sábado, 23 de abril de 2011

O MINISTRO QUE PENSA QUE É DEUS

                                            Dirceu Ayres               
                                      Permita-me tomar seu tempo com uma nulidade. De início, eu me justifico porque tal nulidade ocupa um dos mais altos cargos da república brasileira: ministro do supremo tribunal federal. A entrevista que o mais novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, concedeu ao G1 demonstra em cada frase, em todas as declarações, um primarismo constrangedor vindo de alguém que ocupa tal cargo, portador de um currículo que parece indicar capacidade, conhecimento e saber. “Sobre feto anencéfalo (sic), eu li um artigo e até guardei”. Assim o ministro esclarece sua posição e seu julgamento sobre este tema. Sobre o assassino de Realengo (RJ), a excelência assim se manifestou: "É um sujeito que não podia estar solto nunca. Tinha que ter uma medida restritiva de liberdade. Será que ninguém viu isso? Porque não acharam antes isso? Esse homem não tinha um pendor para aquilo? Será que ninguém teve oportunidade de denunciar isso?". Tal declaração demonstra que o ministro diagnosticou, julgou e condenou o indivíduo e ainda se arvora em psiquiatra ao perguntar sobre o “pendor” (que palavra horrível!) do assassino. Ao mesmo tempo demonstra sua falta de conhecimento sobre as políticas públicas relacionadas aos supostos portadores de doença mental. Estas políticas orientam para uma tal de “socialização” destes indivíduos, independente do perigo que possam eventualmente representar para si e para a sociedade. E isto no STF. Que ministro bem preparado, hein? “Todo mundo sabe que o desarmamento é fundamental”. Estas são palavras do ministro sem explicar de onde adveio sua autoridade para fazer tal afirmação. Na posição que ocupa, não poderia jamais fazer tal generalização. Qual será a fonte em que ele se apoia para proclamar tal afirmação, quando a maioria dos brasileiros optou justamente pelo contrário do que este senhor afirma?  Ele justifica a afirmação anterior, com este absurdo: “Eu acho que o povo votou errado”. Como se vê este homem se considera o próprio Deus, que conhece o certo e o errado e, na posição de ministro do STF já decidiu que ele está certo e o povo, errado.  Culminando o monte de absurdos e demonstrando o quanto respeita a Constituição, o magistrado (?) afirma que “tem que ter (sic) uma maneira de entrar na casa das pessoas para desarmar a população”. Este indivíduo é ministro do Supremo Tribunal Federal. Foi escolhido pelo presidente da república e aprovado, por unanimidade, pela Comissão de Constituição e Justiça do senado. É gente assim que garante o cumprimento da Constituição neste país? Saramar Abril 15, 2011

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