sexta-feira, 13 de maio de 2011

O MENTIROSO

       Dirceu Ayres
Conheço um determinado cidadão, personagem interessante e de difícil compreensão. Para analisar sua personalida, acredito que teríamos que ter mais experiência e capacidade, pois aquela figura extravagante que além de vestir mal, calçar mal e até no falar é um verdadeiro desastre é furão e penetra em todas as reuniões, aniversárias e festas. Como se tudo isso não bastasse, um tremendo mentiroso. O pior de encontrá-lo não é somente ter que tolerar aquela figura de uma brancura doentia que parece ter sido parido por alguma lesma branca, anêmica e doente, dá sempre a impressão que sua pele não produz Melanina bastante para mantê-la saudável e com sua cor normal. Portador de mau hálito, pernas tortas, anda como papagaio na areia quente, cambaleante, a tombar pela rua andar trôpego carregando seu corpanzil, gordo, balofo, olhos vesgos, fedendo a cigarro e bebida barata, precisando de um demorado banho. Que fazer para não ter que encontrar esse infeliz personagem em nosso caminho?Um outro dia sem poder evitar, encontramos com o infeliz MENTIROSO. Más que depressa, para não perder a oportunidade, o referido Senhor, nos contou que sua única tia havia morrido e ele estava com dificuldade de arranjar algumas CARPIDEIRAS e não estava conseguindo... Logo no CEARÀ! Pensei comigo mesmo, em todos os lugares de FORTALEZA a única coisa difícil de NÃO encontrar é mesmo CARPIDEIRAS, existe aos montes, prontas para “prantear” alguém em sua desdita. Qualquer um que lhe pague os honorários merecidos as trabalhadoras da morte, estarão prontas para chorar a noite toda por qualquer defunto mesmo sem conhecê-lo. E eu como conheço nosso personagem muito bem, desconfio que se haja mesmo uma tia morta, nosso amigo deve estar mesmo interessado em saber se a falecida deixou algum bem ou onde anda seus possuídos, (pertences), afinal ela era mesmo sua tia! Essa desdita acontecida na vida desse personagem tão estranha, desaprumado e sem harmonia de vida, me leva a pensar na estrofe de um poema do poeta da morte; Augusto dos Anjos
:
                         “Ser homem, escapar de ser aborto”,           
                           Sair de um ventre inchado que se anoja
Comprar vestidos pretos numa loja
E andar de luto pelo pai que é morto”.

E ainda ser mentiroso!!!

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