os carinhos ou o beijo-de-boa-noite e a carícia-da-manhã-cedinho... E talvez aí eu tenha sentido em plenitude o acontecido: a ausência é o que menos importa. A memória da pele atravessou os tecidos, os músculos e agora corre no sangue, misturada a hemoglobina, com lucidez e a insensatez.(os dois lados da moeda). Ainda não aprendi a falar esse idioma tão estranho do amor vida e o desamor arte, mas viajei por um idioma híbrido nos últimos dois dias com a doce e meiga fada de meus sonhos. O último mês um amigo me fez aprender outras coisas... Talvez a semente da generosidade, talvez o aroma sempre perfumado da atenção, do afeto dedicado. À tarde no dia do meu aniversário me fez sentir de novo vontade de compartilhar silêncios necessários. Sentir a voz do silêncio, muito embora digam que existe barulho no silêncio. Falar com um amigo, ao telefone e outro pessoalmente, me fez voltar de um transe. Ajudou-me numa possível volta à realidade se isso é mesmo um sonho, com certeza vou me assustar com a realidade. Talvez tudo isso tenha a ver com alguma mulher ou ainda com as constantes decepções (porque será que cobro-tanto-sempre-tudo?)... Tem a ver com o belo filme no Cinema, o filme que me roubou lágrimas solitárias de exílio na sala escura...Com certeza se relaciona diretamente com a passagem do tempo, dos novos sons e movimentos. Más, com também o silêncio me atordoa, São bem prováveis que seja irmão da solidão e isso também me assusta, não gosto da famigerada solidão. Más de qualquer maneira a calma acompanhada de um som de flauta, violino ou Piano bem suave, é tranqüilizador, calmante e muito gostoso.

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