sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

SOLIPSISMO

Solidão “pari-passo” me acompanha,
Pega força, é cruel e destrutiva
Muita força voraz e imperativa,
No correr dos dias, força ganha.

Minha pessoa que outrora era altiva,
Com coragem de encarar o mundo;
Hoje que sou quase um moribundo
Tenho de engolir só o gosto da saliva.    

Caprichoso o Destino quer que eu viva
Debruçado em suas teias como aranha,
Abre fenestra no cérebro que ele assanha
Mesmo assim deseja que eu sobreviva.

Que o odor funesto e tão imundo
Poderoso cérebro que manda em tudo,
Sabe tudo do mundo e do submundo;
Seja seu vassalo, senil e nauseabundo.

Esse orgulho nasceu em noite escura
E é filho da horrível ignorância,
Quando se desce um corpo á sepultura,
Uma derrama de vermes lhe acomete
E seu corpo que não é mais uma figura
Vai causar uma grande repugnância.

Sentimento de amargura, esse apego
Que se cria ou nasce por alguém,
Não se pode dedicar a mais ninguém
Bem difícil ter amigos, tenho medo.
O solipsismo que agora me consome,
A amizade que requer conexão
Que com ela já não tenho ligação
Já não sou viril, já não sou homem.

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