quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A nêmesis do PT


                                       

          Dirceu Ayres

Hoje recomeça a novela sobre o tucano José Serra ser ou não ser candidato a prefeito de São Paulo. Do outro lado da cerca, uma parte da cúpula do PT difunde um raciocínio fantasioso sobre Serra ser o melhor adversário na disputa de outubro. Balela. Esse cenário só seria bom para os petistas se fosse possível prever o futuro e ter certeza de uma derrota de Serra. O tucano ficaria quase liquidado para tentar se lançar ao Planalto em 2014. Seria também um revés enorme para a oposição. Ocorre que eleições são bichos de comportamento imprevisível. Ninguém hoje arrisca com muita segurança um prognóstico para a sucessão de Gilberto Kassab no comando da maior cidade do país. O cenário oposto ao desejado pelo PT, com Serra sendo candidato e vencendo, robusteceria a oposição. Se ocorrer, significará que a alta popularidade do lulo-petismo ainda não fincou raízes definitivas entre os eleitores paulistanos mais conservadores, moderados e alguns órfãos renitentes do malufismo. Se vencer, Serra teria, por óbvio, dificuldade de sair novamente da Prefeitura de São Paulo para se candidatar a outro cargo em 2014. Em contrapartida, ele se firmaria como protagonista para conduzir outros processos eleitorais pelo país na condição de líder do PSDB. Muitos já tentaram encarnar o papel, mas só Serra continua sendo a nêmesis do PT. Sua entrada na disputa paulistana mais atrapalha do que ajuda os planos hegemônicos de Lula e de seu partido. Já a ausência de Serra facilita a vida do atual grupo no poder federal, que cobiça como nunca entrar em São Paulo. Não é uma decisão fácil para o tucano. Ele está entre duas possibilidades principais, ambas arriscadas. Uma é priorizar seu antigo projeto de um dia ser presidente. O outro caminho seria cumprir uma missão para tentar segurar as pontas dos combalidos partidos de oposição. FOLHA DE SÃO PAULO - 22/02/2012 Fernando Rodrigues -BRASÍLIA

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