domingo, 8 de maio de 2011

SOB LULA, BRASIL ABRIU 79 REPRESENTAÇÕES NO EXTERIOR

            Dirceu Ayres
Em 8 anos, criaram-se 57 embaixadas e 22 consulados No governo FHC, o número fora cinco vezes menor: 16 Divulgação/Governo da Micronésia A herança que Lula deixou para Dilma Rousseff incluiu uma tarefa entre prosaica e insólita: incrementar as relações diplomáticas do Brasil com a Micronésia. Você talvez não saiba, mas o país existe. Acredite. É um arquipélago assentado na Oceania. Tem cerca de 700 km2. Trata-se de um paraíso. Banhado pelo pacífico oferece paisagens como a da foto lá do alto, tirada em Pohnpei, um dos quatro Estados Federados da Micronésia. Em 22 de dezembro, dez dias antes de deixar o governo, Lula baixou o decreto 7401, criando a embaixada brasileira em Palikir, capital da Micronésia. Funciona cumulativamente com a de Manila (Filipinas). Pela lógica, dois fatores determinam a instalação de representações no exterior: 1) o interesse econômico; 2) a presença de grande comunidade de brasileiros no país. A novíssima representação da Micronésia, por ilógica, foge aos padrões. Difícil achar brasileiros entre seus cerca de 110 mil habitantes. Dono de um PIB miúdo-pouco mais de US$ 200 milhões— o país tampouco oferece grandes perspectivas de parceria comercial. A força de trabalho da Micronésia soma 20 mil pessoas. Dedicam-se ao atendimento de turistas, à pesca e à agricultura (coco, banana, mandioca, batata doce e castanha). Essa foi a 79ª representação criada por Lula no estrangeiro –57 embaixadas e 22 consulados. Média de 10 por ano. Quase uma por mês. Sob FHC, o Itamaraty fora mais comedido. Nos oito anos da Era tucana, inauguraram-se 16 novas representações –12 embaixadas e quatro consulados. O expansionismo diplomático do Brasil de Lula pautou-se pela flexibilização ideológica e pelo desejo de obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. A maleabilidade política resultou em vexame. Abriram-se embaixadas em países. Notáveis pelo desrespeito aos direitos humanos e pelo desapreço aos valores democráticos. Entre eles, por exemplo, Guiné Equatorial, Sudão, Mianmar e, veja você, até a Coréia do Norte do companheiro-ditador Kim Jong-Il. Quanto ao sonho da cadeira permanente no principal conselho da ONU, resultou irrealizado a despeito da proliferação de novos parceiros diplomáticos. Restou o legado das quase oito dezenas de novas representações. Coisa para Dilma Rousseff administrar. A fúria inauguratória de Lula levou o Brasil a países pequenos e de relevância diplomática duvidosa. O grosso das novas embaixadas e consulados foi instalado em nações ex-comunistas, países africanos pobres e ilhas do Pacífico e do Caribe. Além dos neoparceiros já mencionados, a lista inclui: Albânia, Croácia, Azerbaijão, Casaquistão, Zâmbia, Tanzânia, Benin, Togo, Sri Lanka... Guiné, Botsuana, Congo, Dominica, Bahamas, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, Dominica e um interminável etc.. Antes de despertar para a abrir a Micronésia, Lula editou o decreto 7376. Datado de 1º de dezembro de 2010, criou a embaixada brasileira em Tarawa, capital do Kiribati. Neste caso, funciona cumulativamente com a de Wellington, na Nova Zelândia. Vinte dias antes, em 11 de novembro, o Kiribati havia sido pendurado nas manchetes em posição algo desesperadora. Pequeno arquipélago do Pacífico, o país anunciou ao mundo que pode ter de deslocar toda sua população-cerca de 100 mil pessoas— para outra localidade. Por quê? O aquecimento global faz com que o mar avance sobre o território de Kiribati, encobrindo-o aos poucos. “Para algumas comunidades, já é tarde demais. Não há como protegê-las”, disse o presidente de Kiribati, Andote Tong. Gestor de uma ilha vulcânica condenada ao desaparecimento, Tong guindou ao topo de suas prioridades a obtenção de terras onde possa acomodar seu povo. A representação de Kiribati foi ao bololô da política externa de Lula como uma espécie de cereja. Chama-se Samuel Pinheiro Guimarães o ideólogo da estratégia. Coisa implementada com o apoio do ex-chanceler Celso Amorim e sob aplausos do assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia. Samuel ocupou a secretária-geral do Itamaraty até 2009. Na fase final do governo Lula, chefiou a Secretaria de Assuntos Estratégicos. Os dados que recheiam essa notícia foram recolhidos nos arquivos do Senado. Cabe aos senadores aprovar a criação de novas embaixadas e consulados. Aprovou-se tudo o que Lula propôs.

Nenhum comentário:

Postar um comentário