sábado, 3 de setembro de 2011

A MUSICA E A BIOLOGIA-

                      Dirceu Ayres
Células tumorais expostas à "Quinta Sinfonia", de Beethoven, perderam tamanho ou morreram; Publicada em 29/03/2011 às 09h02m por Renato Grandelle RIO  Mesmo quem não costuma escutar música clássica já ouviu, numerosas vezes, o primeiro movimento da "Quinta Sinfonia" de Ludwig van Beethoven. O "pam-pam-pam-pam" que abre uma das mais famosas composições da História, descobriu-se agora, seria capaz de matar células tumorais - em testes de laboratório. Uma pesquisa do Programa de Oncobiologia da UFRJ expôs uma cultura de células MCF-7, ligadas ao câncer de mama, à meia hora da obra. Um em cada cinco delas morreu, numa experiência que abre um nova frente contra a doença, por meio de timbres e frequências. A estratégia, que parece estranha à primeira vista, busca encontrar formas mais eficientes e menos tóxicas de combater o câncer: em vez de radioterapia, um dia seria possível pensar no uso de frequências sonoras. O estudo inovou ao usar a musicoterapia fora do tratamento de distúrbios emocionais.- Esta terapia costuma ser adotada em doenças ligadas a problemas psicológicos, situações que envolvam um componente emocional. Mostramos que, além disso, a música produz um efeito direto sobre as células do nosso organismo - ressalta Márcia Capella, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, coordenadora do estudo. Clique aqui para ouvir a Quinta Sinfonia Como as MCF-7 duplicam-se a cada 30 horas, Márcia esperou dois dias entre a sessão musical e o teste dos seus efeitos. Neste prazo, 20% da amostragem morreu. Entre as células sobreviventes, muitas perderam tamanho e granulosidade. O resultado da pesquisa é enigmático até mesmo para Márcia. A composição "Atmosphères", do húngaro György Ligeti, provocou efeitos semelhantes àqueles registrados com Beethoven. Mas a "Sonata para 2 pianos em ré maior", de Wolfgang Amadeus Mozart, uma das mais populares em musicoterapia, não teve efeito. - Foi estranho, porque esta sonata provoca algo conhecido como o "efeito Mozart", um aumento temporário do raciocínio espaço-temporal - pondera a pesquisadora. - Mas ficamos felizes com o resultado. Acreditávamos que as sinfonias provocariam apenas alterações metabólicas, não a morte de células cancerígenas. "Atmosphères", diferentemente da "Quinta Sinfonia", é uma composição contemporânea, caracterizada pela ausência de uma linha melódica. Por que, então, duas músicas tão diferentes provocaram o mesmo efeito? Aliada a uma equipe que inclui um professor da Escola de Música Villa-Lobos, Márcia, agora, procura esta resposta dividindo as músicas em partes. Pode ser que o efeito tenha vindo não do conjunto da obra, mas especificamente de um ritmo, um timbre ou intensidade.Em abril, exposição a samba e funk Quando conseguir identificar o que matou as células, o passo seguinte será a construção de uma sequência sonora especial para o tratamento de tumores. O caminho até esta melodia passará por outros gêneros musicais. A partir do mês que vem, os pesquisadores testarão o efeito do samba e do funk sobre as células tumorais. - Ainda não sabemos que música e qual compositor vamos usar. A quantidade de combinações sonoras que podemos estudar é imensa - diz a pesquisadora. Outra via de pesquisa é investigar se as sinfonias provocaram outro tipo de efeito no organismo. Por enquanto, apenas células renais e tumorais foram expostas à música. Só no segundo grupo foi registrada alguma alteração. A pesquisa também possibilitou uma conclusão alheia às culturas de células. Como ficou provado que o efeito das músicas extrapola o componente emocional, é possível que haja uma diferença entre ouví-la com som ambiente ou fone de ouvido.- Os resultados parciais sugerem que, com o fone de ouvido, estamos nos beneficiando dos efeitos emocionais e desprezando as consequências diretas, como estas observadas com o experimento - revela Márcia. Segundo a Canadian Association for Music Therapy, "a Musicoterapia é a utilização da música para auxiliar a integração física, psicológica e emocional do indivíduo e para o tratamento de doenças ou deficiências. A natureza da musicoterapia enfatiza uma abordagem criativa no trabalho terapêutico, possibilitando uma abordagem humanista e viável que reconhece e desenvolve recursos internos geralmente reprimidos pelos clientes". Os instrumentos musicais e seus efeitos: PIANO - combate a depressão e a melancolia VIOLINO - combate a sensação de insegurança FLAUTA DOCE - combate nervosismo e ansiedade VIOLONCELO - incentiva a introspecção e a sobriedade DE SOPRO - inspiram coragem e impulsividade. Para combater a depressão e o medo excessivo: - Sonho de Amor, de Liszt - Serenata, de Schubert - Guilherme Tell (Abertura), de Rossini - Noturno Opus 48, de Chopin - Chacona, de Bach. O ideal é uma sessão diária de meia hora pela manhã. Para combater insônia, tensão e nervosismo: - Canção da Primavera, de Mendelssohn - Sonata ao Luar, de Beethoven (Primeiro Movimento) - Valsa nº15 em Lá Bemol, de Brahmms - Sonho de Amor, de Liszt - Movimentos Musicais nº3, de Schubert. Depois de ouvir as peças indicadas, escolha a que deu melhores resultados e escute-a diariamente, antes de dormir. No ínicio, os efeitos são leves. É preciso um pouco de paciência e persistência para notar progressos. Durante a gravidez e para facilitar o parto: - Concerto para violino, Opus 87B, de Sibelius. - Sonata Opus 56, de Haydn - As quatro Estações, de Vivaldi - Concerto Tríplice, de Beethoven - Concerto para violino, de Brahmms - Concerto para violino, de Tchaikovsky. Ouvidas alternadamente, por perídos durante a gravidez e nos dias que precedem ao parto, estas peças geram bem-estar e contribuem para o nascimento de crianças tranquilas. Para melhor estimular a memória: - Concerto em Dó Maior para bandolim, corda e clavicórdia, de Vivaldi - Largo do Concerto em Dó maior para Clavicórdia, BMW 976, de Bach - Spectrum Suíte, Confort Zone e Starbone Suíte, de Stephen Halpern. Fazer sessões de 1 hora, pela manhã, ao acordar. Alterne cada peça, a cada dia. Para favorecer a interiorização e a meditação: - Concerto nº2 para Piano, de Rachmaninov (último movimento)- Concerto em Lá menor para piano, de Grieg (primeiro movimento) - Concerto nº1 para piano, de Tchaikovsky (primeiro movimento) Ouvir qualquer peça durante 10 minutos antes da meditação. É importante enfatizar que a música não é um curativo eficaz em si mesmo, mas que seus efeitos terapêuticos resultam de uma aplicação profissional durante um processo terapêutico.

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