sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2012: sem força nas capitais, PT "peita" partidos da base.

                              DIRCEU AYRES
Do Rio Grande do Sul até o Rio de Janeiro, o PT não elegerá nenhum prefeito de capital. Porto Alegre reelege PDT ou emplaca PCdoB. Florianópolis reelege PMDB ou, remotamente, pode eleger PSD. Curitiba pode reeleger PSB, mas tudo indica que o prefeito será do PDT. São Paulo, se os tucanos acordarem, ficará com um candidato da aliança PSD-PSDB. Rio de Janeiro reelege PMDB disparado. E vai assim Brasil a fora. Por isso, a matéria abaixo da Folha de São Paulo é pura balela petista. Ao mesmo tempo que espera a recuperação e a volta do ex-presidente Lula às articulações para montagem dos palanques municipais, o PT vai começar 2012 pressionando aliados a apoiar candidatos da legenda nas principais capitais. O aperto começa por São Paulo, onde a eleição do ministro Fernando Haddad é considerada prioritária. De acordo com o presidente do PT-SP, o deputado estadual Edinho Silva, o partido pensa que uma possível vitória na capital muda a correlação de forças em todo o Estado e é fundamental para a reeleição da Dilma em 2014. Em São Paulo, a pressão recairá principalmente sobre PC do B e PMDB, que lançaram Netinho de Paula e Gabriel Chalita, respectivamente. O PT também pretende cobrar uma posição do PSB, que, embora esteja nacionalmente na aliança de Dilma, fechou compromisso com o PSD do prefeito Gilberto Kassab de apoio mútuo em 2012. Para a cúpula do PT, o acordo com Kassab é a maior demonstração, até aqui, de que o presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos (PE), pensa seriamente em um projeto político descolado do PT em 2014. O PT espera também reforçar seu palanque em outras capitais consideradas fundamentais, como Goiânia e Fortaleza, que governa hoje e onde está perto de obter apoio dos aliados federais. O problema começa quando chega na hora da contrapartida. O PC do B já admite internamente apoiar Haddad, mas gostaria de contar com o PT em cidades como Aracaju -onde tem a prefeitura- e Porto Alegre, onde lançou a deputada Manuela D'Ávila. Na capital gaúcha, o PT já lançou seu candidato, Adão Villaverde, e em Sergipe, a despeito da aliança histórica entre os dois partidos, ensaia fazer o mesmo. É justamente nesse ponto que Lula -em tratamento contra tumor na laringe- pode atuar a partir de março, esperam alguns petistas. Antes do diagnóstico do câncer, no fim de outubro, o ex-presidente conseguiu convencer o PT a abrir mão da cabeça de chapa no Rio de Janeiro para apoiar a reeleição de Eduardo Paes (PMDB). A doença o surpreendeu antes de repetir a fórmula em outras capitais, como Porto Alegre. O PT já indicou o deputado estadual Adão Villaverde, mas Lula deve insistir em acordo pela reeleição de José Fortunati (PDT). Em Belo Horizonte, Lula pregava o apoio à reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB), sem o PSDB na chapa. Os tucanos se anteciparam, e o PT agora enfrenta um motim do diretório mineiro contra a manutenção da aliança. O ex-presidente planeja apoiar o ex-tucano Gustavo Fruet (PDT) em Curitiba, também contra a vontade de parte da militância petista. Em Florianópólis (SC), a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) tenta costurar acordo com o PMDB do prefeito Dario Berger. A intenção é quebrar a aliança histórica do PMDB catarinense com forças de oposição ao PT, como o PSDB e o PSD.O presidente nacional da legenda, Rui Falcão (SP), estima em 14 as capitais nas quais o PT já tem candidatos próprios, mas admitiu problemas a serem resolvidos. Entre os casos críticos está Recife. Lá, o atual prefeito, João da Costa, e o antecessor, João Paulo, ambos do PT, se enfrentam numa guerra que se arrasta desde 2009. Com isso, aliados locais ameaçam voo próprio. O ministro Fernando Bezerra (Integração) e o senador Armando Monteiro (PTB) ensaiam se lançar na disputa. Principal aliado federal, o PMDB até agora não conta com nenhuma deferência especial do PT, além do Rio. O sinal inverso -PMDB apoiando candidatos do PT- também não ocorre.

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