segunda-feira, 2 de maio de 2011

Vice-versa..

                                                   
                 Dirceu Ayres
A vida é toda ao contrário, sempre digo que também é cíclica mesmo. A Mara sempre me disse que deveríamos nos apegar a um texto e lê-lo de cabo a rabo, revirá-lo até descobrirmos sua essência, assim também é a vida se é que existe alguma lógica nisso, se é que existe um fim digno, uma vida que se preze. Tem texto que não tem alma e este infeliz texto pode ser mais um deles. E daí? O que realmente importa é o que sentimos quando lemos um texto, e isso aprendi desde pequeno, quando meu pai conversava comigo nas poucas horas que ele tinha de folga. Sua casa era uma casa simples, humilde, mais cheia de carinho e compreensão, minha Mãe que eu sempre achei uma mulher super inteligente, poderia dizer...Paranormal. Meu pai era um grande homem e me ensinou grandes coisas, até que uma grande doença derrubá-lo, como em qualquer grande história impressa em papel barato, com capa mole e tudo. Se algo não faz sentido aparente, procure no óbvio. E quando Mara se aproximou de mim na frente da casa, casa de interior, grande e com quintal, sorrindo e me mostrando a bela noite naquela parte do sertão, cheia de pontos coloridos e luzes de diferentes formas, contrastando com aquela claridade emanada das estrelas que eu deveria ter notado. Ela queria ser mais uma daquelas luzes. Não sei bem explicar, mas num momento de distração vi meus olhos apontados para alguma direção qualquer e logo em seguida lá estava a Mara, na minha imaginação ela era uma das estrelas que brilhava sobre a minha cabeça. Hoje, quando me lembro daquela noite em que a Mara me amou e depois sumiu, penso no que eu poderia ter feito de modo diferente, como aquela história poderia ter sido outra e não encontro solução, afinal não há máquina do tempo que solucione ou mude o que deve ser. O que tem que ser sempre será, mesmo que você consiga um salto quântico no tempo, certas coisas mudam sua ordem, seu sentido, mas o final será sempre o mesmo. Talvez aqui possa ser aplicada a lei de Murphy: “Se tem de acontecer, acontecerá da pior forma possível” Neste exato momento, enquanto escrevo estes rabiscos idiotas, me lembro do meu pai e suas sábias palavras: “Se quiser mudar alguma coisa, meu filho, não deixe nem que o processo comece...”. Ou: “Tudo leva mais tempo do que o tempo que temos disponível” Eis o grande truque, mesmo quando viramos tudo ao contrário, mesmo quando tentamos fazer tudo ao inverso, se o processo começou, não há como mudar. Vou Morrer ciente de que nessa vida tudo é um caminho sem volta e, ainda que você leia os parágrafos destes escritos ao contrário, ou mesmo de baixo para cima, o fim será o mesmo. A vida é toda ao contrário, mesmo. Lembrando Murphy poderia acrescentar: A beleza está à flor da pele, mas a feiúra vai até o osso!. Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto à explicação do manual.. Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível”. Lógico que o nome dela não é Mara, mas que me causou um dano desgraçado, há isso causou. E se eu pudesse faria exartamente o contrário de Murphy, aplicaria a lei de talião, que encerra a idéia de correspondência de correlação e semelhança entre o mal causado a alguém e o castigo imposto a quem o causou: “para tal crime, tal e qual pena”. Está no Direito hebraico (Êxodo, cap. 21, vers. 23/5): “o criminoso é punido taliter, ou seja, talmente, de maneira igual ao dano causado a outrem”.

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