sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Para editor do Clarín.com, ocupação da Cablevisión foi 'manobra política'

                       

       Dirceu Ayres

Segundo Sérgio Danishewsky, ordem de ocupação visa beneficiar grupo de comunicação concorrente Christina Stephano de Queiroz, do estadão.com. br BUENOS AIRES - A ocupação, por cerca de 50 militares, da sede do canal de TV por assinatura Cablevisión, que pertence ao grupo Clarín, na manhã desta terça-feira, 20, foi uma "manobra política". A opinião é de Sérgio Danishewsky, editor-chefe do Clarín.com, a versão na internet do jornal. Em entrevista exclusiva ao estadão.com. br, Danishewsky disse que as razões da ação ainda não estão claras. Diego Diaz/'Clarín' Policiais militares argentinos revistam pessoas na sede da Cablevisión: 'manobra política' Militares argentinos invadem empresa do grupo Clarín, diz jornal Mas, segundo ele, a medida teria sido motivada por uma denúncia do segundo maior grupo de comunicação da Argentina, o Vila-Manzano. "É uma companhia que, à medida que cresceu, se aproximou do governo e se distanciou cada vez mais do (grupo) Clarín. Antes não tínhamos uma relação ruim e agora há uma relação péssima", diz. A Cablevisión não possui jurisdição na província de Mendonza, cidade sede do grupo Vila-Manzano. Ainda de acordo com Danishewsky, a ordem de ocupação foi dada por um juíz de Mendonza que já havia favorecido o grupo concorrente antes, quando suspendeu uma decisão do governo que obrigava os grupos de comunicação a só possuírem uma empresa em cada setor jornalístico. "Não está claro que documentação os militares buscavam. O que sim está claro é que a Cablevisión era um alvo do governo nacional. Por isso, qualquer outro grupo de comunicação que tome alguma ação contra a empresa receberá apoio", acredita. Para Danishewsky, o evento desta terça deve ser incluído entre uma série de "ações concretas" que foram tomadas contra o grupo Clarín nos últimos anos, como o bloqueio dos Sindicatos dos Caminhoneiros à saída de edições do Clarín, a anulação da licença de operação da Fibertel, provedora de serviços de internet do grupo Clarín e a operação organizada pela FIP (Administração Federal de Ingressos Públicos), quando 300 inspetores estiveram na sede do jornal para solicitar documentação. "Essas medidas ou são impulsionadas ou são toleradas pelo governo argentino", assegura. Papel jornal A ação é mais um episódio na escalada das disputas entre o governo e as empresas de comunicação que publicam os jornais Clarín e La Nación, por causa do fornecimento de papel-jornal. O governo usa sua participação acionária na Papel Prensa, única fornecedora de papel-jornal do país, para tentar dominar a oposição do Clarín e do La Nación, maiores jornais do país. Danishewsky lembra que, nesta semana, o governo tentará aprovar uma lei no congresso que muda a repartição do papel jornal no país. Na Argentina, há uma empresa mista, que pertence a dois jornais (El Clarín e La Nación) e o Estado e que é a única a produzir papel-jornal na Argentina. "O governo quer ser o dono dessa empresa e não mais ter somente uma participação", diz. Interferência De acordo com o editor-chefe do Clarín.com, quando o governo declarou a nulidade da Fibertel, causou um impacto negativo na população. "As pessoas sentiram como se o governo tivesse entrado nas suas casas e vetado o uso da internet", opina. Segundo ele, a medida desta terça também deve ser rechaçada pela população, pois "ao interferir na Cablevisión, o governo interfere na vida cotidiana das pessoas".Ele menciona, ainda, o número incomum de militares envolvidos na ação desta terça. Isso, segundo ele, "deixou claro que há uma intencionalidade política na medida". Além disso, ele destaca o fato de que o canal oficial do país acompanhou os militares, sendo o único meio de comunicação a cobrir o evento enquanto ele ocorria. Os militares permaneceram por três horas na sede da Cablevisión que, conforme informações do editor funcionam normalmente. estadão.com. br

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